ABORTO


Por favor, deixem-me falar.
Eu preciso pedir perdão!
Meu coração sangra demais...
O remorso me corrói.
Por favor, ajudem-me.
Eu estou sofrendo demais!
Me ajudem, por favor!
Usei a minha beleza física para destruir tanta gente...Por favor, meus filhos, desculpem!!!
Não os posso chamar assim, já que eu abortei a tantos, por tantas vezes, agindo com uma frieza incalculável...
Usem mais o coração nas atitudes que forem tomar.
Ouçam um pouco mais a consciência antes de tomarem determinadas atitudes.
Quanto tempo joguei fora, quando poderia estar dedicando-me a um aprendizado qualquer, por mais insignificante que fosse...
Não se prendam somente ao físico, não julguem pela aparência, não destratem àquele que não sabe dizer palavras bonitas.
Aprendam a ler os olhos do outro, conversando primeiro com o seu próprio olhar.
Só a prática pode melhorar a teoria.
Fiquem em paz.
Por favor, tenham mais atenção às suas vidas...





A CAPELA


Quando criança eu ia
Lá na capela rezá
Rezá pros anjinho
Pra mór deles nunca
Me abandoná

Aí, quando eu cresci
Quem abandonô eles fui eu
Fui ficando grande
Metido a valente
Brigando com tanta gente
Que nunca siqué conheci

E o tempo foi passando
A veíce foi chegando
E lá pra roça eu vortei
Fui visitá minha capela
Que na minha juventude
Era tão bela.

Tadinha da capelinha
No meio do mato ela tava
Abandonada que fazia dó
Aqueles meus anjinho
Que sempre me protegia
Tavam quebrados, abandonados.
Deitei naqueles degrau
E ali adormeci
Rezando, pedindo
Pros anjinho me garanti
Um pouco de paz, de amor
E assim, dormindo... pedindo...
Eu parti!

Curió


CAMINHOS


Quero ver novamente as flores florindo nos jardins.
Quero sentir novamente o vento roçar na minha pele e me fazer viajar por sonhos maravilhosos.
Quero ter, de novo, a oportunidade preciosa que deixei escapar por entre os dedos, como a água que corre livre e que é impossível de se estancar com pedras.
Quero ver a luz novamente a me guiar pelos campos, como num sonho de criança.
Quero tanta coisa, mas tão pouco posso agora...
Agora, só me resta a dor e o desalento de um dia não ter tentado querer as coisas que me foram dadas.
Não sei o que esperar agora se não reencontrar o caminho que há muito deixei para trás...
Que vocês sempre possam se orientar por sua luz interior.
Ela os guiará sempre para os caminhos em cujos trajetos as flores pendem e o vento sopra levemente.
Sigam.
Não esperem por outros caminhos que não os seus.
Alguém que se perdeu nos caminhos da vida.


Diva
DEPOIMENTO(4)


Saudades, saudades, daqueles que se foram.
Saudades daqueles que ainda estão na Terra mas que, de alguma forma, já não ligam para mim.
Saudades de meu amigo mais querido, que me acompanhava nas alegrias e nas tristezas.
Saudades da vida que deixei de levar quando ainda encarnado. Hoje não reclamo, só me desprezo porque minha vida poderia ter sido uma passagem mais amena, sem muitos rancores, sem muitas mágoas: Mas ela deixou um aprendizado de grande valia para meu interior.
Venho alertá-los: vivam o presente sempre acreditando que podem ser felizes, batendo a cara talvez, mas vivendo, aprendendo, tirando proveito, construindo sua felicidade.
Daqui onde estou, tenho a sensação que eu poderia ter sido mais realizado. São coisas que deixei de fazer e que hoje me entristecem. Não recuem jamais, sejam perseverantes, otimistas e busquem a paz interior dentro de vocês. Grato por esta oportunidade.


Um espírito aflito


CORPO


Queridos amigos que aqui vieram para uma palavra de conforto e alívio do coração.
Gostaria de ser claro e direto ao assunto de tamanho valor: "O CORPO"
Fui uma pessoa que só me preocupava com o corpo, e ele, quanto mais eu cuidava, mais adoecia.
Venho passar para vocês, o que demorei a assimilar.
Amigos, o corpo é a resposta da mente.
Sim, cuidamos do corpo e esquecemos de cuidar dos pensamentos errôneos. Analisem-se, façam uma retrospectiva e vejam o quanto foram pessimistas. Quantos pensamentos, idéias diabólicas, vieram a entristecer seu ser, sem motivos, apenas porque acharam, imaginaram, e aí buscaram os tranqüilizantes para depressões inúteis.
Quando buscarem, através de casas como esta ou qualquer lugar que traga conforto, não só escutem, mas assimilem em seu interior para, depois, aplicar para si mesmos.
Acreditem na capacidade de serem perfeitos, não deixem se martirizar pela mente doentia, que ela sim, poderá derrotá-los na caminhada da evolução.

Um amigo

DESCRENÇA TOTAL


Conquistas se fazem necessárias
Para provar o nosso valor:
Conquistas materiais,
Conquistas espirituais,
Oh! Deus
Quero acreditar em você
Com todo meu fervor!

Mas minha descrença é total.
.. Não sei mais como agir!
Por favor, meu Deus, me ajude,
Quero muito parar de fugir.

Fugir de crenças
Que considero doenças,
Mas se em nada acreditar
O que vou fazer?

Por favor, meu Deus,
Se o senhor existe
Me ajude!

Miranda

DESPEDIDA


Lenços diáfanos caem do céu
Sobre cada um, em seu porvir.
No chão vão caindo
Para amaciar o que está por vir.
Camada sobre camada,
Eles vão caindo ao chão.
Do primeiro ao derradeiro
Formam um tapete colorido,
De um colorido vivo, brilhante,
Que a cada instante de sua vida
Alegrará, amará e fará amar
A todos que se aproximarem.

Sei não estar sendo coerente
Desperdiçando palavras, em vão.
Mas no caminhar de minha vida
Foi isto que me tornei:
Um ser bem trapalhão.

Agora estou aprendendo
As minhas idéias concatenar
E assim, pouco a pouco,
Passo a passo,
Aprenderei a me comunicar.

Só me resta lhes agradecer
Por toda a paciência em me ouvir.
Está na hora, vou-me embora,
Finalmente entendi meu porvir.
Assim... tão de repente,
Que só me resta ficar contente
Por finalmente poder entender
Que não morri,
Apenas passei...
De uma vida de insanidades
Para uma outra
Onde, cheio de saudades
Por ter que a vocês deixar,
Despeço-me, agradecendo
E esperando, que muita paz
Deus possa lhes dar.

Agenor de Castro Guimarães


NA CURVA DO RIO


Na curva do rio uma casinha branca
Uma casinha branca na curva do rio
Tantas saudades sinto
Daquele lugar tão lindo
Onde passei minha infância a correr.

Na água límpida e clara
Passava minhas tardes a brincar
Quantas broncas levei
Por perder tempo e não estudar.

Minha mãe sempre dizia,
"Meu filho, muito cuidado"
E eu, um menino malcriado,
Nunca lhe dei maior atenção.

Qual não foi minha surpresa
Quando um dia,
Em meio a uma gostosa brincadeira,
Percebi estar preso
Naquela grande imensidão
De água que me cobria.

Tanta água eu engolia
Que acho desmaiei.
E aí, quando a tudo entendi,
Percebi e compreendi
Que havia partido...
Muito chorei, muito lutei, muito pedi
Mas aquele lugar
Não mais me pertencia.

Agora, já mais conformado,
Sinto-me lisonjeado
De vir até vocês contar
Que fui um grande moleque levado.
Um dia bonzinho
Outros tão malcriado.
Mas tudo isso ficou para trás
Todo meu riso, minha alegria
Minha felicidade...
Ficou naquela casinha na curva do rio.

José Pedro Bittencourt
(10 anos)


O MÉDICO ESPIRITUAL


Cataplasmas eram colocados nos ferimentos de meus pacientes.
Fazia como uma substância macerada; do sumo retirava o linimento para as dores.
Com minha prática, fui observando - eu era extremamente céptico e racional - que havia uma interação entre minhas mãos e o remédio, que ultrapassava os limites do momento, do tempo que vivíamos.
Fui em busca de respostas.
Pouco encontrei; mas mesmo assim, não deixei de observar. Percebia que a cada cura algo de sobrenatural ocorria ( Falo sobrenatural, porque esta era a palavra que ouvíamos comumente, para aquilo que não podíamos explicar e entender).
Parti solitário para a compreensão. Meu coração foi se abrindo e pude sentir a companheiros que se faziam presentes sempre que eu me envolvia com minhas dúvidas.
Meu ceticismo foi sendo quebrado e, em seu lugar, num primeiro momento, coloquei meus experimentos.
Ainda permanecia descrente quando meu trabalho veio mostrar-me os verdadeiros caminhos para a cura.
Sentia que aquele que possuía uma força interior maior, conseguia curar-se de tal forma, que meus conhecimentos não compreendiam.
Também sentia que outros, por maior vontade que possuíssem, não encontravam descanso em suas dores.
Pus-me a observar e então compreendi que uma outra faixa existia, além da terrena. Meus conhecimentos sobre a física eram precários diante desta nova percepção.
Abri mais uma vez meu coração e compreendi que a vida era eterna; compreendi que nossos pensamentos eram parcos e ainda precisavam ser mais elaborados; compreendi que eu possuía, na realidade, uma ganância de curar. Por quê? Porque caso não conseguisse, meu fracasso estaria ali, bem visível, todos poderiam julgá-lo.
Com minha ampliação do Universo, deixei de lado meu desejo e concebi a cena de uma outra forma. E quando assim compreendi, pude ser intuído e curar verdadeiramente.
Curar com mais entendimento do que era o sentido da jornada de cada um.
Hoje, encontro-me auxiliando os que aqui chegam com sensações ainda presas ao corpo físico. Auxilio-os na compreensão do desprendimento da matéria.
Continuo curando hoje, lado a lado com aqueles que me despertaram o entendimento.



RELATO DE UM FILHO


Quando eu nasci, meus pais me rodearam de fartura e amor. Nada me faltou. Os melhores colégios, as melhores roupas, o carro do ano, enfim, todas as portas estavam sempre abertas para mim.
Hoje, eu lamento os mimos que os meus me deram. Eles o fizeram por amor e não mediram as conseqüências de seus atos.
Hoje sou um homem reformulado.
Reformulado, porque sofri muito.
Acostumado a ter tudo, imaginei que aqui também teria o meu quinhão de futilidades.
Aprendi com a dor.
Quando a lição não é aprendida bem, a dor é inevitável.
Vim para deixar essa minha pequena narração como fonte de inspiração a tantos pais que não medem a proporção dos seus atos.
Dêem amor, apenas amor, a seus filhos. Os bens materiais são necessários, eu bem sei, mas o supérfluo não.
Boa Sorte!

Arthur


RESSURREIÇÃO


Quanto tempo!
Quanto tempo para descobrir que sempre estive errado.
Quanto tempo para perceber a verdade.
Quanto tempo para reconhecer que estava cego.
Cego, pois não enxergava o que estava claro à minha frente.
Passei a vida, desde a infância, acreditando nos dogmas, nas normas, nas leis que teimavam em me ensinar.
Busquei respostas, tive muitas perguntas, mas não ousei duvidar do que haviam me ensinado.
Cresci acreditando que tudo era verdade. Todos os conceitos e os preconceitos. Fui condicionado a pensar como queriam que eu pensasse.
Agora, depois de muito tempo, descobri que estava errado.
Quanto tempo...
Pensei que nada existia além da morte.
Acreditava somente que Deus iria preparar-me e escolher-me para com Ele ficar. Acreditava que iria renascer, ou melhor, ressuscitar.
Quanta ilusão...
Agora sei que nunca morremos.
Estamos sempre vivos.
Todos são espíritos, encarnados ou desencarnados, mas espíritos.
Pais, não tentem fazer de seus filhos, robôs seguidores de seus conceitos e preconceitos; mostrem-lhes apenas o caminho da justiça, guiem-nos no caminho do amor, da caridade e da união. O restante eles já sabem, vocês já sabem, é só buscar em seus corações.

Um amigo

GENTE


Loirinha, loirinha eu sou.
Pequena, magrinha,
E cheiro como flor.
Meu banho é tomado nas águas das chuvas.
Minha roupa é folha, de tecido não poderia ser.
Meu alimento é o ar que me regula para que eu viva, sempre
perfeita, saudável e feliz.
Moreninha, moreninha, já fui.
Levada, sapeca, corria demais.
Me alimentava de tudo de bom que recebia.
Me alimentava no lago de amor de quem nunca me ignorou.
Fui sempre assim.
Mas agora não sou. Ou será que já fui?
Quem sou?
Loira, morena, preta, amarela.
Sou gente, que sente e sorri, que chora, que implora, que oferece e recorda.
Talvez isso seja o que sou.
Não me lamento do tempo mal usado, mas me entristeço por não ter amado quem muito me amou. Se puderem, só quero que me perdoem. Se não puderem não faz mal. Saberei esperar, como todos, até o dia em que eu possa abraçar quem sempre me abraçou.


Rita
SONHOS


Como um castelo de cartas
Que com uma simples lufada de vento
Se desfaz,
Assim são os nossos sonhos.
Sonhos de poder,
Sonhos de riqueza,
Sonhos de mandar em tudo, em todos.
Sonhos, altos sonhos...

E começamos nossa escalada
Rumo ao alto,
Rumo ao topo do mundo,
Rumo ao império do dinheiro,
Rumo ao império dos nossos sentidos.

E lá vamos nós...
Pisamos em muitos?
Pouco nos importa!
Massacramos a muitos?
Pouco nos importa!
O que importa, é chegarmos lá.

E, a cada passo que damos,
Muitos inimigos criamos,
Muitos amigos desprezamos
Por considerá-los inúteis
Aos nossos propósitos.
E lá vamos nós...
Rumo ao topo,
Rumo ao poder.

E lá chegamos nós...
Finalmente chegamos,
Finalmente conseguimos.
Mas conseguimos, o quê?...

E lá estamos nós...
Sozinhos em nossa torre de marfim.
Sozinhos em nosso pedestal.
Sozinhos... sozinhos... sozinhos...


Mas, afinal,
Não era isso o que queríamos?
Nosso sonho não foi realizado?
Então! Por que tanto amargor?

Você tanto lutou, tanto batalhou,
Para lá chegar, para lá estar.
Pois então, meu amigo,
Tudo o que está a lhe rodear
É o que deverá lhe bastar.

Queria o toque de Midas?
Pois então, aí o tem
Poderá se fartar.
Queria o poder?
Pois então, aí o tem
Ele Deverá lhe bastar.

Trocaria tudo por amigos?
Pois então,
Vai ter muito que trabalhar
Para quem sabe, um dia,
Talvez os reencontrar.
E, com humildade, com afeto,
Mas cheio de coragem,
Olhá-los nos olhos e dizer:
"Sim, eu errei!
A muitos de vocês pisei,
A muitos de vocês machuquei,
Mas agora,
No meio desta solidão,
Eu lhes peço, por favor, eu lhes peço,
Perdão!"


Mário Albuquerque de Barros Cintra
VOZ DA CONCIÊNCIA


Caminhando sem rumo, sem prumo,
Caminhando na solidão.
E os meus passos ecoam...
Ecoam no nada que me rodeia.
O silêncio machuca, fere,
Dilacera...
Mas o silêncio é abençoado,
Pois nos faz ouvir o eco
De nossos próprios pensamentos.
E essa voz, incessantemente, grita:
"Estás errado!"
"Estás errado!"
Tentamos calá-la com subornos,
Tentamos calá-la com remédios
Mas essa consciência, incansável,
Está sempre a nos sussurrar:
"Cuidado... cuidado..."
E o eco de nossos pensamentos
Ribomba por todo nosso ser.
Mas encontra, como resposta,
"O vazio..."
O vazio de uma mente louca,
Uma mente insana,
Que se recusa a ouvir
A voz da razão.
Que prefere escutar o som
De seus próprios passos
Ecoando no nada,
Ecoando na solidão...


Hermes



A GERAÇÃO DO AMANHÃ


É hoje, quando nos reunimos em torno dos amigos espirituais ligados à fraternidade com o próximo, que advirá uma nova relação com a vida. Quanta felicidade poder manifestar minha gratidão de vir ao encontro de amigos amorosos, com afetuosidade em seus sentimentos. Nesta oportunidade me encontro radiante diante da possibilidade de projetar meu eu espiritual junto ao plano carnal em que vos encontrais.

Sabeis que a necessidade de revitalizar nosso psicossoma, passa pelo projeto das reencarnações. Pois é, em decorrência da densidade da matéria, com o peso específico da sua massa atômica, que podemos extrair nossas potenciações energéticas que sustentarão amanhã, no plano etérico, nossas energias. Assim, a reencarnação dá para o ser espiritual as condições ideais para prosseguir em sua caminhada evolutiva.

Amigos, estou muito grato de estar convosco nesta reunião.



A MORTE E A PORTA


Quando descobrimos o sentido da morte, nos acalmamos. Ela se torna simplesmente uma porta que atravessamos para encontrar novas possibilidades. Por detrás dela há um lugar muito bom; é tranqüilo e bonito.
Agora, quando não compreendemos isto, tudo torna-se muito difícil. A própria passagem por ela é entravada. Sentimos dificuldade, sentimos dores profundas e muita tristeza e fragilidade.
Ao contrário, quando incorporamos, quando aprendemos a conhecê-la, vamos voando até ela. É como se voássemos, como se despertássemos de um sono e compreendêssemos o que ocorreu.
A dor é para aqueles que ficaram. Também eles, quando atingirem a compreensão, poderão tranqüilizar-se.
Saibam, as maiores dificuldades são decorrentes da vida terrena. Ela é muito gananciosa, muito material. Ela incita os sentimentos mais perversos e egoístas que habitam nosso ser. Romper as amarras é, porém, muito mais difícil.
Um belo dia, vivi esta sensação e gostaria de contar-lhes. Estive aqui para isto. Obrigado pela atenção.


A RIQUEZA


Boa noite a todos.
Vim aqui esta noite para tentar exprimir nestas poucas linhas, o que levei muito tempo para compreender.
Grata oportunidade!
Quando encarnado, era um homem muito rico, feliz (era o que eu pensava), pois tinha tudo o que um homem poderia sonhar — criados, serviçais, mulheres e dinheiro, muito dinheiro.
Passei a vida crendo que tudo me era permitido, pois era poderoso, forte.
Quando me era feita alguma solicitação de meus criados eu, o senhor dos senhores, era ríspido, grosseiro e nunca ajudei ninguém, pois achava que os que me serviam eram bem remunerados e não tinham direito de mais nada exigir.
Quão ignorante fui!
Aos 43 anos me vi doente e então percebi que meu egoísmo havia ditado meu destino. Desencarnei só, sem ninguém.
Levei muito tempo até perceber que eu mesmo fora culpado de todo o meu sofrimento.
Sim, foi-me dada a oportunidade de ser rico, de ter muito dinheiro e com ele poder dividir amor, caridade, esperança e paz.
Peço agora a chance de poder um dia voltar à Terra e resgatar estas dívidas. Poder ajudar aos que de mim se aproximarem, sem me sentir o senhor dos senhores. Que eu possa vir a ser apenas um homem simples, mas com riqueza de intenções.

Um pobre amigo


ARREPENDIMENTO

Quanto tempo meu Deus. Já faz muito tempo que parti, mas ainda me encontro ligado a tudo o que diz respeito a esse planeta.
Eu adorava viver, eu possuía tudo, mas tudo mesmo, que o dinheiro pode comprar. Como me sentia poderoso, como me sentia forte com o poder que o dinheiro me dava... Como dei vazão a todo e qualquer instinto, bom ou mau, que viesse à tona e eu tivesse vontade de colocar para fora...
Magoei a muitos e muitos que sei não me perdoam até hoje.
Como eu o sei? Porque a vários deles já encontrei por aqui e, ao estender-lhes a mão, a única coisa que obtive foi rancor, ódio, admoestações, frieza. E os que aí ainda se encontram, tenho certeza de que não guardam nenhuma boa lembrança minha.
Este é uma espécie de depoimento, um pouco tardio eu sei, de minha parte, para que servindo de exemplo, vocês não incorram nos mesmos erros que eu e, quando se arrependerem, já não tiverem tempo para mais nada, sequer para pedir perdão.
Tenham bastante lógica e discernimento em seus atos para não incorrerem nos mesmos defeitos que os meus e, quando forem procurar uma mão amiga, não encontrem nada, nem ninguém, para lhes apoiar.
Tenham fé, tenham bondade e acreditem no Pai acima de tudo, pois Ele será o único a lhes sustentar o ser, na hora da dor.

Marcos


CHANCES


Por quantas vezes te procurei
Vasculhando o espaço
Inexorável...
Por quantas vezes chamei teu nome
Com o coração aos prantos
Usando de todos os artifícios
Que pudesse lançar mão
Por quantas vezes mergulhei
No obscuro dos mundos
Procurando seguir teus passos
Tão incertos rumo a vida...
Te perdi todas as vezes
Pois que de mim te afastavas
Em tua imensa mágoa
Que já dura e perdura
Através do espaço
Perdão já lhe pedi
E perdi
As vezes que implorei
Por nova chance de amar
De afagar e suavizar
As marcas que te deixei
Mas tu não me ouves
Estas cega
Envolta em tua dor
Dentro desta carapaça
Que criastes como escudo
E que impede que eu
Consiga chegar onde estás
Para que em uma nova chance
Tu me permitas
Curar todas tuas feridas
E..
Despertar o teu perdão


CIRANDA


A vida é uma ciranda.
Vamos... Voltamos...
E não aprendemos jamais
A reparar nossos erros
A corrigir nossos desacertos.
Vivemos numa ciranda
Cada qual para um lado
Girando sem nunca parar
Para pensar, para agir, para falar
Palavras certas, palavras corretas.
Vamos caminhando
Jogando as ofensas, as desavenças
Pelos quatro cantos do mundo.
Qual vagabundos perdidos
Vagamos a esmo por essa vida
Que somente nos foi concedida
Com a promessa obtida
De sermos pessoas bondosas, amorosas
Mas quando na ciranda da vida entramos
Deixamo-nos levar e enlevar
Por puros prazeres terrestres.
Esquecemo-nos de todas as promessas
De todas as obrigações a cumprir
E sequer nos lembramos que um dia
Finalmente teremos que partir
Desta ciranda que gira
Gira sem parar.
E nós, levados de roldão,
Pela imensidão do mundo
Vamo-nos daqui embora
E quando do outro lado chegamos
Percebemos ter levado toda uma vida
Sem obter nenhuma melhora.

Caíque


CONVIVER

Muitos caminhos percorri, por muitos caminhos andei e hoje me encontro só, na solidão do mundo.
Não sei dizer o que me levou a isso, a esse vazio imenso que sinto dentro de mim.
Não sei dizer o porque do haver me afastado de tudo e de todos. Nunca fui um eremita na acepção da palavra mas, realmente, sempre preferi ficar mais sozinho.
Hoje, aqui onde me encontro, percebo que esse foi um grande erro de minha parte, pois não devemos nos afastar das pessoas.
Ao fazermos amigos, ao tratarmos cordialmente, mesmo que um desconhecido, poderemos trazer para nossa bagagem espiritual uma gama de aprendizados diferenciados que só enriquecem nosso espírito. Mas não, fechamo-nos em nosso pequeno e egoístico mundo e não deixamos que nada ou ninguém o adentre e, com isso, perdemos a chance de adquirir conhecimentos de vida e da vida, cada vez maiores.
Não vamos nos fechar a outras idéias e ideais. Sejamos puros, sejamos simples, sejamos tolerantes. Todos nós temos defeitos, não são só os outros, não. E mesmo que assim o fosse? Por acaso não teríamos nada a aprender com eles? Claro que teríamos. No mínimo aprenderíamos a não cometer os mesmos erros; no mínimo, teríamos uma lição de vida.
Não se fechem, não tranquem seus corações e suas mentes às influências externas. Somente peçam a Deus que os protejam para que saibam ter bastante discernimento sobre o que é certo e o que é errado e, a partir daí, tirem suas próprias e corretas conclusões para que possam viver em paz.
Deus os abençoe.

Adolfo


... DAQUELA QUE FOI RAINHA

A coroa que pesava em minha cabeça, hoje pesa em meu coração.
Coroa que ostentei com tanto orgulho, como se ela fosse o símbolo da minha pureza, da minha importância. Como se ela, um objeto de vil metal, pudesse me socorrer, me proteger; como se ela fosse o símbolo que diria a quem quer que de mim se aproximasse que eu era especial e que nada deveria me incomodar.
O que fiz desse ornamento, desse símbolo que significava, isso sim, a minha grande responsabilidade com o meu reino, com o meu povo, a quem deveria dirigir, ou melhor, orientar, acalmar, abastecer e socorrer?
O que fiz da grande missão que abracei e me julguei capaz de cumprir?
Quanta prepotência! Quanta ingenuidade!
Como um objeto pode representar tanto para quem é ignorante?
Retirada de minha realeza, quão pequena me senti!
Mas ainda assim, a bondade de Deus me mostrou que somente a vergonha da verdade conhecida não me faria crescer e tornar-me uma pessoa melhor. Assim hoje, mais humilde, procuro aprender os verdadeiros valores da alma, rogando ao Pai poder melhorar e retornar para consertar um pouquinho o tanto de erros que cometi.
Sei que esse dia chegará!
Muito obrigada

daquela que um dia se intitulou
Rainha


DEPOIMENTO (1)


Irmãos, há quanto tempo estou esperando uma oportunidade como esta.
Agradeço aos mentores que até aqui me trouxeram para poder me comunicar com vocês.
Quando desencarnei, não estava preparado para saber o procedimento correto para que meu espírito não sofresse tanto.
Por muito tempo fiquei vagando na crosta, sem poder conversar com ninguém. Como foi difícil para mim, chegar perto da minha família e ninguém conseguir me enxergar, meus filhos que tanto conversavam comigo não conseguiam me falar ou me enxergar, muitas vezes os vi chorarem a me chamar e eu ali, ao lado deles, em desespero querendo me comunicar, mas não conseguia. Sentia uma angustia tão grande, chorava em desespero, mas era tudo em vão. Quanto tempo assim fiquei perdido a me lamentar, muitas vezes a gritar; gritava tanto, tanto, até que prostrado em um canto eu ficava.
Um dia, prestando mais atenção na família do que em mim, pude perceber que eles por mim oravam. Fiquei muito atento tentando compreender o que eles oravam. Estavam a pedir que eu encontrasse Luz, que espíritos bondosos estivessem ao meu lado, que eu pudesse encontrar paz. Fiquei chocado com a calma que eles se dirigiam em meu nome, notei que não mais choravam a minha ausência, que eles já conseguiam trabalhar com serenidade, e eu mais aflito fiquei, porque achei que eles já haviam me esquecido. Chorei lágrimas ardentes e sem forças para resistir, comecei a pedir que alguém dali me tirasse. Muito tempo assim fiquei em completa desilusão até que cansado adormeci. Sonhei que ao meu lado estavam amigos que antes de mim haviam desencarnado e com grande carinho pediam que eu os acompanhasse. Pensando que sonhava, os acompanhei. Grande foi minha surpresa ao ver que eu não sonhava, apenas em transe me achava. Esses amigos me levaram a um lugar diferente, cheio de irmãos que como eu agitados se encontravam e com muita devoção deles cuidavam.
Depois de alguns dias em que nesse hospital me encontrava, aos poucos fui me acalmando e sempre com muito carinho e bondade esses companheiros ficaram ao meu lado. Hoje companheiros, pude até aqui chegar e, através destas linhas, agradecer a eles por me darem esta oportunidade de dizer a vocês que se preparem para o mundo espiritual, que compreendam que nós na Terra temos uma passagem muito pequena. O verdadeiro mundo é o mundo espiritual.
Preparem-se companheiros, aprendam a conhecer os seus defeitos para corrigi-los enquanto é tempo. Nossa missão na Terra nada mais é do que um eterno aprendizado, não deixem passar essa oportunidade que vocês estão tendo agora. Mais uma vez agradeço pela oportunidade de aqui estar e sobretudo a amizade desses companheiros que ainda estão ao meu lado a me ensinar os ensinamentos que deixei de aprender enquanto era encarnado.
Muita paz a todos!

Alberto


DEPOIMENTO (2)


Gostaria que me fosse permitido contar-lhes pessoalmente as agruras e desencantos que passei em minha vida, mas como isso não é possível, permitiram que eu escrevesse.
Sim, meus amigos, agruras, desencantos, dor... esta foi a vida que eu tive. Desencarnei por volta dos 35 anos, sem família, sem amigos, sem ninguém.
Claro que um dia, eu também tive uma família, afinal, quem não teve, todos a têm, mas nem todos a conservam e eu fui um desses que não soube dar o mínimo valor a seus pais e irmãos. Muito cedo fugi de casa com a idéia de percorrer o mundo, aquele mundo que eu achava ser tão fantástico, tão cheio de aventuras; eu sonhava com um mundo como aquele que eu via nos filmes do cinema. Quanto engano... Quanta ilusão...
A única coisa que consegui foi viver rodeado de pessoas de má índole, culpa minha, creio eu, pois acredito que se tivesse sido um pouco mais forte para resistir às tentações que surgiram em minha vida, nada do que aconteceu teria acontecido.
Mas eu cometia um erro após o outro e me consolava pensando : " é o destino, ninguém pode lutar contra o destino".
Roubei, furtei, me droguei, até que um dia, me vi caído num canto qualquer, de uma rua qualquer, qual um monte de lixo. Demorei para me dar conta do que havia acontecido, afinal eu via meu corpo ali jogado e eu ali em pé olhando. Como isso podia estar acontecendo ? Lembro que até pensei : " Ei cara! você precisa parar de tomar e fumar todas, senão você vai ficar doidinho".
Foi quando uma pessoa aproximou-se de mim e explicou-me o que estava acontecendo. Uma pessoa muito bondosa, muito meiga e que me disse que eu havia falecido. Lembro-me muito bem das palavras dela:
— Filho, não se assuste, mas você não pertence mais a este mundo que você está a olhar.
— Venha comigo, me acompanhe, não há mais necessidade de choro, sofrimento.
— Venha comigo, você vai recomeçar uma nova vida, uma vida de alegrias onde todo o mal causado a si e aos outros poderá ser redimido.
E eu a acompanhei. Fui para um lugar de muita paz, onde pude aprender muito e hoje, com a graça de Deus, aqui estou para fazer este pequeno desabafo e pedir a vocês que aí estão, que cuidem muito bem de vosso corpo, de vossa mente e de vossa alma, para que quando deixarem esse mundo, venham para este em que me encontro, repletos de amor, felicidade e com plena consciência do dever cumprido, o que infelizmente não é o meu caso, mas com a graça e permissão de Deus, um dia poderei me redimir.
Muito obrigado meus amigos pela paciência que tiveram para ouvir minha história. Que Deus ilumine a todos.

Moacir


DEPOIMENTO (3)


Será que alguém irá me ouvir?
Estou aqui e quero falar. Preciso de vocês e desta reunião para deixar meu depoimento. Quando encarnado, "muito" aproveitei da vida, só me preocupava com os bens materiais, embora não fosse totalmente, mas pouco fiz pelo meu crescimento espiritual. Desencarnei e durante um longo período fiquei apegado às pessoas e coisas que foram objeto do meu amor. Depois de muito sofrer, chegou-me o esclarecimento através dos amigos e só então aprendi que o tempo que passei encarnado desperdicei-o com coisas sem importância, que nada acrescentaram ao meu espírito. Por isso amigos, digo-lhes: não façam como eu, procurem aprimorar suas qualidades morais, auxiliar um irmão, praticar a caridade, apeguem-se sim, mas a esses bens. Só eles serão levados com vocês; os bens materiais de nada valem, a não ser para afastar-lhes do verdadeiro caminho.
Reflitam sobre isto e ouçam o conselho de um amigo que não quer vê-los passar pelo que já passou.
Fraternalmente,

Um irmão


DEPOIMENTO DE UM EX-DROGADO


Nos dias em que aqui vivi, corri...
Corri contra o tempo, corri contra as palavras, corri contra as experiências... Porque só o que me interessava era estar à frente de tudo e de todos.
Queria estar à frente dos amigos, queria estar à frente dos colegas, queria descobrir "tudo" antes dos outros. Queria sempre ser o portador das novidades e das grandes idéias.
Eu era "o popular" da turma. E a cada dia, até esse rótulo, tinha um peso cada vez maior e me obrigava a "correr" ainda mais.
Não podia deixar que a "minha turma" ficasse para trás em nada.
E a grande novidade do momento eram os "excitantes", aquelas drogas que nos deixavam "plenos", "eufóricos" , "senhores de si". E eu, mais do que depressa, levei "a novidade" para a turma.
Experimentamos! Gostamos! Nos sentimos o "máximo"! Nos iludimos! Nos prendemos! Nos perdemos! Nos matamos! E com que pressa fizemos isso!!!
Onde me levou tanta pressa de viver? É o que me pergunto até hoje!
Compreendi muito do que vivi aí e vivo aqui, mas confesso que ainda tenho muito o que compreender.
Talvez meu depoimento seja importante para "tocar" alguns, que como eu, têm tanta pressa e não acreditam que as consequências vêm e são amargas!
Posso lhes dizer que sim!
Desacelerem o desejo de estar à frente porque só conseguirão ficar para trás!
Um abraço,

Augusto


DEPOIMENTO MÉDICO


Saúde a todos.
Não estranhem meu cumprimento, fui médico enquanto aqui estive.
Hoje me encontro em um plano diferente deste, mas também praticando meus conhecimentos médicos.
Quando desencarnei, permaneci muito tempo confuso, num lugar muito ruim, isto por praticar alguns deslizes.
Como encarnados, sempre que nos surge uma oportunidade de ganharmos um dinheirinho a mais, esquecemos de nossa moral e lá vamos nós correr atrás de alguns.
Foi cometendo esses deslizes que passei por longos anos num ambiente funesto, escuro e úmido. Hoje, graças a ajuda de abnegados irmãos, estou em local limpo, tranquilo e já posso dizer que estou um pouquinho iluminado.
Estou grato de estar aqui hoje e peço a todos que lerem esta mensagem que não se deixem iludir por alguns trocados, não vale a pena. Não permitam que coisas tão mesquinhas deixem sua moral cair em níveis tão baixos. Sejam firmes no propósito de elevar-se. Não se influenciem por poucos trocados. Elevem sempre a moral.
Muita paz e muita energia a todos e, novamente, muita saúde.

Armando Nogueira


DESPERDÍCIO


Num lugar bem distante daqui, onde hoje vivo, já fui quem governou e sorriu.
Nesse mesmo lugar, um dia pude dizer "sou eu quem mando", e minhas ordens foram cumpridas.
Fui rico, feliz e majestoso, coberto por tecidos caros e cheio de jóias.
Fui rodeado de servos, mandando apenas, nunca tendo de pedir.
Neste lugar distante deixei apenas lembranças, porque não fui amado, nem respeitado, fui apenas temido.
Hoje, choro por não ter amado, nem me alegrado. Não entendi, não conquistei, não conheci.
Quero um dia, quando tudo estiver pronto e aprendido, voltar a este lugar para secar as lágrimas que não quis secar e nem mesmo ver.


ESQUECI DAS LÁGRIMAS


Quando eu pensava que na trilha da vitória, apenas correr seria chegar ao topo com rapidez, para que a idade tenra que eu possuía me fizesse aproveitar por mais tempo o alvo almejado, garantindo meu futuro glorioso, onde a coragem me levantaria sempre para que eu jamais voltasse, sequer um centímetro de pedaço, do percurso conquistado, eu me enganei.
Não me arrependo de ter corrido, mesmo usufruindo alguns anos apenas.
Não me arrependo de ter sido vaidoso, querendo, mais e mais, mostrar meu valor e minha força.
Não me arrependo de não voltar nunca, um pouco que fosse, para trás.
Mas sinto ter perdido o que de mais precioso eu tinha e não usufruí — minhas lágrimas.
Hoje, nascido da glória, das conquistas e da pressa, sou amargurado e infeliz.
Começo a caminhar novamente, andando simplesmente, e quero em cada passo, me proponho a isso, regar com meu coração, que sentirá muitas lutas vencidas e perdidas de outros irmãos, chorar, para que eu consiga simplesmente isso — viver.
Jorge Antônio Medeiros
desencarnado a 6 de julho / 1833
Capitão da Guarda Real Portuguesa


LIVRE !


Ninguém morre, ninguém some, ninguém vira pó!
O corpo envelhece, a carne apodrece e não nos deixam só.
Ficava mais só quando estava nesse mundo que não me pertencia, onde ninguém me entendia e ainda me tinham dó.
Me chamavam de louco, me tinham como louco, não me entendiam, tinham pena de mim.
Pena!!! Que sentimento mais pobre ter pena de alguém; eles não sabiam, mas quem tinha pena era eu, e o pior, pena deles... Tinha pena porque eles não mereciam nada, e pena se tem de quem não merece mais que isso.
Hoje sou livre! Só pensamento, só liberdade, só devoção. Graças a mim e graças a Deus hoje posso falar, expressar, sentir, amar, chorar... Estou livre, e nada melhor do que ser livre...
Claro que toda liberdade tem sua limitação, ninguém é verdadeiramente livre, hoje sou mais do que ontem e menos do que amanhã.
Ainda quero crescer, ainda quero aprender, tenho toda vida pela frente...
Vida!... isso é o que não me falta agora.


MINISTRO DE DEUS?


Ministro de Deus eu fui quando estava aí na terra. Muito lutei por tudo aquilo em que acreditava. Fazia minhas orações diárias, confessava, comungava, procurava não cometer os pecados capitais tais como a gula, a cobiça, a cólera; mas hoje sei não ter sido um homem caridoso. Hoje percebo que falar manso, não levantar o tom de voz, abençoar os fiéis, passar a vida fazendo o sinal da cruz, não nos leva a nada. Quando nossa vida finda e nos vemos deste outro lado, percebemos ter jogado fora uma oportunidade que tivemos de melhorar.
Ser bom não é jogar água benta na cabeça de ninguém; ser bom não é ouvir os pecados alheios e enganá-los com o nosso perdão fazendo-os crer que este é dado por uma força que está acima de nós.
Quando nos vamos percebemos que, bondade, caridade, fé, benevolência não é nos refugiarmos atrás de um púlpito, atrás de uma batina, dando-nos ares de homem santo e sem nada fazer para ajudar ao próximo.
Hoje, consciente de meus erros, tentarei, numa reencarnação que se encontra próxima, corrigi-los.
Só peço a Ele que me ajude (ainda não me sinto digno de pronunciar Seu nome) a ter forças para aqui voltar e consertar todos os erros que cometi.
Muito obrigado a todos por terem tido a paciência de me ouvir.


NÃO SOIS ÚNICO


Quantas vezes me vi e ainda me vejo parado no meio do caminho, perguntando-me que rumo tomar?
E quantas outras vezes me vi dizendo "perdi o rumo".
Por que será? Será que não soube escolher o melhor rumo a tomar? Ou será que no começo do caminho tinha eu um interesse e agora outro me anima?
Não sei!
Conto-lhes isso para que saibam que a estrada é longa e que nossa imperfeição torna o caminho ainda mais complicado. Assim, não se sintam únicos nessa angústia, nessa dúvida, porque não o são.
Elevem seus pensamentos a Deus, direcionem-se centrados no amor, na boa intenção, na conduta honesta, no desejo íntimo de fazer o melhor. Então o rumo será indicado e vocês o reconhecerão.
Fiquem em paz.

um irmão


NAVEGANDO...


Fui capitão. Assumi minha nau com altivez e sabedoria.
Sempre vestindo-me impecavelmente, achava que por detrás de minhas vestes, existia a força. Assim pensava e assim meus subordinados também.
Quando me desprendi da matéria, deparei-me com algo diferente. Minhas vestes já não me acompanhavam, meus botões que reluziam ao sol como se fossem poderosos, já não encontravam-se comigo. Aqueles a quem determinei afazeres e os fiz subjugados, também comigo não estavam.
Estranhei bastante, porém logo compreendi o que havia acontecido. A única luz que resplandecia era a do meu coração. E eu, em vida, fui incapaz de percebê-la. Hoje considero-me felizardo por a mim ser dada a dádiva de ainda fazê-la reluzir.
Alimento-a a todo momento, para que ela acompanhe-me eternamente.
Vou assim navegando, hoje sou senhor e súdito, e sinto-me mais completo.
Vou navegando...


PARA UMA MÃE ESPECIAL


Estou dormindo neste momento
Perdido num corpo morto
Que não me permite manifestar
Alegria ou tristeza
Dor ou sofrimento
Onde não sinto o alento
Da mão que me acaricia
Mas os meus olhos te buscam
E se perdem nos teus olhos
Neste momento tudo brilha
Conversamos e sorrimos
Eu te entendo, tu me entendes
Teu olhar no meu olhar
Tua alma e minha alma
Consolo, doação, perdão
Um abraço de coragem
Para continuar a viagem
Que eu me impus e que aceitaste
Com toda tua coragem
Que só é própria em poucas mães...
Eu te abençôo com os meus olhos
Te envolvo com o coração
E se pudesse mexer as mãos
Certamente a levantaria
E com carinhos retribuiria
A enorme oportunidade
Que através desta deformidade
Abençoada por teu amor
Me permite crescer e conhecer
O lado bom que devo ter
Mas que um dia vi se perder
No uso dos maus instintos.

Jairo Marcondes


TIMONEIROS DA VIDA


Navegando por mares de ilusão, vagando como um barco sem leme, percorri esse mundo de belezas infindas.
Por tantos momentos deixei-me ir embalado pelas ondas que me faziam adormecer e, adormecido, não via, não sentia, não agia.
Em outros momentos porém, tomava o leme nas mãos e dirigia o barco de minha vida com esperança de avistar porto seguro. Isso exigia concentração, disciplina, vontade, propósitos, que eu nem sempre encontrava no âmago de meus sentimentos. E novamente soltava o leme e deixava-me balançar ao sabor dos ventos. Até que um dia, o amanhecer me pegou acordado, lúcido e sereno. Pude então ver a força do sol, a vontade da natureza, um propósito em cada onda do mar. E o sol penetrou em meu ser, aquecendo-o, renovando-o, como um irmão que nos levanta e nos dá de comer com as próprias mãos.
Nesse dia, queridos amigos, eu encontrava a verdadeira rota, encontrava o verdadeiro oceano, que nos leva sem nos adormecer, que nos faz ficar atentos para não naufragarmos. Reconhecia o valor da vida na Terra e estava pronto para a ela retornar e retomar o leme do barco que havia perdido outrora.
Dirijam seus barcos e não desperdicem a oportunidade de aprender a navegar.


TRANSFORMAÇÃO


Boa Noite, amigos! Autorizado, venho através desta casa, expor um pouco da minha passagem nesta vida na terra, onde que passamos o tempo todo nos suicidando inconscientemente.
Quando aí estive, não soube aproveitar esta dádiva de viver no dia-a-dia do aprendizado, da luta. Não pude observar as coisas boas que me aconteciam a todo instante; as reclamações eram mais valorizadas, e eu era incapaz de observar o quanto estava aprendendo com as minhas "dores".
Observem o quanto estão aprendendo nesta vida que a todo instante mostra-lhes a realidade, da qual, a todo o momento fogem, da maneira mais sutil.
Não desanimem no primeiro instante, busquem ao invés do pessimismo, o otimismo, ao invés da discórdia, a harmonia; ao invés da covardia a coragem; ao invés da mágoa, a compreensão; ao invés do ódio, o amor; e transformando seu próprio eu, automaticamente surgirá a sabedoria do bem viver.
Um amigo, que não soube viver da melhor maneira possível


UMA MENSAGEM


Hoje vim aqui dar meu depoimento. Venho de um mundo próximo de vocês. O lugar de onde venho é muito bonito. Lá tem muita vida, plantas bonitas, flores, borboletas e pássaros. Eu trabalho e estudo; realizo tarefas de educação junto às crianças e estudo muito para aprimorar meu trabalho e para enriquecer meu espírito. Tenho muitos amigos, jovens como eu. Eles também são muito ocupados, mas sempre encontramos tempo para ouvir música ou passear.
Minha cidade tem belos recantos onde costumamos nos encontrar para admirar a beleza da natureza e o encanto do céu.
Vocês, desse plano, que correm tanto, parem um pouco, olhem à sua volta, apreciem a beleza do seu planeta, sintam a harmonia da natureza, detenham-se, respirem fundo, absorvam a energia do ar, não percam essa oportunidade do contato com as plantas, com a terra. Procurem dar-se, a cada dia, um tempo para esse contato mais próximo com a natureza. Eu não sabia disso quando estava nesse plano e perdi essa oportunidade, por isso, sugiro a vocês dedicarem parte de seu tempo, diariamente, a um exercício como esse. Verão como haverá menos estressados, menos angustiados, menos aflitos.
Sigam meu conselho e aproveitem o que a natureza lhes oferece.
Uma amiga de vocês.


A VIDA QUE LEVEI, A VIDA QUE ME LEVOU


Qual estrela fulgurante
A cair do céu
Como bólido errante,
Assim foi minha vida
De cavaleiro solitário
"E arrogante".

Minha vida primou pela arrogância,
Pelo desvario, pelo pouco caso
Por qualquer pessoa
Que de mim se aproximasse.
Os amigos? Ora, os amigos...
Quanto mais cruel eu me mostrasse
Mais eles riam à socapa
Do infeliz que eu maltratasse.

É engraçado como a vida vai passando,
A idade vai chegando,
As doenças de nós se aproximando
E, quando percebemos,
Estamos sós...

Os amigos? Ah! os amigos...
Com que galhardia,
Com que covardia,
O abandonam ao seu próprio destino.
E, quando velho e alquebrado,
Você se vê só
E clama por companhia,
Ninguém lhe tem dó.

E você se sente rejeitado, maltratado.
Percebe que a culpa é somente sua
E que agora, somente agora
Quando está só,
Levando uma vida tão vazia,
Se arrepende dos seus atos
E esquece que tais fatos,
Em sua mocidade,
Lhe pareciam de grande valia.

Hoje, arrependido,
Pede a Deus por mais uma chance
De poder partir, para repartir
Todos os ensinamentos que guardou
De uma vida que não soube levar
E que, por fim...
Ela o levou
Jesuíno Arruda Botelho



DEPOIMENTO DE UM ESPÍRITO SAUDOSO


Saudades, saudades, daqueles que se foram. Saudades daqueles que ainda estão na Terra mas que, de alguma forma, já não ligam para mim.
Saudades de meu amigo mais querido, que me acompanhava nas alegrias e nas tristezas.
Saudades da vida que deixei de levar quando ainda encarnado. Hoje não reclamo, só me desprezo porque minha vida poderia ter sido uma passagem mais amena, sem muitos rancores, sem muitas mágoas: Mas ela deixou um aprendizado de grande valia para meu interior.
Venho alertá-los: vivam o presente sempre acreditando que podem ser felizes, batendo a cara talvez, mas vivendo, aprendendo, tirando proveito, construindo sua felicidade.
Daqui onde estou, tenho a sensação que eu poderia ter sido mais realizado. São coisas que deixei de fazer e que hoje me entristecem. Não recuem jamais, sejam perseverantes, otimistas e busquem a paz interior dentro de vocês. Grato por esta oportunidade.

Um espírito aflito



O PRISIONEIRO DAS PALAVRAS


Ainda sinto-me preso. Criei minha prisão. Somos criadores de nossas próprias prisões. Prisioneiros de nossos atos, de nossas palavras, de nossos argumentos.
Fui um grande orador; sentia-me lisonjeado a cada discurso; sentia-me como se nas nuvens estivesse. Com todos os aparatos, vestia-me nas mais suntuosas vestes, asseava-me e subia ao púlpito. Ali, transformava-me. Apegava-me em minhas palavras, emitia-as como se fossem minha força, saindo de mim como se eu mesmo saísse de minhas entranhas. Sentia-me possuído por tamanha grandeza, que era como se meu corpo fosse desconectado de minhas palavras. Utilizava-as para defender muitas causas que eu sabia serem inglórias. Porém, a sensação de apresentar-me perante as pessoas e persuadí-las com meus argumentos, engrandecia meu ego e ele tomava formas monstruosas. Naqueles momentos, sentia-me apenas poderoso e queria sentir cada vez mais aquela sensação. Hoje, falando a vocês, vejo monstros horrendos.
Defendi causas com muito sucesso. Minhas palavras ganharam-nas. Muitas, eu sabia, não possuíam a veracidade, porém, sempre que a tal força se apoderava de mim, eu cedia aos seus encantos.
Hoje, ainda sinto resquícios do poder que se exerceu sobre mim. Procuro encontrar-me, porém, as palavras ainda me cercam.


CIRANDA DA VIDA


Na ciranda da vida
Me perdi,
Me recolhi,
E muito sofri.

Na ciranda da vida
Fui guardado, embalado,
Amado, maltratado,
Sem nunca conseguir entender
Por que levava a vida
Em vão...

Na ciranda da vida,
Desta vida que a ninguém perdoa,
Que a ninguém ajuda,
Que a ninguém estende a mão,
Fui engolido por desatinos
Que tomaram conta da minha razão.

Na ciranda louca da vida,
A minha grande meta
Era ganhar dinheiro de montão.

Na ciranda louca da vida,
Galguei, degrau por degrau,
A escada da minha ascensão.
Não me importava com nada,
Só queria saber
De muito dinheiro ganhar.

Na ciranda louca da vida,
Os degraus que galguei
Foram amigos e pessoas
A quem muito machuquei.
Fui golpeando-as, atropelando-as,
Só pensando no meu bem estar.

Hoje, sozinho me encontro,
Sem uma mão sequer
A me embalar.
E a única coisa que me resta
É andar, andar, andar...
Para, novamente,
Na ciranda da vida entrar.

Carlos Augusto Lopes


ACEITAÇÃO


Não posso externar minha tristeza, pois se o fizer estarei contribuindo para que ela cresça ainda mais. Estarei expondo a ferida do meu coração para a observação do mundo e para minha própria observação. Não posso externar minha revolta porque ela fará revoltosos à minha volta. Não posso externar meu desagrado porque exponho todo o meu egoísmo e minha prepotência. Não posso alimentar meus sentimentos que são, na sua maioria, sentimentos negativos.
O que posso então exteriorizar? A resposta vem rápida à mente: amor, carinho, alegria, luz, incentivos à união, à fraternidade, à melhoria do ambiente em que vivo. Então por que não faço isso?
Porque não acredito nisso tudo!
Porque no âmago de meu ser, lateja um sem número de sentimentos conflitantes e cobranças que se misturam e entram em ebulição.
Sou este ser em ebulição! Sou este ser contrastante! Sou esta "fervura" de emoções!
Preciso encarar-me sendo assim, compreender-me, aceitar-me assim, para só então propor-me à transformação, porque nada se resolve sem ser conhecido, nada se desmistifica sem ser encarado e nada se conhece sem ser experimentado.

Boa sorte à nós todos


É ASSIM QUE SEMPRE ACONTECE


De repente, um adormecimento, uma espécie de torpor toma conta de cada um de nós. E tudo à nossa volta se desfaz numa espécie de nuvem. Adormecemos e não sabemos por quanto tempo. Até que, ao acordarmos, estamos nos braços de uma mulher. É a maravilha do nascimento! Estamos mais uma vez no mundo das formas grosseiras, com uma nova máquina cerebral e, por isso, sem registro algum, esquecidos do que um dia fomos. Mas o que já fomos ficou registrado nas camadas mais profundas de nós mesmos e, quando necessário, vem à tona para ajudar-nos ou destruir-nos, dependendo da direção em que seguimos. E virá pela intuição.
E começamos a viver.
É assim que sempre acontece.
Ah! mundo! Com seus encantos, seus desafios, seus convites... E lá vamos nós, mar a dentro, a navegar pelas águas bravias dos sentidos, das emoções, das metas, principalmente das metas, pois logo somos ensinados que ser o primeiro em tudo é o que importa, que ser o segundo em qualquer coisa, é ser nada. É quando nasce o orgulho, ou melhor, renasce. E se, nas nossas linhas carmáticas estiver o poder, a posse, aí sim, que este orgulho assenta seus alicerces, fundo.
E saímos a destruir: escravizamos pessoas, destruímos causas, jogamos ao chão valores de vida, como se nada importasse, a não ser vencer, e vencer. E, fora isso, repito: nada importa. Mas o relógio biológico não perdoa e mais e mais nos aproximamos do fim, o que nos apavora. Pois é terrível para aquele que viveu assim, pensar que existe um Deus, maior que ele, que é uma criatura criada.
Ah! queridos irmãos, perdoem-me se coloquei toda esta narrativa no plural. Mas saibam que, se fiz isto, é com o objetivo de alertá-los para mudarem agora, de imediato, a direção de suas vidas, se tal direcionamento tem sido como este, pois este foi o meu, em vida passada.
Minha estátua, tão orgulhosa, ainda está lá, na rua que levou meu nome. E os meus empregados? Quantos deles hoje resplandecem luz, enquanto eu quase me arrasto.
Meu túmulo é soberbo, grandioso, a guardar meus restos. Mas nenhum daqueles a quem amei, e que hoje levam meu nome, agora lembram de mim. E falo dos encarnados e dos desencarnados.
Amigos, amigas, irmãos, lutem pela vida, pois a vida é luta. Mas que tuas armas sejam: o estudo, a perseverança, o trabalho, e que isto tudo venha acompanhado da certeza que somos a criatura criada, que segue a vontade Daquele que pode tudo.
Ah! o quanto eu quero que cada um jamais tenha o que eu um dia tive.
Agora os deixo sem mais conseguir falar, tamanha a minha emoção...


PREPARO


Quando me preparava para voltar em minha última encarnação, sabia que nasceria numa condição melhor da que tive. Na anterior não fui um exímio desenhista, nem mesmo um grande médico, mas ensinei muitas pessoas a somar e multiplicar, também um pouco de fração e até de geometria.
Dessa vez, sabia que continuaria nesse mesmo campo, mas já com um pouco mais de preparo para poder passar meus conhecimentos novos.
Estudei muito, me preparei, enfrentei tudo para terminar uma faculdade e, assim, já conseguiria ser um pouquinho melhor no que iria fazer.
Mas me preocupava muito em ensinar mais aos alunos o que se referia à somar e multiplicar.
Mas, como não se foge à lei de nascer e partir, voltei. E, mais uma vez, passei pelo crivo da recordação e me decepcionei pois, mais uma vez, perdi a oportunidade de mostrar que diminuir dividindo, é tão ou mais importante do que todo o resto que procurei ensinar.
Não sei se vou voltar mas, se puder, se me permitirem, passarei a verdadeira importância de algo chamado inteligência.

Um amigo


SABER


Ah! como eu queria voltar à terra
Ter outra oportunidade
Mas enquanto ela não chega
Por aqui eu vou ficando
Aprendendo muitas coisas
Pra não cometer mais erros
Pra não causar mais problemas
Pois quando aqui eu cheguei
Foi grande a minha decepção
Achei que sabia tudo
E tudo o que eu sabia
Pra mim não valia muito
Por isso agora, eu me preparo
Quem sabe mais consciente
Das coisas que a gente aprende
Não vale somente pra gente
É luz que Deus distribui
Pra repartir pra muita gente.


DESABAFO (1)


Já faz tanto tempo...
Quanto desencanto
Por essa vida vivida,
Por essa vida morrida,
Por essa vida amada,
Essa vida destratada...

Já faz tanto tempo...
A quantos conheci,
A quantos desconheci,
Nestes anos que nasci,
Que vivi, que morri.

Já faz tanto tempo...
Sinto saudades?
Não sei!
Quero voltar?
Não sei!
Quero somente acalentar
O sonho de, um dia,
Poder ser feliz!

Martha


NOSSOS CARROS


Era uma máquina fantástica.
Seu desenho era totalmente preparado para prender o olhar dos rapazes que já começavam a sentir o gosto pelo domínio, pelo controle da vida em três pedais e um círculo, que permitia se dirigissem para qualquer direção.
Foi assim que eu, um jovem que tinha puras fantasias, fiz uso de um dos muitos automóveis que pude ter.
Não sei se posso ajudar com essa pequena escrita, não sei se alguns jovens poderão ter acesso a essa leitura, mas quem puder, leia com muita atenção.
Um carro deve ser um simples veículo, quatro rodas que podem nos levar à vários lugares, e não a um só, como quando se faz de um automóvel, o passaporte para a morte.

Rubens


SEMPRE EM NOME DE ALGUMA COISA


Em nome da pressa, dirigimos nossos automóveis feito bólidos, sem respeitar nada ou ninguém, como se só nós importássemos conosco, como se o universo só existisse por nossa causa.
Em nome da pressa, vivemos nesse mundo que caminha louco, fazendo homens parecerem máquinas, exigindo deles modelos impossíveis de serem seguidos. E, acusando a pressa, semeamos a desesperança.
Ainda em nome dessa mesma pressa, queremos transformar nossos filhos, nem bem adolescentes, em homens já feitos, como se a natureza não andasse, mas corresse aos saltos. Em seguida, queremos fazer deles amigos, para depois nos queixarmos de termos ao nosso lado seres dissimulados, quando não, alheios a nós.
Ah! o que não fazemos em nome da pressa...
Ainda é em nome dessa mesma pressa, que nos alimentamos mal, sem respeitar horário ou silêncio, nem mesmo o da alma. E nos envenenamos com a pobreza do que comemos, alimentos desvitalizados e envenenados pela industrialização.
Ah! o quanto nos destruímos em nome da pressa...
Também, em nome da pressa, matamos amores. Nós, espíritos femininos, perdemos a mística, a beleza, a pureza que irradia daqueles que nada sabem. E, sem mais esses encantos, matamos a todos os poetas, pois já não encontram mais as suas musas, mas apenas corpos. E lá se vai de vez o poema, a prosa, para dar lugar à letra que mata ao falar somente do erotismo, da sensualidade que mostra apenas corpos. Belos corpos a espalhar a confusão dos sentidos e o desequilíbrio.
Ah! o quanto nos degradamos em nome da pressa...
Em nome desta mesma pressa esqueci-me, eu, Maria Dolores, da responsabilidade que tinha, pelo equilíbrio daquele que Deus me dera como esposo. E deixei-o jogar-se nos braços de outra... de mais outra... e mais outra. E hoje, aqui, desesperada, tento libertá-lo do Umbral, onde meu amor está aprisionado nos braços daqueles seus amores de momentos.
Sim, eu, na pressa da minha pressa, fui mais uma nota dissonante na pauta da vida daquele que caminhava rápido para libertar-se de todas as amarras dos sentidos.
Sim, sou eu a única culpada pelo seu atraso, um atraso que será de muitas vidas e, tudo por causa da pressa... da pressa... da pressa...
Obrigada, amigos de cá e daí, por me deixarem em desabafo, falar. Falar de mim, da minha história, que é a história de muitas.


DEPOIMENTO (4)


Ambição faz parte de mim, me perdi no sempre querer mais. Não consegui parar, não medi conseqüências para chegar ao ápice. Depois de tanta luta me senti derrotada e fracassei nos meus atos, sem saber que iria continuar na luta. Hoje, já convicta da vida que aqui continua, me entrego ao aprendizado de descobrir as formas de solucionar minhas incertezas.
Mostro minha alma com a fé de poder viver melhor, com a simplicidade de saber que o importante é viver.
Amigos, companheiros de jornada, vocês caminham aí, eu aqui. Juntos vamos ao encontro do saber.
Agradeço essa oportunidade.

Zenaide


VIVER EM VÃO


Quantos anos perdidos em vão,
Pois minha vida
Foi só solidão.
Festas, bailes, folguedos,
Mas, dentro de mim,
O vazio...

E caminhando pela vida fui...
Nada ganhei, nada perdi.
Nada ensinei, nada compreendi.
Fui um pobre e grande tolo!

E, na solidão de minha vida
Perdida...
Os anos foram passando
Sem que eu me desse conta.
E, quando percebi,
Estava aqui.

Agora, não adianta mais chorar,
Lamentar, pedir perdão,
Pois de nada vai adiantar.

Agora é preciso,
Com calma e precisão,
Que eu me junte a estes amigos
Que a estender-me a mão estão.
E esperar por uma nova chance
De poder renascer
E, realmente aprender, compreender, saber,
Viver...


A NOVA CIDADE


Que longa estrada percorri para chegar até aqui... Venho calmamente pensando, aproveitando estes momentos para refletir. A cidade ainda está distante. Vejo o cume de seus telhados e sei que ainda tenho tempo para restabelecer-me. Recobro agora meus sentimentos e começo a perceber meu novo invólucro. Faço uma retrospectiva do meu trajeto terreno, coisa que não fiz enquanto o percorria. Consumido constantemente pelos meus afazeres, sequer imaginava que existiria a possibilidade de uma vida contínua. Vivia como se o tempo fosse acabar. Queria fazer tudo e nada fiz. Pensei estar fazendo, porém, sinto que nada realizei. Projetos efêmeros, materialistas, pouco acresceram ao meu íntimo. Eu, sempre neles absorvido, não me conheci.
Hoje aqui estou, parece que me conhecendo. É como se eu estivesse olhando para mim mesmo, desprendido de meu corpo material. Surpreendo-me com as insignificâncias, as quais me dediquei. Deixei de lado, por razões tão banais, o sentimento maior de encontrar-me comigo mesmo.
Tão pouco tempo, tão precioso, e tão desperdiçado...
A cidade se aproxima. Sei que lá esperam-me os companheiros que ajudar-me-ão a compreender mais e melhor.
Sinto-me mais leve e sei que já posso ver-me melhor, sem as vendas que eu mesmo coloquei sobre meus olhos.
A cidade que agora vejo sempre esteve à minha frente. Eu que fingi não vê-la, pois assim, precisaria abandonar meus senhores e buscar a minha libertação. Parto para ela sem medo. Pois agora sou eu mesmo.


LEMBRANÇAS X ALGEMAS


Cada lembrança que trago em minha alma deixou suas marcas. Trago-as até hoje. Não consegui desprender-me delas. Perseguem-me em todos os momentos. Em vida terrena, sempre as tive como aliadas. Acompanharam-me em todos os meus relacionamentos, impedindo-me de reconhecer novos caminhos e vibrações. Quando deparava-me com uma situação nova, assustava-me e, imediatamente, buscava as sensações de minhas antigas lembranças. E volto a dizer, acompanham-me até hoje.
Sinto que já possuo maior clareza, por isso aqui estou para conversar um pouco com vocês e falar sobre a minha experiência.
Lembranças são algemas que nos atam as mãos, são máscaras que nos vedam os olhos, são amarras que nos impedem de respirar, são brasas que impossibilitam nosso caminhar.
Lembranças são muletas, que eternamente usamos para não encarar os fatos como eles se apresentam; com toda sua mutabilidade e transformação. A vida é feita de fatos e, se estes são inconstantes, como então viver presos a formas passadas, a formas que tiveram importância dentro de determinado momento e contexto?
Na verdade, nos utilizamos delas para sofrer menos, para evitar que nossos olhos vejam a metamorfose pela qual nossas vidas necessitam passar.
Tudo na natureza transforma-se, transmuta-se. Nada se acaba e tudo é eterno. Falo de eternidade como algo que ultrapassa os limites do tempo comum para tornar-se perene. Devido ao tempo e à estrutura que foram elaboradas no planeta — fruto da mente humana — é que as idéias de imutabilidade e inflexibilidade tornaram-se valores.
Saibam meus amigos: o que não se verga, não cresce. Aquele que somente de modelos vive, também não conhecerá novos horizontes. Hoje sei que minhas lembranças me invadiram e impediram-me de progredir. As marcas que a vida deixou-me acompanharam meus pensamentos e minhas ações. Não pude conhecer o reverso da moeda.
Aqui noto que há uma energia maior que, não pude visitar, foi porque não me permiti. Sobre o planeta paira esta mesma energia que, em inter-relação com a energia humana, possibilitará o engrandecimento de todos que nele habitam. Sei que nesta junção, é que a vida dar-se-á de maneira plena.
Deixem de lado os modelos, busquem captar a energia de que lhes falo. Deixem que ela toque seus corações e suas mentes, para que as lembranças não os atormentem e nem os impeçam de ver luzes diversas. Não tragam as marcas que carreguei até aqui porque, como vocês, não quis enxergar além do túnel.
Abraços a todos.

Volto um outro momento.
Boa noite


ESTRANHO SENTIMENTO


A todo e qualquer ato de agrado ou atenção chamamos de amor.
Amamos os animados e inanimados, amamos, amamos, sem ainda saber a extensão e o poder desta grandeza que, neste estágio evolutivo, é ainda uma mistura de instinto e clareza de espírito, a que chamamos amor.
Mas há, dentre todos esses amores, um que atravessa uma vida, ou vidas, que é o amor filial, e nenhum outro é mais forte que este. Por aquele que é parte nossa fazemos tudo, esperamos tudo, às vezes esquecidos que aquele ser, mesmo saído de nós, não nos pertence, pois é um ser único. É uma individualidade que veio para tomar lições, que irá errar porque ainda não aprendeu, que irá sofrer ou fará sofrer porque sofreu e, de tropeços e acertos irá avançando. Mas nós, no nosso egoísmo de pai, de mãe, alicerçados na nossa estreiteza de vista queremos a eles apenas vitórias, vitórias que nada mais é que desfrute. Desfrute que quisemos para nós e agora queremos para eles, e pior de tudo é quando este ser parte de volta por já ter feito sua parte, e mais isto não entendemos.
Mas e a dor da ausência, e os espinhos da saudade? Perguntam alguns.
A estes digo: Estes seres que as vistas materiais não enxergam, quase sempre estão ao nosso lado e sofrem com o nosso sofrimento e quantos deles pedem, alertam aos seus pais, de pouco tempo, que existem outros tantos filhos, milhares, que aguardam pelo amor, pelo terno amor que nunca tiveram. Abracem a um órfão com ternura, daquela ternura que emana de um pai, de uma mãe, depois olhem nos seus olhos, e não precisarão mais nada; a partir desse momento descobrirão com grande felicidade que trocaram um por muitos.
Um abraço pai, e não sinto saudades porque te vejo sempre e mesmo que não se lembre depois, também me vê. Então, saudades por quê?
Deste filho que muito lhe ama.

Guga


DE QUE VALEU?


Bendita oportunidade que Deus me dá de falar a vocês um pouco sobre minha última experiência na Terra.
Fui um homem rico, muito rico. Desde a tenra idade nada me faltou. E, assim como a abundância material me banhou o corpo físico, da mesma maneira banhou-me o espírito, o egoísmo e a avareza. E eu, que tanto possuía, torcia sempre o nariz, quando alguém menos favorecido se aproximava de mim, em busca de qualquer ajuda.
Muito neguei do tanto que tive. De que valeu-me tamanha fortuna, se nada ela acrescentou de bom ao meu ser?
De que valeram-me as acomodações luxuosas, a mesa farta, as roupas limpas e impecáveis se, no meu interior, uma voz me alertava de que eu não seria feliz enquanto ferisse as pessoas que vinham a procura das migalhas da minha mesa...
De que me valeu o dinheiro, se através dele nunca pude conquistar a felicidade?
Ah!, se fosse comigo, eu saberia como alcançar a felicidade, pensarão muitos de vocês, aqui...
Mas, meus amigos, posso afirmar a vocês o quanto estão enganados.
E, se infelizmente minhas palavras não lhes servirem de alerta, com certeza, a vida se encarregará de adverti-los a tempo.
Por isso, busquem o crescimento material, pois dele depende muito a sua evolução, mas não se percam nesse crescimento. Não permitam que a cobiça os levem a caminhos trevosos. Não permitam que os valores materiais sobreponham os valores espirituais.
Pois de tudo o que tive aí na Terra, só trouxe para cá minhas paixões materiais, a minha miséria espiritual, que muito me fez penar e muito ainda me faz buscar a correção dolorosa desse passado.
O que vale aqui são os valores espirituais.
Por isso, busquem a evolução conjunta de corpo e espírito, para alcançarem um dia a paz que tanto procuramos.
Paz a todos.

Haroldo


DESPERTAR



Quis andar por caminhos tortuosos que só me fizeram sofrer. Por mais que me mostrassem novos horizontes, sempre os olhava e voltava a sentir as mesmas necessidades que tinha antes. Até que um dia acordei. É que cansamos de sofrer e sempre aparece uma mão amiga para nos ajudar e nos orientar.
Imaginem como é grande a alegria dos nossos amigos espirituais que sempre caminham ao nosso lado...
Por isso, por mais duro que seja o seu sofrimento, tenha fé, tenha a certeza de que não está sozinho. Apesar dessa sua infelicidade, lembre-se de que Deus espera pacientemente o seu despertar.


AJUDAR O PRÓXIMO E AJUDAR A SI MESMO



Boa noite amigos, sejam bem vindos a esta casa que os acolhe com carinho.
Venho hoje para meu depoimento que, acredito, os fará pensar um pouquinho que seja.
Fui uma pessoa que tive meus probleminhas, como qualquer ser que vive encarnado.
Para a solução de meus problemas encontrei uma dessas casas que levam palavras de conforto.
Freqüentei muitos anos, até que virei um trabalhador assíduo, digno de fazer inveja.
Ajudando, amparando a todos os que me procuravam, estava sempre pronto para estender a mão a quem precisasse.
Escutava as palestras com atenção, estudava dias a fio, sempre me dedicando às entidades, toda vez que era solicitado.
Mas eis que desencarnei, acreditando que tinha feito tudo certo.
Veio aí a minha decepção, trabalhei para o bem dos outros, mas esqueci de trabalhar o meu eu interior.
Amigos, esqueci do mais importante. Trabalhava para esquecer os meus desafetos e não os resolvi. Ajudei a tantos e esqueci de me ajudar e de me melhorar.
Queridos, estejam bem alicerçados para não deixarem de aplicar para si mesmos o que sabem, o que assimilam nas leituras da sua própria vida, esta que tem que ser agradecida ao Pai, todos os dias.
Agradeçam cada momento, sintam-se felizes pelo que têm, vivam o presente intensamente, tragam o que almejam do futuro para o presente, acreditem em vocês próprios.
Sintam-se felizes a cada amanhecer, agradecendo pelos seres que são, com as devidas imperfeições sim, mas fazendo força para serem capazes de ajudar o próximo e, principalmente, a si próprios.
Deixo meu abraço carinhoso.
De um espírito que continua ainda aprendendo,

Rafael


AMARGOR



A raiva tomou conta de meu ser, de meus pensamentos, de minha razão, por muito e muito tempo. Não me conformava, não aceitava o fato de haver morrido, justamente num grande momento de minha vida. Eu era jovem, rico, famoso, cheio de poder, cercado de pessoas que me adulavam, que me bajulavam, que a um simples estalar de meus dedos, corriam a satisfazer-me todas as vontades, fossem elas quais fossem. Mas como (hoje já consigo entender melhor tudo isso) não pode deixar de acontecer, o corpo não consegue agüentar loucuras atrás de loucuras, vícios atrás de vícios e, já que não lhe tratam como devem, fenece.
E assim, depois de altas doses de bebidas alcoólicas, de drogas, qualquer uma que pudesse ter, morri...
E, ao aqui chegar, era um ser onde só havia revolta. Achava que Deus havia me abandonado.
Como eu, um filho que fora Seu predileto, um filho a quem Ele havia dado tudo do melhor que havia sobre a Terra?
Como Ele permitiria que tudo me fosse tirado assim, de repente, tudo - até a vida?
A dor assolava-me a alma, a revolta criava chagas doloridas em meu espírito. Mas, como o tempo tudo cura, tudo cicatriza, fui conseguindo entender que poderia tirar uma grande lição de tudo que me ocorreu enquanto vivo e, mesmo agora, depois de morto.
Compreendi o quanto desperdicei a chance que me fora dada de melhorar, de crescer mental e espiritualmente; quanto tudo aquilo que possuía poderia ter ajudado a tantos e tantos.
Hoje, foi-me permitido relatar sucintamente um pouco de minha vida.
Foi-me de grande valia e ajuda esta permissão que obtive, pois serviu para expurgar de meu íntimo os últimos resquícios das mágoas, dos ódios e rancores que ainda carregava.
Hoje, compreendo ser um filho de Deus, como todos os outros. Amado, protegido, amparado e por Ele abençoado.
Agradeço a todos vocês pela oportunidade que me deram hoje.
Que Deus lhes dê muita paz e luz.
Um abraço deste irmão,

José Coelho Lopes


O SUICIDA INOCENTE



Cotia, 18 de agosto de 1973.
Querem saber vocês o que esta data significa?
Para vocês, nada. Mas, para mim, muito.
Foi o ano em que me matei. Não que tenha dado um tiro na cabeça ou pulado de um prédio, mas foi o dia em que me droguei pela primeira vez e, dessa primeira vez, veio a segunda, a terceira, a quarta e assim por diante, até perder a conta e não saber mais nem sequer com quem andava ou porque me drogava. Comecei por curiosidade, gostei da sensação e continuei achando que estava apto para dominar a situação e parar quando quisesse.
Enganei-me, me viciei. E cada dia que passava, a necessidade da droga era maior, fosse ela qual fosse. Tinha sempre que me alucinar, ficar doidão.
Não via a angústia da minha família, não enxergava nada. Todos eram caretas, só a droga me satisfazia. E me consumia. Já não sabia o que fazer para viver sem ela. Ela foi se transformando e passou de um simples baseado a uma grave e longa seringa compartilhada por toda a turma. A sensação de êxtase e prazer nesses momentos é indescritível, mas a dor e o sofrimento que vêm depois... Posso esclarecer sobre isso, pois na minha vida houve muitos momentos de loucura e luxúria. Sem a droga, não pensava, não raciocinava, não conseguia viver... Tomava, me alucinava, passava o efeito, me desesperava. Os intervalos foram ficando cada vez mais curtos. Era triste, agressivo, sem ela. Hoje, vejo que o que me extasiava, na realidade, me limitava. Pois parecia um débil mental, com atitudes imbecis e uma imagem destorcida da realidade.
E a dor, era como estar sem ar... Tentei parar, lutar, não consegui. Também não tinha mais importância, já estava contaminado. Vinte anos de sofrimentos para minha família. Hoje penso o quanto minha mãe sofreu.
Quanto tempo desperdiçado; quanta vida boa levada à toa...
Mas acho que essa doença tinha mesmo que aparecer, não só para fazer-me morrer mas também para que agora eu pudesse alertar aos mais jovens que, como eu, começam apenas por brincadeira e curiosidade.
Estou feliz por ter a oportunidade de poder me expressar, falar como é viver nesse mundo e reconhecer o quanto desperdicei a minha vida.
Espero que todos nós que já viemos para cá, antes de termos feito tudo que deveríamos ter feito em nossas vidas possamos, ao menos, servir de lição aos jovens de hoje, que ainda têm muitas oportunidades pela frente.
Que eles não sigam nosso exemplo de vida e sim, possam crescer e frutificar. De minha parte, posso dizer que estou realmente muito arrependido e que peço perdão a todas as mães, não só à minha pois, na verdade, não me sinto sequer digno de lhe pedir perdão diretamente.

Luiz


A MUDANÇA DE DIMENSÃO


Ouço tiros. As balas perfuram meu ser. Já não posso respirar. Desperto e não sei bem aonde estou. Procuro, sem obter respostas. Angustio-me, num primeiro momento. Depois, acalmo-me. Passo a compreender. Há um caminho que preciso percorrer para chegar ao regato onde poderei me abastecer e me recompor.
Chego. A água penetra meu novo ser, minha alma é lavada. Vejo diferente o brotar desta água. Uma luz intensa, à medida que ela toca meus lábios, se apodera de mim. Não possuo mais órgãos visíveis, sou um ser único, inteiro. Esta luz leve, me energiza. Sinto-me mais forte para chegar ao objetivo que, agora, é clarear meus pensamentos, tentar compreender o que se passa e o que se passou.
Já posso sentir que há um fio entre os planos. Nada se interrompe; há uma extensão do tempo. Este já não é mais linear como pensávamos, ele agora é infinito e cíclico. Faz-se de uma outra forma.
O relógio que me acompanhava, não tem o menor sentido, aqui. Parece-me agora um simples objeto, uma roleta que gira permanentemente. Vivo uma outra linguagem, é como se eu me misturasse ao meio; faço parte de tudo e sou o tudo.
Não consigo expressar-me, pois as palavras já não traduzem as novas sensações; são insuficientes.
A sensação é muito prazeirosa, porém contemplativa. Compreender novas formas, surpreende-me. Hoje, apenas sinto. Em um outro momento, talvez possa expressar-me melhor. Agora, só me bastam as sensações.

Abraços


DIFERENÇAS SUTIS


Em nosso caminhar nos deparamos com uma série de obstáculos.
Se quando nos defrontássemos com eles, em vez de pararmos, desistirmos, esmorecermos, nos posicionássemos de maneira a pensar em como superá-los, em como contorná-los, em como resolver os problemas que à nossa frente se apresentam, aumentaríamos as nossas chances de seguirmos em frente mais facilmente.
Mas não, ao nos depararmos com os obstáculos que surgem na nossa caminhada, desistimos. Voltamos pelo caminho que já foi percorrido, nos lamentamos, blasfemamos. Em momento algum, elevamos nosso pensamento ao Pai com fé verdadeira acreditando que aquele obstáculo é produto da nossa mente, do nosso ego, pois sempre nos achamos seres superiores e melhores do que os outros que nos rodeiam.
Nossa inteligência, embotada por nosso egoísmo, não permite que visualizemos os outros caminhos que existem à nossa frente. Caminhos esses, que sempre estiveram lá, mas nós, seres humanos cegos, tolos e surdos não os vimos. Não ouvimos, não percebemos, não sentimos nada daquilo que nos rodeia. Mergulhamos em nossos sofrimentos, em nossas decepções, na auto-piedade e não vemos, ou fingimos não ver, os vários caminhos que existem.
E como um "animal" empacado, ali ficamos — parados, estagnados, descontrolados.
Ajam sempre com calma. Parem, pensem, analisem, não vejam só o lado negro da situação. Toda moeda possui dois lados. E a nossa também.
A beleza, a calma, a alegria, a harmonia, está à nossa volta. Basta que saibamos perceber a sutileza existente entre o feio e o bonito, entre o doce e o amargo, entre prisão e liberdade.
As diferenças são sutis, e a mente e o ego nos enganam.
Por isso, filhos, procurem tirar lições positivas de cada coisa que lhes aconteça.
Olhem sempre o que lhes acontece pelo prisma da bondade, da boa vontade, do amor, com a fé e a certeza de que Deus os está amparando em cada passo que derem.
Fiquem em paz. Que seu caminhar possa ser leve, tranqüilo, e sempre envolto em amor.

Irmão José


TEMPO E ESPAÇO


Suavemente, o vento bate no meu rosto.
Caminho tranqüilo, sentindo o suave abraçar da brisa morna.
Caminho... caminho... e deixo que meu coração vá-se tornando leve, livre das amarguras acumuladas durante toda a minha vida.
Caminho pela praia. Olho para longe e não vejo o seu fim. Mas o que importa isso? Agora, tenho todo o tempo do mundo...
Continuo, calmamente, o meu caminhar. Paro, observo, sinto a natureza, integro-me a ela.
Continuo meu caminhar... As ondas, aos meus pés, vem se quebrar.
Sento-me na areia e deixo que a água chegue até mim. Molho minhas mãos, lavo meu rosto e a água salgada do mar mistura-se às lágrimas que, por meu rosto, estão a rolar.
Deito-me na areia. Deixo que as ondas molhem todo meu ser. E neste vai e vem de cada uma delas, vou deixando-me lavar de todas as angústias que passei minha vida acumulando.
Levanto-me leve, feliz e volto a caminhar pela imensa praia.
De meu corpo, minúsculas gotas estão a escorrer e sinto que neste acontecer vão se embora os últimos resquícios de lembranças do que foi, um dia, aí viver.
Viver aí ou aqui, isto não mais me importa. Compreendi que tempo e espaço não são nada, pois são infinitos.
Compreendi que tempo e espaço são por nós delimitados, pois na natureza eles não existem.
Deixo que o sol me envolva, permito que esta luz queime as últimas mágoas que estão dentro de mim.
E sigo caminhando por esta praia, caminhando para um horizonte sem fim.

Daniel



VIDA PERDIDA


Bumba meu boi. Grande festa do nordeste.
Quando eu era pequeno, era levado até a praça para poder brincar.
Bumba meu boi.
E lá estava ele, a saracotear para lá e para cá.
Bumba meu boi.
Com que alegria o povo se reunia para poder boas gargalhadas dar!
E o boi saía gingando, com toda a multidão atrás.
E eu, menino ainda, trago até hoje as lembranças deste tempo guardadas bem dentro do meu peito.
Bumba meu boi.
Que saudades desta infância feliz, despreocupada, alegre, agitada...
Bumba meu boi.
Uma festa popular da qual todas as pessoas íam participar.
Mas são apenas lembranças. Perdidas no tempo, esquecidas na vida, lembradas na morte. Deixadas lá para trás, nas lembranças de uma vida perdida.

José de Freitas



TRANSFORMAR


Sou um companheiro de vocês desde que esta casa foi inaugurada. Antes como um simples espectador mas hoje, finalmente, estou sendo autorizado a fazer esta comunicação.
Pois bem, fui nesta vida, quando encarnado, uma pessoa amarga, desiludida e mal amada. Tive várias oportunidades de solucionar os problemas que, às vezes (ou quase sempre), me tiravam o bom humor, a vitalidade na convivência com quem me fazia bem. Hoje, estando deste lado, pude perceber que nunca fazia nada para mudar. As dificuldades passaram a fazer parte de minha vida. Sem perceber, fui tornando-me uma pessoa amarga, insuportável.
Queridos amigos, tudo é criado e transformado.
Busquem a melhor forma de se concentrar no que é bom para vocês.
Trabalhem o seu interior para que possam conviver consigo mesmos, aceitando, compreendendo e sabendo lidar com os momentos difíceis, da melhor maneira.
Fiquem em paz.

Um amigo da casa



TODOS PARTEM


Boa noite, amigos, sejam bem-vindos!
Sou um amigo que já passou várias vezes por este mundo de grande aprendizado.
Quando pensarem "na morte", não pensem nela como o fim de tudo. Partam do princípio da plantinha que nasce, cresce, floresce e "morre". Se observarem bem, verão que ela germinará novamente.
E assim é conosco. Uns partem mais cedo, outros mais tarde. Este é o ciclo natural. A vida nos é dada para melhorarmos a cada reencarnação. Sejam sábios. Acreditem que realmente isso acontece.
Fui um filho muito querido pelos meus pais. E sei o quanto ainda é difícil para eles, a aceitação do meu desencarne.
Imaginem o meu desespero deste lado, querendo avisá-los que estou vivo! Eles sempre a chorar; isto sim. E o choro deles, desequilibrando a minha caminhada.
Sei que não é fácil para ambos os lados. Mas, quando temos a consciência de que somos eternos, tudo flui melhor. Tudo se encaminha para o desapego, para o verdadeiro amor.
Quem parte, está indo para a verdadeira liberdade. Seja quem for que tenha partido do seu meio familiar, o filho, o pai, a mãe, o irmão, a esposa, o esposo ou um amigo, vocês devem pensar assim.
Amigos, somos a luz deste universo.
O melhor a se fazer é amar verdadeiramente quando estamos juntos, convivendo no nosso dia-a-dia.
Quando um ente querido se for, apenas vibrem com toda a força do amor que têm por esta pessoa e acreditem que aquele que partiu, cumpriu com o seu dever.
Fiquem em paz.

Um amigo



OPORTUNIDADE


O pano cai. E com ele, todas as possibilidades de uma nova oportunidade.
Ainda é cedo. Soa uma voz no meu interior.
Mas o tempo parece ter acabado para quaisquer tentativas de reparos.
Não há mais tempo. Não há mais oportunidades. E há alguns segundos atrás, eu ainda as tinha em minhas mãos...
Como fui tolo em acreditar no que não era para ser acreditado...
Como fui fraco e impotente, por não ter agarrado as oportunidades que me surgiram, tantas e tantas vezes, à frente.
Como pude seguir por caminhos que só tristezas e aborrecimentos me deram? Como pude ser surdo e cego aos chamados?
E eles (os chamados) eram tão claros e definidos, que muitas vezes me julgava louco...
E foram tantos... mas de surdo me fiz e assim segui minha vida, à guisa de sonhos e ilusões.
As pontes que encontrei, não atravessei.
Os caminhos mais longos, pulei. Segui os atalhos, em busca de um tempo maior.
E nesse emaranhado me encontrei totalmente sozinho e desprovido de Deus.
Tentei chamar Teu nome, mas foi em vão, tamanha era a desnutrição espiritual em que eu me encontrava.
Agora, no escuro, procuro desesperadamente Te ver. No silêncio, ouvir Tua voz.
Agora que tenho olhos de olhar e ouvidos de ouvir, não tenho a Ti, Pai.
Por favor, ajuda-me.
Dai-me outra oportunidade.
Dai-me outra vida.



RELATO DE UM NÁUFRAGO


Na plenitude do amor, me encontrei.
E como foi lindo esse encontro!
E como foi promissor esse encontro! Já que antes eu era apenas um ser ao acaso, alheio a tudo.
Vivia como que isolado do mundo, à parte da sociedade, qual ser demente, sem entendimento, sem conhecimentos e sem razão.
Vivi isso o quanto me foi possível, o quanto me foi permitido. Pois se a minha vontade de mudança não foi suficientemente forte para me tirar desse círculo vicioso em que me achava mergulhado, a vontade imperiosa do Pai o foi.
E então eu emergi, qual corpo boiando no mar, ao relento e ao sabor das ondas.
E mais e mais as ondas me arrastavam para a costa, embora minha vontade ainda fosse de naufragar.
E, mais uma vez, a vontade do Pai me trouxe à superfície.
Vivenciando tudo o que é permitido por meio da dor, segui por caminhos intermináveis.
Quando, enfim, não havia mais nada ao que se pode chamar de identidade dentro de mim, visualizei uma luz. Imensa, poderosa, maravilhosa, que trouxe abrigo ao meu espírito e ungüento às minhas feridas.
Assim, emergi completamente para a vida.
E hoje, depois que o amor banhou de luz o meu ser, posso dizer e gritar a todos o quanto sou feliz e, acima de tudo, o quanto sou grato a Ti, meu Pai, que nunca Se conformou em me perder do Seu rebanho.

Gabriel



DESABAFO (2)


Quantos amigos pensei ter e me enganei. Andava sempre cercada de amigos e amigas, sorrisos, festas e alegria. Havia dinheiro, aparente paz, harmonia e, tranqüila eu era nesta encarnação de que lhes falo.
Em família estável, com vida bem vivida, com até um pouco de glamour e charme, até a solidão chegar... Não com a falta de dinheiro ou aparente felicidade, mas com a falta de humildade no meio em que vivia.
Havia algo de errado nos valores que eram dados aos seres humanos, tudo era medido, inexplicavelmente, pelos patrimônios e bens materiais de qualquer origem. Se alguém do grupo entrava em crise financeira, logo era excluído para fora da "nata" da sociedade; era como se tivesse lepra. E eu fazia parte de tudo isto, questionava às vezes, mas não fazia nada para mudar.
Veio o casamento, um sucesso social, os filhos belos e inteligentes. Uma vida tranqüila e aparentemente feliz.
Fechei meus olhos às diferenças sociais, me entreguei ao comodismo. Não que não participasse dos eventos culturais e filantrópicos. Apenas não cresci, não me desenvolvi, me deixei levar pela sociedade. Com o desencarne, vieram as verdades que fingia não ver...
Meu casamento era falido e sem amor, era apenas mais um acontecimento social. Meu filho, um rapaz perdido e viciado, sem iniciativa para qualquer trabalho ou gesto de amor. E minha filha, uma cópia fiel do meu egoísmo e frivolidade.
Quanto tempo desperdiçado...
Ah! se fôssemos capazes de não nos deixarmos sucumbir pelas "belezas" e prazeres sociais que a vida oferece... Falo destas coisas frívolas e efêmeras. Se pudéssemos realmente cumprir com o que deveríamos fazer, quantas encarnações de sofrimentos às gerações que nos sucedem seriam poupadas... Pois quer queiram quer não, temos uma grande responsabilidade no que fazemos aos nossos filhos e netos, geração após geração.
Mas isso não é tudo! Vejam a maravilha de poder, neste momento, passar esse depoimento e assim, tocar o coração de alguns de vocês para que vivam uma vida melhor e mais honesta em seus sentimentos.
Obrigada pelo desabafo.

Glória



COMEÇAR


Se soubéssemos que seria fácil suportarmos as dores, as renúncias, teríamos começado antes o caminho da evolução.
Se tivéssemos fé na existência dos anjos que nos ajudam, teríamos seguido pelos caminhos mais árduos e, por isso mesmo, os mais recomendados para o nosso desenvolvimento.
Se acreditássemos em nós, em nosso potencial, em nossa força, teríamos transposto as barreiras que surgiram nos nossos caminhos.
Se tivéssemos nos conectado firmemente com Deus, não nos desesperaríamos diante das dificuldades e, assim, teríamos superado os entraves do nosso caminhar.
Eu poderia falar noite a dentro, das inumeráveis oportunidades que tive para vencer as mazelas e os entraves do meu crescimento espiritual.
Mas, o amanhã foi sempre o meu depositário. E assim, deleguei minhas mudanças ao tempo, ao futuro, sem me dar conta que isso cabia, exclusivamente, a mim.
E hoje, eu que ontem tive inúmeras oportunidades de começar, tenho que me conformar em recomeçar o inacabado.

Arthur



AQUI ESTOU, DO OUTRO LADO


O cálido sol de outono envolve todo o meu ser e me aquece...
Me aquece e faz-me esquecer dos dramas que assolaram minha vida...
Uma vida doída, carregada de dores e sofrimentos.
Quantas indagações, quantas reclamações, quantas imprecações, pois passei a vida toda a me lamentar. Achava-me um pobre coitado, que nada possuía de bom, a não ser poder se lastimar da falta de sorte, da falta de estudo, da falta de dinheiro, da falta disto ou daquilo. Só pensava no ser miserável que me julgava e não conseguia ver a riqueza do mundo que me cercava.
Olhava somente para meus andrajos materiais e não conseguia perceber que também estava me tornando um andrajo espiritual.
Mas coisas incríveis acontecem em nossas vidas. Coisas que, se não acontecerem com você e um outro vier lhe contar, você o chama de doido.
Pois é... estava eu num dia, ou melhor, numa noite dessas de inverno, com o frio cortante fustigando meu corpo, tentando me aquecer com uma garrafa de aguardente. E depois dela, outra e mais outra.
Sei o que estarão pensando: "mas é um bêbado!"
Sim, sou. Ou melhor, fui.
Pois é, retomando o fio da meada, estava eu ali, tremendo de frio, tentando esquentar meu pobre corpo quando, à minha frente, surge um clarão e... uma aparição.
Cruz credo! - pensei eu.
Uma voz fez-se ouvir dentro de mim.
"Calma, meu filho, vim buscá-lo para uma vida melhor. Esta que você escolheu, de provações, já chegou ao seu término. Embora não tenha passado por ela com louvor, já logrou seu intento de melhorar. Vamos, venha comigo, meu filho."
E aqui estou eu, deste outro lado, com um suave sol de outono a me aquecer e agradecendo a Deus por mais esta oportunidade que Ele me propiciou.

Antônio Junqueira



DROGAS


Aguardar.
Esperar.
Deixar pra próxima.
"Viajar", ficar doidão, viver Zen (não no real sentido).
Quanto tempo perdido... De que me adiantaram estes momentos ínfimos, que passaram mais rápidos do que um raio? Ah, se eu soubesse o que deveria fazer para não entrar nesta, não teria entrado. Mas agora que entrei, não sei como sair. Devia deixar tudo isso agora mas, até hoje, sinto falta. Aquilo consome, destrói e impregna o nosso ser. Tanto é que, mesmo aqui, estou numa clínica de drogados, digo, de ex-drogados.
Veja só que palavra bonita: droga, aquilo que não presta, que é pior do que lixo. Pois o lixo, se bem aproveitado, pode ser reciclado ou virar adubo orgânico conforme sua composição. Mas a droga, nem para isso serve. Se distrai o ser humano, neste caso... Este tipo de ser humano é a própria droga. Porque, de componentes químicos e de componentes da natureza, ele faz algo assim, macabro. Ao invés de descobrir a cura de doenças, receitas que possam matar a dor e a fome, ele se aproveita da natureza para distorcer sua real função e acabar com os homens. Tudo isso em troca do vil metal. Será que tudo o que o homem inventa é vil? Espero que, algum dia, alguém que estiver "dando na moleira" entrar neste caminho, possa ler esta mensagem e cair fora. Sei que cada um deve ter sua própria experiência, mas você não precisa comer ovo podre, que é ruim e faz mal. Sua inteligência não permitirá. Espero que ela fale mais alto se um dia você estiver pensando em começar a usar drogas.
Obrigado pelo apoio espiritual que esta casa nos dá e até breve, se assim me for permitido e por mim merecido.

Artur


PAZ DE MENTIRA


Quanta paz
Percebo em meu interior...
Refugio-me nela,
Escondo-me dela,
Soluço junto com ela.

Mas esta paz
Que acredito ter dentro de mim,
É só uma ilusão
Que eu mesmo criei.

Na verdade,
Este meu interior
Está sempre em ebulição,
Sempre querendo dar vazão
A ódio e rancor.

Procuro esquecer,
Procuro não sentir
O vazio existente
Dentro de mim.

Curvo-me perante a dor
De ser um ser vazio
E choro...

Choro por toda uma vida perdida,
Uma vida esquecida
Dentro de minhas frustrações.

E a cada lágrima,
Que de meus olhos sai,
Vou derrubando as barreiras
Que criei dentro do meu pequeno
Mundo interior.
Mundo interior?
Mundo inferior...

Cheio de maldades,
Cheio de insanidades...
Mundo onde existia
Um carrasco e um algoz.

E estes dois "eus",
Que pareciam estar separados,
Na verdade eram um só.

E este "um"
Era eu.
Perdido na ilusão
De possuir paz interior.

Milton


CASTIGO E REDENÇÃO


Hoje recebi a permissão de vir, através de uma médium, colocar em palavras uma pequena passagem vivida em uma das minhas existências na Terra.
Reencarnei num meio pobre e, por teimosia, fugi sempre das lições que meus pais, simples, tentavam me passar. Moço ainda, num momento bastante pensado, tirei uma carteira da bolsa de uma senhora que ocupava o mesmo espaço que eu dentro de um ônibus. Resolvi buscar facilmente, embora de forma arriscada, um pouco de alimento para alguns dos meus amigos para quem, assim como eu, a vida não quis sorrir muito. Porém, ao sair do ônibus em que estava, não contava com a gritaria e um carro de policiais, bem próximo. Fui ferido com um tiro na mão esquerda e pelo ferimento profundo acabei perdendo a mão.
Solto, voltei às ruas e, sem dúvida, me revoltei. Não tinha instrução nenhuma, cursei apenas o primeiro grau. Nunca quis saber de conselhos, que dirá algo que falasse de Deus...
Minha vida ficou bastante difícil, não trabalhava. Agora, o que poderia fazer? Mas numa próxima tentativa de assalto, essa existência foi brecada e, graças a Deus, morri de forma trágica. Além dos tiros em meu corpo, minha mão direita foi bastante danificada também.
Mas como a bondade sempre nos atinge, depois de muito sofrer, tive a oportunidade da volta. E mais bem preparado, usei minhas mãos para buscar minha sobrevivência da maneira natural, trabalhando.
Voltei ao mesmo meio econômico, ou seja, pobre. E meus amigos foram ajudados pelo meu coração. Eu os amei, pois o que eu ganhava dava apenas para sustentar meus pais e irmão, mas os amigos, esses sempre tiveram o amor e a força que saía de dentro de mim, desejando a todos um trabalho sincero e constante.
Temos muito para oferecer e este muito vem do que se é. Se cada um soubesse usar suas mãos, seus olhos, seus ouvidos com o amor que vem do coração, não perderíamos nada, só doaríamos. Que Deus ame a todos e que o amor de todos possa sempre crescer.

José Luís


ENGANOS


Boa noite, caros amigos.
Hoje sou uma pessoa, que tem condições de poder estar aqui, nesta casa, para dar o meu depoimento.
Fui uma pessoa que não saía da igreja, todos os domingos. Não faltava em nenhum dos cultos dominicais, ajoelhava-me diante dos santos, arrependido do que tinha feito no decorrer da semana. E assim foi, durante anos de minha vida.
Quando despertei, já era tarde. Tarde para a vida terrestre, porque não tomei consciência que apenas fazia um ritual exterior e me esquecia da verdadeira reforma: a do meu "interior". Aquela que é promovida pela compreensão, pela tolerância e pela verdadeira fé.
Que triste, hoje, ter a consciência que levei uma vida inteira esperando a salvação, sem ao menos ter-me esforçado pela minha própria melhora! Hoje, sei que temos dois ouvidos e uma boca para que possamos escutar mais do que falar. Estejamos abertos para as coisas boas. Não sejamos injustos com nossos amigos, até mesmo com aquele que não é tão amigo assim, que nos faça levantar sobre ele, calúnias inúteis.
Esquecemos de ser cautelosos com aqueles que nos pedem amparo e, sem tempo, deixamos de lado aquela palavra de conforto.
Amigos, olhem para dentro de si, todos os dias. Analisem o quanto melhoraram na sua evolução.
Não deixem esta oportunidade, mais uma vez, escapar de seu alcance. A hora é esta. A salvação não está em nenhum lugar. Você é a força que transforma, você é um ser livre, com qualidades e defeitos. Só não está preparado para acreditar em si mesmo.
Há somente um trabalho a ser feito: o de se olhar diante do espelho.
Este é o verdadeiro remédio para a alma.
Fiquem em paz.

Um amigo


A DIFÍCIL EXPERIÊNCIA PRÓPRIA


Queridos amigos,
Fui uma pessoa rebelde, mal amada, mal querida, dificilmente fazia amizades. Não compreendia porque tantos desamores me cercavam.
Hoje, venho a esta casa, recuperado. Aprendi que não é só amando a si mesmo, que adquirimos experiências.
Temos que cultivar o amor em relação aos que nos rodeiam, e àqueles que nos são distantes, também. Às vezes, um mal entendido separa pessoas por muitos anos, até séculos. Não deixem que suas desavenças fiquem sem solução.
Administrem um caminhar iluminado, para que não fiquem mágoas, palavras distorcidas, orgulho que faz pessoas se odiarem por longo tempo.
Resolvam questões mal compreendidas o mais cedo possível porque, cedo ou tarde, terão que absorvê-las e com elas lidar.
Falo a todos, com experiência própria. Perdi muito tempo sendo uma pessoa mal resolvida. Sei, hoje, que isso só atrapalhou a minha evolução.
Fiquem com a certeza de que todos estaremos juntos, algum dia, caminhando na mesma direção: a "do bem".
Fiquem na paz de Deus.

Flávio


REI SEM COROA


Aqui fui rei, aqui despedacei corações, vidas e vidas.
Depois de estar aqui na Terra coberto de riquezas, fui descobrir que até então não tinha vivido e sim estacionado no castelo do egoísmo, da maldade, no reino dos antigos, dos pobres de espírito, dos pequenos.
Quando cheguei no chamado mundo espiritual, padeci, não entendi, apodreci nas trevas dos desumanos. Só depois, muito depois, entendi o quanto deixei de progredir.
De rei, passei a vassalo.
De poderoso, passei a aprendiz.
Comecei tudo de novo para finalmente entender que a verdadeira vida eu ainda não entendia, e nada havia aprendido.
E por ter muito o que aprender e crescer, estou aqui nesta mesa como aprendiz. Quem sabe um dia, subirei os degraus do reino poderoso com o amor que nunca conheci.
Deus me ajude.

Um rei sem coroa



NOVA CHANCE


Caminhando ao léu,
vai o homem seguindo
cheio de tristeza...
Coração dilacerado pela dor,
peito lotado de desamor...

Coração bate,
explode toda a raiva nele contida
por não poder ter
continuado nesta vida
por onde muito loucamente
caminhou...

De farra em farra,
de copo em copo,
de amor em amor,
foi levando a vida
dizendo saber
viver...

Vida abraçada com frieza,
vida abraçada com pobreza
mental...

Mas é engraçado
como só nos damos conta
de que nada realizamos
quando já não resta mais
nenhuma esperança
de aí poder viver.

E quando isto acontece,
oramos ao Pai
pedindo perdão.
Pedindo que Ele vele
por um ser desesperado
de tanto padecer.
Mas este ser se esquece
de que quando vivo
e com um corpo
não dava a mínima importância
ao que pudesse suceder.

Quão tolos nos sentimos
quando já deste lado
compreendemos o que sucedeu.
Só que já não tem mais jeito
pois o que aconteceu
é que... o corpo morreu.

Aí, não adianta chorar, companheiro.
É aspirar profundamente o ar,
pegar a dor que explode no peito
e lançá-la para bem longe.
E cheio de coragem,
cheio de força,
voltar novamente o olhar a Deus
e pedir:
"Pai, dê-me uma nova chance
para que eu possa
me recuperar desta dor,
trazida dentro do meu peito.
Que eu possa retornar como um novo ser.
Com um novo mundo pela frente
e sabendo caminhar".

Josué



CAMINHADA


Vagas lembranças
remetem-me de volta ao passado longínquo...
Ao meu destino.
Aos meus desatinos.

Jovem e bonito
vivia sempre a farrear.
Não era preciso que eu trabalhasse
pois minha família,
que possuía muito dinheiro,
estava sempre a me sustentar.

E fui crescendo...
Mimado, cheio de vontades,
cheio de muito querer
qualquer coisa que não pudesse ter.

E como não podemos ter
tudo o que queremos,
aquilo que eu mais queria,
que mais eu amava,
que mais eu prezava,
Foi-me tirado:
A VIDA

Revoltei-me, briguei,
xinguei, fugi,
mas nada se resolveu.
Estava escrito,
no livro da minha existência,
que este destino, seria o meu.

Fiz birra, bati o pé,
até tentei conversar
com aquele que de mim cuidava,
jurando ser cheio de fé.

Fé que, se Deus existia,
claro que Ele me compreenderia
e me permitiria retornar.
Nem que fosse somente
para só um ano mais,
na Terra ficar.

O amigo que de mim cuidava
olhava para mim e sorria...
Eu achava que ele não me compreenderia,
se meu desespero para ele contasse.
Se, com ele, eu desabafasse.

Mas com um sorriso maroto,
envolto em imensa exultação,
este amigo abraçou-me e disse:
Filho, é preciso coragempara enfrentar esta nova vida,
esta vida nova, com muita alegria.
Você diz ter fé em que Deus
mais uma oportunidade lhe daria.
Pois é, meu amigo,
a chance que está lhe sendo dada
de caminhar pela vida
com uma nova energia
é esta...
Procure não desperdiçá-la.
Aproveite bem sua estadia
nesta nova morada.
Então, quando retornar à matéria,
sua bagagem de conhecimentos
já estará aumentada
e desta maneira
você não cometerá tanta asneira,
como da última vez
em que na Terra
se propôs a viver.

Milton



ALGUÉM VITIMADO PELA AIDS


Quanto riso
Oh! quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão...
No meio da multidão.
Carnaval, explosão em festa, em alegria, em sensualidade... E a sexualidade fica à flor da pele.
Amores de verão, amores de férias que não sobem a serra, flertes escondidos, amores proibidos. Cobiça, intrigas, inveja, desgraça, destruição.
Não pensava que aquela simples brincadeira pudesse ter conseqüências tão graves. Não imaginava que aquele simples desejo carnal pudesse causar tanta dor, trazer tantos sofrimentos...
Se pudesse voltar atrás, não faria nada daquilo, não lutaria apenas pelo prazer da conquista, para provar a mim mesmo que era capaz. O ego satisfeito era tudo o que importava.
Quantas e quantas famílias destruídas por esse simples e traiçoeiro gesto de satisfação...
Somente a AIDS, para me frear.
Não, não sou contra a festa, a alegria, nem quero me tornar um puritano desmedido. Quero apenas mais uma chance de viver e aprender a amar, de me deixar levar pelo sentimento sincero e verdadeiro que une um homem a uma mulher.
Sinto que ainda é muito cedo para falar de amor ao próximo. Porém, já consigo distinguir tudo isso. Se lograr a oportunidade de saber respeitar a mim mesmo, já estará bom demais. Saber dizer quando não houver sentimento e não me deixar levar apenas para provar que sou "machão". E se eu puder voltar em um corpo de mulher, que não me torne promíscua apenas para não ser careta e antiquada. O tempo é breve, mas creio ter deixado claro que não devemos nos entregar às paixões. Devemos cuidar do nosso corpo da mesma forma que cuidamos da nossa casa, do nosso carro ou até mesmo de uma roupa ou objeto de estimação.
Devemos zelar por esse corpo e saber que aquela escapada, aparentemente tão inofensiva, pode trazer graves conseqüências. Se criamos obsessores que, em vida, não conseguem se desligar de nós, imaginem então quando sem o corpo e a falsa moral da sociedade como impecilho.
Obrigado a todos pela oportunidade e que meu relato não seja uma lição mas, antes, um alerta. Não tenho a pretensão de ensinar nada a ninguém, visto que pouco aprendi até então.
Boa noite e até breve, se assim me for permitido.
Romualdo



EVITE O ARREPENDIMENTO


Tive oportunidade e não percebi.
Tive chance de melhorar e não o fiz.
Não fui à luta e deixei a passagem que tive aí, na Terra, simplesmente passar. Não consegui fazer nada. Você vai se arrepender se agir assim também. Às vezes, o seu tempo já terminou e você nem percebeu. Agora vai ter de esperar uma nova oportunidade.
Viva, viva sim. Mas da melhor maneira possível, querendo aprender sempre, melhorar-se sempre, evoluindo um pouco que seja, a cada dia.
Não perca a oportunidade que Deus lhe deu.
Fique em paz.

Um amigo



PENAS & GOZOS


Então aqui cheguei.
Trazia na minha bagagem de intenções, o que havia de melhor em mim: seria bom, sempre seria bom. Afinal, havia decidido assim e assim seria. Quem poderia mais do que não a minha própria vontade?
Então, eu nasci. Mas nasci num meio difícil.
Minha mãe estava em reajuste severo com aquele que foi meu pai. E o quanto ele a fazia sofrer, e a nós todos...
Ah, meus irmãos... Terríveis eram eles, mais terríveis ainda na vingança que teceriam contra mim. Pois quando tive poder, e foi em Roma, condenei-os às galés porque precisava culpar alguém dos meus próprios erros. Enfim, esse era eu.
Mas... resolvi ser diferente. Então, nasci.
Mas o quanto era agreste o terreno daquela fraca semente.
E em meio à crítica, aprendi a criticar. Como um pai de família era um feitor sem igual, mas diante daquele que tinha poder sobre mim, era servil. E de tanto que abaixava a cabeça, esta até encostava no meu peito.
Tinha qualidades? Sim, algumas. Mas pobres delas diante do tamanho de meus defeitos.
E assim fui eu. E pasmem: me dava ao luxo de dizer a quem quisesse ouvir que, numa próxima vida, não aceitaria voltar à Terra, pois que isto não era um planeta lar, mas um charco.
Enfim, este fui eu.
Agora atentem:
Tudo o que falei, colocado em duas páginas, tornam-me um crápula. Mas tudo isto disfarçado, em 50-70 anos, se dissolve de forma tal, que até nos escapa do controle. Agora, atentem-se uma segunda vez.
Nas minhas observações, o que vejo em muitos é o que não descobri em mim, quando podia.
Por isso, lhes imploro, pois o sofrimento daquele que volta falido é muito: orai, orai sempre, e vigia o mais que puder.
Que o jejuar lhe seja um hábito, mas não com a matéria que alimenta a matéria, mas com os pensamentos e com as decisões errôneas. Pois que, estas sim, intoxicam e nos atacam onde somos mais fracos, que é na mente. E não há espírito que consiga cavalgar tal animal quando é ele que detém as rédeas.
Não dei um nome a isto tudo, de início, mas o darei agora.
PENAS OU GOZOS FUTUROS, É TUA A ESCOLHA.

Apenas alguém que os visita



DESABAFO (3)


Fome.
Tenho fome de justiça.
Tenho fome de fé.
Deus, onde ficou a parte divina que semeaste em mim?
Deus, o que fiz da vida que emprestaste a mim?
E ainda clamo por justiça...
O que sei de justiça, se o que pratiquei nenhuma relação teve com essa palavra?
O que sei de mim, se agora me encontro aprisionado a tantos vícios aos quais deixei que o tempo ocioso me conduzisse?
Nada posso querer, entender ou pedir... Tempo demais já foi gasto com o meu aprendizado. E o que aprendi?
Nada.
Recomeçar sempre será a saída para os falidos.
Pai, dá-me Tua benção para um novo recomeço.
E te peço, Pai, que me ajudes a vencer.
Ajuda-me a ser mais forte.

Josué



DESAPEGO


Minhas luvas ficaram sobre a mesa. Eram de pelica, é claro.
Meus cristais também ficaram enfeitando toda a casa; os tapetes persas, os quadros de pintores renomados...
Prateleiras e mais prateleiras de louça inglesa, talheres de prata, perfumes franceses, cristais tchecos... Estolas de pele, roupas caras, sapatos finos. Jóias, meus amigos, muitas jóias... E eu, na minha avareza, não deixei nada para ninguém.
Não tive herdeiros. Filha única de uma família importante, não me casei. Fui amante por muito tempo de um antigo coronel inglês. Infernizei sua família, maltratei seus filhos, zombei de todos que me avisaram que sofreria as conseqüências de meus atos, no futuro.
E hoje, me preparo para voltar, de maneira humilde, para o seio daquela família que tanto amargurei. Sei, agora, que não poderei ter nenhum dos pertences materiais que tanto valorizei, não terei empregados, não serei senhora poderosa. Mas não vou para sofrer, nem para pagar meus pecados. Vou para aprender, para evoluir. Peço a Deus muita força, pois hoje Nele confio. Mas confesso que meu maior medo é de mim mesma.
Graças a Deus não me lembrarei de meus atos pois, por certo, me envergonharia muito de tudo que fiz e passaria o tempo todo a me lamentar. Vou para lutar contra aqueles que foram meus mais altos valores morais, o desrespeito ao ser humano e o apego material.
Peço apenas muita força para não cair nos mesmos erros, e que os bons espíritos me acompanhem.
E assim, como em um romance desses que vocês estão acostumados a ler, peço a Deus apenas mais uma chance, com a certeza de que, se eu errar novamente, terei outras. Mas será muito mais difícil, cada novo recomeço. Hoje luto contra mim mesma, pois sei que fui minha maior inimiga.
Que este breve relato possa, quem sabe, ajudar você neste instante a não desperdiçar esta oportunidade maravilhosa de crescimento espiritual, para que possa caminhar um passo adiante em cada encarnação.




CONHECIMENTOS


Faz hoje um mês, pelas contas da Terra, que assisto a esta reunião. Tenho desejado falar, mas não me fora permitido e nesta incompreensão natural daquele que ainda não se encontra pronto, ou melhor, equilibrado, o desespero por vezes se fez presente.
Estudei muito durante a minha última vida, ou melhor, pensava eu que tinha estudado. Afinal, sempre tinha um livro, jornal, revista ou qualquer coisa que fosse relacionada à leitura, em minhas mãos.
Chegando aqui, percebi, de uma forma dura e triste, que tudo o que eu havia feito na Terra tinha sido avolumar informações. Não tinha sequer a sensibilidade para que, ao explicar algo a alguém que ainda não conhecesse uma palavra ou um assunto, não diminuí-la e nem desprezá-la. Qual nada, amigos... Eu sabia tudo e percebo, hoje, que fazia questão de esnobar isto.
Meus filhos não podiam atrapalhar a minha leitura. Não me recordo de nenhuma vez olhar para um deles com um simples sorriso, nem de ajudá-los a fazer um dever de casa. Eles tinham muito medo de mim e eu achava que sentiam orgulho, pois eu era o mais inteligente.
Minha companheira tentou chamar a minha atenção por diversas vezes, mas eu estava por demais voltado para minha inteligência. Ela sim, grande alma, sensibilidade aguçada, coração bom.
Quando aqui cheguei a minha impaciência se manifestou na vontade desesperadora de quem acha que sabe fazer alguma coisa. Mas agora sei que não adianta falar, adianta agir. E eu tive que esperar.
Quanta coisa eu poderia ter feito com a minha facilidade para absorver informações... Mas, infelizmente, não ouvi o meu interior, pequeno e fragilizado pela minha ignorância maior.
Você é capaz de descobrir, agora, qual é a sua maior facilidade? Quais são suas habilidades? Então, aprenda a reparti-las, não se deixe levar pela ilusão de que é o melhor.
A família nos é oferecida como primeiro ponto. E nós temos a capacidade de encontrar, o segundo, o terceiro, o quarto...
Estudem, amigos. Mas vejam o que fazem deste estudo. Trabalhem muito, mas vejam que tipo de trabalho e em que este trabalho está ajudando alguém. Se pelo menos uma única criatura dele se beneficiar, já é o bastante para continuar.
Todos somos um, na expressão do amor Daquele que nos fez únicos. Porém, ainda pequenos pontos imperfeitos. E só pela união verdadeira com os outros seres podemos nos libertar.




TEMPOS PERDIDOS


Oh, quanto tempo perdido. Perdido na inércia da minha mente... Com medo de me conhecer, esqueci de viver, esqueci de aprender, não progredi tanto quanto deveria. Tive medo de arriscar e fui caindo, caindo... Até que, um dia, a morte veio despir-me da carne. Sem o peso da matéria, vi-me ainda mais perdido num sem número de fugas. Percebi, amigos que ainda vivem na roupagem da carne, que na Terra vivemos de ilusão. Sonhamos irrealidade e nos acovardamos diante das barreiras. Somos seres medrosos! Quanto não poderíamos aprender se, ao invés de olharmos apenas para o nosso mundo medíocre, cheio de falsidade e desamor, agíssemos com maior compreensão e afeto com o nosso semelhante...
Hoje, trago aqui o meu depoimento para que não venham a cair nas armadilhas das coisas fáceis. Busquem o aperfeiçoamento no trabalho constante em prol do próximo e não esperem pelo reconhecimento público dos seus atos.
Aguardarei outra oportunidade de reencarnar. E desta vez, já mais amadurecido e consciente das minhas responsabilidades, darei mais valor à vida e às pessoas que comigo caminharem rumo ao crescimento.
Fiquem com Deus.

Jorge




NÃO BEBO MAIS


Insistiram tanto em falar comigo, até que, um dia, aceitei esse encontro.
Diziam que minha voz deveria ser ouvida por muitos.
Eu reagia a esse apelo, pois não acreditava que algo de bom pudesse dizer. Nem palavras floreadas, nem conteúdos filosóficos ou científicos.
Mas era demais a insistência e eu não pude mais fugir deste compromisso.
Preparei-me por muitos dias e, na hora exata, ali estava. Olhos e mais olhos me observavam. Nas suas expressões, a espera talvez de ouvir a inevitável história de quem não soube escrevê-la.
Passei por esses olhares e comecei a falar. Palavras simples, idéias curtas, expressões singelas. Mas consegui. E entre palavras e tomadas de fôlego, os olhares foram se modificando. Alguns, mais lentos entre uma piscada e outra. Outros, expressando o querer mais; outros, penalizados. E alguns, até rasos de lágrimas. Fui ganhando forças e pude cumprir o esperado.
Levei, a muitos, a minha vida. Discursei e me coloquei de forma tão sincera e verdadeira que eles, agora não mais na condição de meros espectadores, transformaram-se, ali na minha frente, em pessoas como eu: indecisas, inseguras, esperançosas, tristes, aflitas. Todos procurando, assim como eu, o momento exato de rever a si próprios com bravura, justa e simples e, aguardando o dia de estar na frente de todos, dizer: venci, não bebo mais.

Júlia




SONHOS & REALIZAÇÕES


Quantos sonhos acumulamos, no decorrer da nossa existência...
Quanta vontade temos de realizar os nossos sonhos!
Meus amigos, vou escrever algumas poucas palavras que me são permitidas, mas não quero que entendam como uma lamúria.
Hoje, encontro-me num plano mais elevado. Já sofri o bastante, para lamentar-me agora.
Quando estava aí na matéria, tinha também muitos sonhos. Sonhos de um dia tornar-me uma pessoa de sucesso, sonho de ver meus amados filhos crescerem... Enfim, os sonhos eram muitos e alguns consegui realizar.
Fui uma pessoa de muito sucesso. Cresci muito na minha área, mas esqueci-me de sonhar que, um dia, eu me desligaria do corpo e o meu sonho da fortuna não iria ajudar-me em nada.
Meus amados, a vida é como um piscar de olhos. Passa muito rápida.
Como eu esqueci de sonhar com o amor, com o companheirismo, com meus familiares, não tive tempo sequer de ver os meus filhos crescerem. Foi tudo muito rápido e, como não tinha tempo para nada, não vi muita coisa passar.
Meus amados, por isso eu vou-lhes falar: sonhem. O sonho não é proibido...
Mas nunca sonhem, sem pensar nas conseqüências que este sonho realizado lhes trará.
Agora, adaptado a esse novo caminho que tenho, sequer vejo a importância de um sonho. Lembro-me hoje do tempo perdido e vejo que colocamos uma venda em nossos olhos para as coisas do amor, da fraternidade, da caridade para com os nossos irmãos.
Lembrem-se: vocês não precisam de muito dinheiro para serem felizes, mas de amor vocês precisam muito. Quanto mais tiverem, mais vão ser ajudados em sua vida terrena e, principalmente, na vida espiritual. Sonhem, mas sonhem muito com o dia em que a humanidade irá respeitar-se, amar-se e que vocês contribuirão para isso. Espalhem o amor, respirem o amor , a vida é movida por essa essência.
Que o coração de vocês possa ser agraciado com este amor.

José Carlos




DESAPMINHA HISTÓRIAEGO


Um choro de bebê. O hospital lotado...
Quanta gente à minha volta!
Um grande acontecimento: eu nasci.
Filha única de família rica. O tipo de vida que muitos invejam.
Cresci no meio das melhores famílias da cidade. Por ser uma cidade pequena, todos conheciam a minha família. Meu nome era Ariane. Desde pequena, eu era o centro das atenções. Mas na vida nada pode ser assim, tão fácil. Fiquei adulta...
Por ter sido tão mimada e os meus pais maleáveis demais, eu logo conheci o mundo da "ilusão". Aquele mundo fácil, entendem? Não respeitava mais os meus pais. Eram noites e mais noites na farra, até que, um dia, me vi doente. E num leito de hospital, morri.
Aquela criança que tinha sido motivo de tanta alegria no dia do nascimento e que, no decorrer dos anos, vinha maltratando os pais com tanto desgosto, acabava de falecer.
Quantas lágrimas meus pais derramaram!...
Quantas oportunidades eu perdi!...
Aquela vida fácil foi, para mim, o motivo do meu fracasso. E hoje foi falado no orgulho, um assunto muito importante.
Nós reclamamos porque somos privados disso ou daquilo, mas por detrás desta privação pode estar o impedimento da nossa queda.
Aceite a vida tal como é e busque consolar-se, não cruzando os braços, mas não almejando o que ainda não está preparado para ter.
Naquela encarnação eu não estava ainda preparada para nascer no meio de tanta fartura, por isso vacilei e fracassei. Agora, renascerei em casebre humilde, serei privada de todo o conforto. Mas, com certeza, será essa a encarnação onde começarei a crescer de verdade.
Agradeço a Deus e aos amigos dirigentes desse trabalho por esta oportunidade.
Eu espero estar entre vocês, em breve.
Um abraço fraterno.

Uma amiga




TEMPLO SAGRADO


Ali eu vivia. Tinha a minha paróquia lotada de fiéis a pedir-me conselhos e orações. Aquela gente humilde confiava muito em minhas palavras. Então eu pregava o meu sermão, abençoava e dava penitências. Fui muito fiel à doutrina que eu havia abraçado. Fiel, porque nunca saí dos seus padrões. Mas, no fundo, um vazio me incomodava embora eu achasse que estava fazendo tudo corretamente.
Mas de onde vinha aquele vazio? Por que não me sentia completo? Seria o peso da minha renúncia aos prazeres da carne? Não, a minha carência estava na alma. Eu era oco. Pregava, decorava mas, no fundo, não refletia sobre o que falava. No fundo, eu era um ser acomodado. Não busquei aprofundar-me naquilo que ensinava. Era um cego conduzindo cegos.
Não quero, com isso, provar ou questionar essa ou aquela religião. Mas deixo o meu depoimento como um alerta. Aprofundem-se cada vez mais naquilo que vocês acreditam, não aceitem tudo de pronto, busquem a verdade, nem que seja a sua verdade, mas estudem com discernimento. Eu, simplesmente, não cresci. Ali, naquele templo sagrado, eu vivi toda uma vida não refletida, pois não tive coragem de buscar as respostas para as minhas dúvidas.
Agora, novamente, serei um padre. Mas peço a Deus que, desta vez, eu consiga não mudar a mente dos fieis. Quero provar para muita gente, através da ciência e da religião, que tudo evolui, tudo muda. Inclusive a religião.

Padre Alfonso




FUNESTAS CONSEQUÊNCIAS


Vim aqui para dizer, eu um simples espírito aprendendo na espiritualidade, que estou pronto para admitir o quanto foi ruim e destruidor o meu egoísmo e apego às coisas e às pessoas, enquanto estive na Terra.
Vivi em bela e suntuosa casa. Consegui tudo o que o dinheiro podia me proporcionar. Era apegado exageradamente à família. Superprotegia os filhos, guardava meus bens e todo o nosso patrimônio com afinco.
Como todo bom empresário, driblava o imposto de renda e todos os concorrentes. Explorava meus funcionários e empregados domésticos e tinha todos os vícios que o dinheiro podia proporcionar.
Um belo dia, a minha visão da vida ficou como a primeira cena que descrevi: escura e pesada. Pois tudo o que tinha perdi. Não pude agüentar tanta humilhação e dei fim à minha vida, pensando resolver meus sofrimentos. Contudo, eles aumentaram de tamanho mil vezes. Pois além do triste fim que dei ao meu corpo (e por isso paguei muito caro), vi minha família se despedaçar, sem recursos e sem condições psíquicas e culturais para enfrentar todo o vendaval que os pegou de surpresa.
Vi o mundo desmoronar em cima deles por causa do meu orgulho, do meu egoísmo e da sua falta de preparo para a vida. Sofreram e não compreenderam, nas entrelinhas, a lição que a vida lhes trazia. Já que um crescimento que deveria ter sido natural, naquela situação e circunstância vinha como uma grande imposição.
Muitas dívidas contraíram para suas futuras encarnações, por minha causa. E daqui, não pude fazer nada para ajudá-los.
Agora, consciente do meu erro, venho com mais equilíbrio para abrir-lhes os olhos sobre o verdadeiro sentido da vida, sobre a necessidade de desapegar-se da matéria e de trabalhar em favor de si mesmo, no sentido da renovação dos sentimentos e do abandono dos velhos hábitos destruidores.
Corrijam-se a tempo, amigos! Pois ele é curto e passa rápido. Quando abrimos os olhos, encontramos uma nova realidade à nossa frente, que nos cobra o resultado dos nossos atos na Terra.
Estejam atentos a isso.

Alfredo




AOS PAIS


Pai abnegado e carinhoso.
Pai amoroso e trabalhador.
Pai zeloso e amigo.
Pai para todas as horas.
Fui um grande pai, pelas qualidades acima mencionadas, não acham?
Não, não fui. Fui egoísta! Um pai que amava com tanto egoísmo que os seus filhos não aprenderam a crescer e a viver sozinhos.
Criei filhos dependentes e medrosos. Em tudo eu opinava. A tudo, com minha condição financeira boa, bancava. Éramos realmente bons amigos. Meus dois filhos pareciam mais meus irmãos. Sobre todos os assuntos discutíamos e nos entendíamos perfeitamente.
Minha filha, moça nobre, por ser a mais nova, era extremamente mimada. "Tudo fiz por eles, fui um paizão - assim eu pensava."
Na minha velhice, eu estava em paz. Deixara grande fortuna para os três viverem muito bem. Mas quando abandonei a roupagem carnal e fui orientado, qual não foi a minha surpresa... Descobri que fiz tudo errado. Impedi três espíritos de evoluírem pelo trabalho e pela responsabilidade.
Amigos, lágrimas ardentes rolaram da minha face, como fogo queimando-me a alma e dilacerando meu coração. "Acaso não fui um perfeito pai? - teimava em afirmar para mim mesmo." Mas não, cometi um erro gravíssimo e dei a ele o nome de amor.
Mas, que amor é esse?
Pais, na difícil tarefa de educar os filhos, tenham cautela. Saibam dosar esse sentimento tão sublime chamado amor. Às vezes, sem que o percebam, estão atrapalhando o crescimento espiritual e moral dos filhos, ao invés de ajudá-los.
Meus amigos, roguem a Deus, o nosso Pai Eterno; busquem nas preces sinceras, o auxílio para que possam cumprir essa tarefa tão bonita e, no entanto, tão difícil...
Aqui me despeço, deixando aos pais e mães um forte abraço e um abraço paterno nos seus pequenos.

Um pai,
Adamastor




FAGULHA DE AMOR


Quantas vezes minha boca não sorriu?
Quantas vezes minha mão se fechou diante de uma oportunidade de ajuda?
Quantas vezes minha boca calou palavras de conforto, de otimismo?
E quantas vezes ela se soltou para injuriar e caluniar o que eu julgava conhecer?
O que pude fazer para ajudar ao próximo e não o fiz?
Muitas coisas? Não, pouquíssimas...
O amor verdadeiro eu não sentia, mas a fagulha deste amor verdadeiro meu coração sempre abrigou. E esta fagulha, por mais fraca que fosse, iluminaria a muito corações necessitados. Entretanto, a distância que eu impunha diante de um amigo tirou-me algumas oportunidades belíssimas de ajudar ao meu próximo. Nesta época eu acreditava que ajudar ao próximo era sentir por ele um amor extremo, coisa que não sentia... Então, o que poderia fazer?
Um sorriso já não seria uma ajuda?... Calar a minha boca quando ela queria desfilar tanta miséria a respeito dos outros, já não seria um ato de amor?...
Será que não podemos fazer isso? Será que vocês não podem fazer isso?
Hoje, aqui venho para mostrar o que eu podia fazer, mas não fiz. Que vocês, agora, pensem e reflitam sobre estas atitudes simples e pequenas de hoje, mas que se tornarão fontes de força e segurança, amanhã. Se hoje suas pernas vacilam, amanhã, não mais.
Basta que você se dê essa oportunidade e será a pessoa mais beneficiada, pois sentirá o retorno deste amor. Quando direcionar uma atitude amorosa, do fundo do seu coração, a quem quer que seja, esta atitude retornará a você.
Que Deus banhe o coração de todos com a luz do amor. E que, amanhã, possam dormir acreditando que deram o melhor de si.




A CONTINUAÇÃO


Meu coração bate descompassado.
Um certo nervosismo invade meu ser.
Aqui estou novamente entre os encarnados. Quanta saudade ainda sinto desse mundo.
Desencarnei muito jovem e por isso foi muito difícil desapegar-me das coisas desse mundo!
No início continuei indo a festas com os meus amigos, ouvindo som e bebendo. Nós adorávamos tomar "umas e outras" para ficarmos espertos e ganharmos as "minas". Um dia eu cheguei numa festa de rock pesado e vi uns caras com "pinta estranha" fazendo o maior "auê" com os "brothers". Fiquei apavorado e nunca mais quis voltar naquela espelunca. Mas eu já estava cansado e resolvi tirar uma soneca para refazer as energias. Quando acordei, um cara muito sério chamou-me para acompanhá-lo e eu fui. Cheguei num lugar enorme, parecia um reformatório, um convento, sei lá. Havia disciplina e tanta burocracia que Deus me livre, mas apesar da fisionomia séria eram bons para com todos. Fizeram minha ficha, deram-me uma roupa estranha e me mandaram fazer uns exames, uns testes. Fiz. Não sei o que deu, não me falaram. Mas disseram que eu era um espírito que havia desencarnado. Achei estranho, mas enfim, aceitei.
Meus amigos, não pensem que depois da morte a vida muda. Não, não muda! Continua do mesmo jeito. Aliás, até pode ser que mude sim, pois aí eu "zoava" e aqui eu não posso fazer isso. Tenho descanso, mas tenho horário para tudo. Aliás, na porta de entrada desse (que nome eu daria?) reformatório, é reformatório, está escrito em letras bem grandes assim. "Aqui a disciplina e o trabalho são aliados na nossa luta dentro de nós mesmos".
Se você quer seguir algum caminho, comece aí na Terra, pois aqui tudo é apenas a continuação.
Não deixem para amanhã o que podem fazer hoje.

Um abraço,
Antônio




SOLIDÃO - SOLIDARIEDADE


Ah! De quantas festas eu participei, em quantas reuniões eu pude me apresentar, dançar, comer, beber e assim viver ou pelo menos achar que só isso era viver!
Tive muita gente a me bajular, já que materialmente nada me faltava e, dentro de uma ignorância sombria, eu achava que tudo podia comprar e comprei exatamente tudo que podia ser comprado.
Mas com o passar dos anos e uma vida nada regrada, ou melhor, nada valorizada, eu cheguei à idade madura já apresentando características físicas de uma mulher velha. Velha pelas quinquilharias armazenadas por anos a fio sem me dar conta que precisava me cuidar. A idade chegou, a doença se aproximou e o desespero do perder a "beleza" se apossou de mim.
Todo o dinheiro existente de nada mais me adiantava, nada estudei porque nada eu tinha na minha cabeça, a não ser salões, festas, prazeres...
Quando fui hospitalizada, para de lá eu fazer a chamada passagem, pude começar a ter noções de quanto tempo eu tinha perdido; eu que nem sequer me dava conta de quando era dia ou noite.
Através de criaturas estranhas que mal tinham o que comer, morando muito longe, às vezes, daquele hospital, eu comecei a conhecer a vida, como vida.
Criaturas também estranhas chamadas de enfermeiras conversavam comigo procurando mostrar-me a beleza de um novo amanhecer, dizendo-me que a doença é tão efêmera quanto a nossa estadia lá. Não perguntavam sobre o meu saldo bancário, não olhavam com desdém as minhas rugas, não ironizavam as minhas lágrimas, simplesmente sorriam de encontro aos meus olhares.
Ali naquele leito fui capaz de conhecer aquela mulher que em outras épocas dançava, cantava e se matava aos poucos.
O reconhecimento da nossa imaturidade acompanhada da nossa prepotência, nos deixa como que aniquilados temporariamente, sem saber direito onde estamos, o que fazemos, o que deixamos por fazer. E eu conheci amargamente a palavra solidão. Mas lá também conheci a solidariedade, o carinho e o respeito a um ser, que na maioria das vezes se encontra doente por conhecer a frivolidade de sua realidade. Realidade que ele fez medíocre.
Solidão não é ficar quieto, pensativo, numa conversa consigo mesmo. Solidão é fazer tudo o que o outro quer, quando o outro quer, porque o outro quer, só por medo de não ser aceito.
Aceitar-se significa encontrar-se, descobrir-se, respeitar-se.
Caminhar passo a passo olhando para a frente, sorrindo para o futuro, desejando a si mesmo caminhar para se conhecer. E o "se conhecer" significa se esclarecer, experimentar, trocar, recuar, avançar, falar, calar, andar, descansar, sorrir e continuar.
Se preciso for descansem para se organizarem, mas não parem por causa da falta do tempo, pois o tempo poderá não sentir a sua falta, e neste sentido vocês novamente se perderão e apenas se permitirão ficar com a solidão, e não com a solidariedade.




DEPOIMENTO DE UM DESENCARNADO NO EDIFÍCIO JOELMA


As chamas estão diante dos meus olhos. O fogo aquece, com suas labaredas enormes, o edifício em que me encontro. A fumaça toma conta do ambiente e transforma o ar em poderoso veneno. É impossível passar, é impossível respirar. Ajoelhado diante do horror com que me deparava, comecei a rezar, sentindo-me desfalecer aos poucos diante da tragédia que me cercava. Sem poder correr para lado algum, desfaleci.
Acordei num hospital, sem mais sentir-me tão agoniado e desesperado. Foi então que tive a oportunidade de reencontrar meu pai querido que havia falecido quando eu estava em meus primeiros anos de vida.
Pude entender, "como num sonho", com uma rapidez inacreditável, que eu havia desencarnado e me encontrava em um plano que fugia ao alcance do meu raciocínio; o bem estar tomou conta de mim e, ao invés de desespero, senti compreensão.
Hoje posso aqui estar para dar meu depoimento e atestar que somos todos filhos do Pai, e temos muito o que refletir. Nossos defeitos, nossas deficiências, às vezes trazem inimigos para o nosso meio familiar para que possamos superar as dificuldades que outrora foram mais difíceis devido a nossa ignorância.
Assim amigos, cultivem o amor indiscriminado levando sempre um abraço, um aperto de mão, uma palavra para aqueles com quem mais tem dificuldade de conviver, porque o amor constrói e o ódio só acarreta doenças, cuja cura depende da compreensão dessa verdade.
Estou feliz por esta oportunidade de estar aqui junto com meus colegas do plano espiritual, trazendo a minha experiência, mostrando que somos eternos sim, e que somos capazes de administrar nossa vida em harmonia, sem nos desesperarmos seja qual for o problema, porque o Pai jamais desampara seus filhos.
Fiquem na paz de Deus.

Reginaldo




DESABAFO (4)


Atado, mas amparado, me encontro nesse lugar desconhecido.
Aqui cheguei (*) sem saber o que comigo havia acontecido.
Chorei, reclamei e desperdicei oportunidades valiosas de crescer em menos tempo.
Precisei de séculos para enxergar e aqui estou, sentado, à espera da grande lição que essa reunião me proporcionará.
Meu nome é Alexandre, sou um padre, novo até, mas velho em meus erros, pois nunca consegui vencer o meu orgulho e a falsa sensação de poder que a batina me oferecia.
Passei muitas encarnações escravizado no meu egoísmo, na minha podridão de espírito e, somente agora, consigo vencer esse atraso e me manifestar.
Muitos como eu, ainda hoje, escolhem a carreira eclesiástica porque é muito mais cômodo financeiramente e porque podem esconder, atrás do manto hipócrita da religião, seus vícios e desvios de personalidade.
É tudo tão deprimente e superficial que hoje choro por não ter enxergado antes o antro em que vivia e o estado deplorável em que me encontrava.
Desculpem, amigos, o desabafo.
Mas aproveito o lugar acolhedor e tranqüilo em que me encontro, para deixar aqui todos os resquícios da minha hipocrisia e degradação. E me tornar um novo homem, livre, íntegro e capaz de amar
Despeço-me, agradecendo a oportunidade.

Obrigado, amigos!




CORRIDA


Corri demais durante a minha estadia, viajei muito, trabalhei muito, li muito, muito dinheiro ganhei, muitas mulheres eu tive, muitos empregados também. Conheci a fartura, o brilho, a ascensão, o "pódium" era só pra mim, não precisava deixar espaço para os outros, eu era o Senhor Luz.
Ofusquei pessoas, ofusquei sentimentos, fiz brilhar cobiça, inveja, proporcionei tristeza, traição, viabilizei vários homicídios e, entre todos, um que colaborou um pouco mais para a rapidez do meu desencarne.
Como eu o odiei! Como vivemos "vidas" ligados ora aqui, ora aí. Nós dois, presos a uma vingança ridícula visando o poder ilusório da força alimentada pela ignorância e pela ausência do conhecimento interior, nos matamos durante muito tempo.
Mas a misericórdia divina fala mais alto, ou melhor, age profundamente... E profundamente caímos cansados de sofrer. Pela dor, aprendemos a amar, abraçamos a oportunidade do recomeço, de reencontro e do desejo de conhecer-se como essência, como semente, como vida...
Aqui estamos, emocionados, envergonhados, claro. Mas aprendemos com tudo isso que não adianta julgar, mas sim trabalhar e trabalhar muito até o dia em que o Pai nos abençoe com uma nova encarnação.
Amigos, agradeçam, reflitam, rompam de vez com as inimizades, mesquinharias, malquerenças. Todos somos feitos da mesma forma, todos somos filhos de uma única força.
Sejam por enquanto, menos julgadores.
Somente uma corrida vale a pena. Corram em direção ao seu próprio interior.




AMIGO


Feliz daquele que pode dizer que tem um amigo. Ser amigo não é tão fácil quanto parece e ter um amigo é mais difícil ainda. Esses laços de amizade verdadeira nem sempre surgem do nada como um amor à primeira vista. Na maioria das vezes depende de muito tempo, convivência, estudo e situações bastante constrangedoras e difíceis para descobrirmos um amigo.
O verdadeiro amigo não consola apenas quando estamos desolados e aborrecidos, mas nos alerta para os nossos erros, nos fala com firmeza quando nos deixamos levar pela fraqueza e pela ilusão, nos diz a verdade que um inimigo teria coragem de dizer se tivesse oportunidade.
Descobri que na vida terrena tive alguns amigos e também descobri que poderia ter a felicidade de conhecer mais amigos, mas a minha ignorância sobre muitas coisas que conheço hoje impediu-me de me aproximar deles, mas também pude ver que fui muito mais amado do que imaginava por pessoas que estavam tão próximas de mim.
Assim, posso agora agradecer a Deus pelos amigos que tive, pelos que tenho agora e por todos que terei um dia.
Que Deus aumente a roda de amigos de cada irmão.

Um abraço do amigo
Rubens




VENCER-SE


No momento, a caneta desliza calmamente sobre esse papel.
Sinto-me atordoado pelas lembranças. Uma certa inquietude me invade a alma.
Onde o consolo que tanto busco?
Onde encontrar essa paz que aqui se faz presente?
Caminho, sou errante, sou andante, sou sozinho, sou vivente?
Vivente? Ainda vivo? Sim, sinto-me vivo. Sinto-me como uma grande árvore que foi cortada rente ao solo e que daqui algum tempo brotará novamente.
A luz está aí. Linda, brilhante, me convidando a seguí-la. Mas a mente insiste em não ir.
Sofro? Sim, sofro com a minha pouca fé. Sou como um rio que vai seguindo em busca do mar e que, durante o percurso, se divide entre tantos caminhos, que se perde.
Mas o mar lá está, a esperá-lo. Um dia, juntando-se cada filete, ele ressurgirá. E fortalecido com as experiências do trajeto, seguirá rumo ao mar.
Esse não será um grande consolo para nós? Saber que um dia chegaremos lá?
Cicatrizes ficarão e marcarão com honra a sua vitória.
Você venceu!
Você se venceu!

Wenceslau




DEFORMAÇÃO FÍSICA


Como é bom ver aqui tantos amigos reunidos.
Peço a vocês que escutem, por alguns minutos, o meu relato.
Aqui, neste planeta, eu vivi. Tive uma encarnação dolorosa. Desde pequeno fiquei numa cadeira de rodas. Não falava, não sorria, não chorava. Assim vivi por muitos anos. Meus pais, inconformados com a minha situação, poucas vezes os vi sorrindo. Para os meus familiares isso era um grande castigo do céu. Minha mãe, freqüentadora assídua da igreja, já era mais conformada, mas os outros ainda não compreendiam. E isso muito me entristecia. Tentava falar, gesticular, mostrar a minha alegria, mas eles nada compreendiam, achavam que era normal aquela graça que eu fazia. Mas eu estava feliz, muito feliz.
Aquele corpo semi-normal, aqueles anos ora na cama, ora numa cadeira de rodas, foram para mim uma grande benção de Deus. Para todos que olhavam para mim eu era digno de piedade. Em muitos despertei compaixão. Em outros, medo.
Eram poucos, bem poucos, os que de mim se aproximavam e com espírito de amor me envolviam.
Mas bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.
Bem-aventurados os que choram.
Eu venci, eu suportei com muito amor, coragem e humildade essa encarnação.
Não devemos julgar, não devemos nos afastar desses companheiros que se encontram esquecidos nos centros de recuperação para deficientes.
Ao contrário, sejamos realmente filhos de Deus, na sua essência e amparemos e ajudemos a esses irmãos que, corajosamente encarnaram, aceitando a experiência da deformidade física como crescimento.
Fiquem em paz.

Apenas um irmão




PREPOTÊNCIA


Um dia tive medo de crescer. Medo que descobrissem os meus erros e defeitos. Achava sempre um jeito de esconder das pessoas as minhas falhas.
Cresci dessa maneira, sempre me escondendo das pessoas, com medo que me julgassem incapaz. Era calado, porém sisudo e ríspido. Fazia o tipo autoritário, mandando sempre. Não conversava com ninguém sobre as minhas dúvidas, pois não queria que soubessem que eu as tinha.
Era prepotente e com a minha prepotência afastava a todos.
Hoje, depois de muitas angústias, compreendi o meu grande erro, que foi a minha falta de coragem e humildade para dizer que eu também errava, também falhava...

Thiago




CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DO PERDÃO


Quantas vidas vivi para aprender a perdoar...
Quantas chances tive... No entanto, fracassei um cem número de vezes.
Quantas doenças armazenei...
Quanto maltratei o meu corpo espiritual! Foram muitas encarnações.
O Pai bondoso me dava as oportunidades e eu novamente me perdia no rancor e no ódio.
Um dia, já cansado de lançar tanto veneno em meu corpo, resolvi perdoar, meio a contragosto. Ou seja, deixei de alimentar o rancor e esqueci as ofensas. Foram várias encarnações com o corpo físico deformado. A cada encarnação, eu ía diminuindo os defeitos. Até que, um dia, nasci perfeito e comecei a viver, realmente.
Meus irmãos, a sua vida está certa. Você está no lugar certo, com as pessoas certas. Enfim, tudo está perfeito.
Não cultive a revolta, e sim, viva feliz, tirando do seu sofrimento as lições necessárias para o seu equilíbrio e crescimento.
Aprenda a olhar para você com os olhos da alma e veja o quanto já aprendeu das dores que você vivenciou. Não reclame, ao contrário, agradeça ao Pai pela grande e valiosa oportunidade de poder estar novamente na carne, escola bendita que nos eleva ao encontro da luz.
A sua vida tem tudo o que você precisa. Aprenda a usar os benefícios que ela traz, para o seu próprio proveito.




CORAGEM


Como é difícil compreender o verdadeiro sentido desta palavra!
O que é ter coragem? É ser um "valentão"?. É ser alguém que não mede suas palavras? É ser alguém que se diz corajoso e arrojado e enfrenta desafios descabidos, apenas para sua própria satisfação?
Desafios do tipo: alpinismo, esqui, pára-quedismo e tantos outros considerados como "esporte". Ah, ia me esquecendo do automobilismo... este esporte que movimenta multidões... Pois todos nós, ao colocarmos as nossas mãos na direção de um veículo, nos sentimos "verdadeiros automobilistas".
Mas será isso coragem? Ou será um mero "lustrar" do ego, ao receber os aplausos, ao ser parabenizado por esta ou aquela façanha?
Eu fui um destes tolos "corajosos e arrojados" que desafiam a natureza - fui um alpinista. Escalei diversas montanhas, diversos picos, na certeza de que nenhum deles seria um oponente do qual pudesse ter medo. Afinal, eu era corajoso e destemido.
E fui seguindo o curso de minha vida, de temeridade em temeridade, sempre achando que poderia ser um pouco mais arrojado. Até que, um dia, no jogo com a vida, fui eu que perdi.
Num momento de descuido, de distração, de confiança demais em mim mesmo, inebriado pela minha audácia, pela minha "coragem", não prestei a atenção devida à colocação dos pinos na rocha e despenquei. Fui vencido... Não pela escarpa íngreme, mas pelo tamanho do meu ego, pelo meu excesso de confiança.
No momento exato em que não havia mais como consertar o erro, no momento exato em que me dei conta de que aquele seria o meu fim, reconheci como havia sido tolo durante a minha vida inteira. E clamei por Deus... Clamei por Ele do fundo do meu coração, pois a adrenalina que até então dava-me forças para continuar sempre em frente, subitamente ajudou-me a perceber, com pavor, com covardia, que havia morrido.
Foi neste preciso instante que eu, que me considerava tão corajoso, deparei-me com o meu "eu covarde". Pois um frêmito de terror invadiu-me a alma ao ver meu corpo despedaçado, ao sopé da montanha. Neste momento, através de uma nesga de luz que atravessava a escuridão do meu terror, pude sentir perto de mim, dentro de mim, no meu coração, a presença de Deus.
Uma voz, em meu interior, incentivava-me a, agora sim, ser realmente um ser corajoso e afastar-me dali em direção a outro tipo de escalada. A escalada da compreensão, da fé, da evolução.
Então, mais uma vez, fica a pergunta: O que é coragem? O que é ser corajoso?
Para mim ser corajoso é o preciso instante em que você se dá conta de ser menor do que um grão de areia, mais frágil do que um grão de pó e aceitar isso. Aceitar, compreender e conviver consigo mesmo da maneira como é, sem precisar provar nada para ninguém, nem para si mesmo. Sem precisar colocar em risco a sua vida nem a dos outros.
Coragem é aceitar-se.
Coragem é levantar-se ao cair e continuar.
Coragem é reconhecer seu erro.
Coragem é admitir o quanto você é pequeno frente a imensidão do universo.

André Luiz Borges


A LEPRA


Numa vida, numa delas, eu fui um homem humilde e leproso.
Meu Deus, quanta dor! O abandono... a solidão... o desprezo... quanta dor....
A angústia de ver meus pedaços caindo, podres... Quanta dor eu sentia!...
A dor da carne? Não, isso eu não senti.
A minha maior dor foi o desprezo da sociedade.
Pobre sociedade!
Os amigos se afastaram.
Amigos? Que pena!
Nesta história, que parece tão dramática, aconteceu o meu nascimento.
Renasci para a vida, pois encontrei Deus nesta encarnação. A dor... Bendita dor que eu sofri!
A Deus, hoje agradeço pela lepra que me fez crescer.
Irmãos, contei essa pequena e humilde história para que possam ver na dor, a cura para os males do espírito.

Um irmão de vocês



SACERDOTE


Padre que fui, preguei amor, paz, humildade, caridade, mas nunca usei o que preguei.
Sim, meus irmãos, agora sofro muito com isso... No principal, que era deixar fluir a luz que de dentro de mim emanava, coloquei uma cortina negra em sua frente.
E o que aconteceu por causa disso, meus irmãos? Estou aqui, preso na obscuridade, pedindo a luz que tapei com a cortina negra.
De que valeram minhas preces dominicais, de que valeu-me dizer: "Eu, mensageiro de Deus!" Nada... Porque tais palavras não vieram de dentro de minha alma.
Agora peço que vibrem por mim e deixem que a claridade dos seus pensamentos venha até mim, em meu socorro, para que minha alma ganhe a paz tão desejada e possa descansar em outro plano espiritual.

Sacerdote Giovanni




PARE E PENSE...


Há muito tempo vivo a esconder-me, a fugir de mim mesmo. Podia fugir de todos, somente não sabia que não podia fugir de mim mesmo. Quanto tempo demorei para perceber que o erro estava em mim e não nos outros...
Sacrifiquei os meus melhores dias, os meus verdadeiros amigos, pus tudo a perder, só porque não compreendia que quem estava errado era eu.
Fica aqui meu singelo lembrete. Pare um pouco, pense com sua alma e com seu coração e verá o caminho a seguir. Será duro porque o orgulho não deixa, mas seja forte e verá quão bom isso poderá ser.

Um abraço de seu amigo




APRENDER COM O PRÓPRIO SENTIMENTO


Um grito de dor calou-se profundamente dentro de mim. O meu mundo desabou, a noite chegou e demorou uma eternidade até que eu pudesse, lentamente, tornar a ouvir e enxergar.
A dor era muito forte, não passava... E cada vez que vinha, aumentava o desespero, a loucura, o vazio...
Eu não entendia o que estava acontecendo, onde eu estava, quem eu era.
Alguém, de quando em vez, passava à minha frente. Ora falava, ora sorria, ora andava, ora sentava e eu, mais confusa ainda, deixava que aquela dor me dominasse.
Não conseguia ver as pessoas ao meu lado, não conseguia ouvir os esclarecimentos a respeito da minha nova condição.
Tanta dor me trazia a saudade daqueles que não mais veria, a quem não abraçaria mais.
Como Deus pode fazer isto comigo?
E Ele fez muito mais. Ele permitiu que amigos e familiares me socorressem, me amparassem e quando eu, caída, consegui levantar apoiando-me naqueles que comigo estavam, percebi o quanto estava lastimando, criticando, estacionando na vida.
Hoje estudo, estudo e estudo. Cada aula, cada palestra, tem-me ajudado, me aberto os olhos, fortalecendo-me naquilo que eu preciso compreender.
O apego a que nos entregamos na Terra, faz com que nos deixemos dominar pela fantasia de uma eternidade deteriorada pela matéria, pelas emoções, pela pseudo- riqueza, pelas falsas amizades, pelo falso império.
A alegria de caminhar por caminhos onde o riso, as flores, os pássaros, o cair da tarde, o dançar das chuvas, limpa por completo a nossa casa suja.
Viver é uma experiência maravilhosa, recomeçar das cinzas é acender o fogo do progresso.
Que todos vocês consigam viver exatamente o permitido no momento, pois a grandiosidade da vida está em viver. Aprenda com tudo o que vê, com o que ouve, com o que lê mas, acima de tudo, aprenda com o que sente.

Virgínia



BUSCA SEM FIM


Minha alma tinha sede. Sede de saber, de crescer, de ser feliz e de viver em paz.
Busquei essa paz em todos os lugares: igrejas, centros, templos, retiros, benzedeiras, enfim... E sentia-me cada vez mais perdido.
Acalmava minha mente por alguns dias, mas depois, novamente, sentia-me triste e melancólico. O mais difícil era aceitar esta situação pois eu tinha tudo o que desejava. Minha vida era tranqüila financeiramente, estava sempre cheio de amigos. Então, onde encontrar tais respostas?
À noite, sentia-me mais perdido ainda. Sabia que, ao amanhecer estaria num emaranhado de idéias sem sentido. Era tudo muito complexo.
Um dia, já cansado das buscas, resolvi silenciar, pensar mais na minha situação perante Deus. Percebi que ninguém poderia ajudar-me, que somente eu era o responsável por toda aquela angústia e sofrimento.
As respostas não puderam vir de nenhuma outra pessoa que, assim como eu, também estava buscando o encontro consigo mesmo. Percebi nessas minhas buscas em lugares diferentes, que todos nós somos seres andantes, sedentos de paz e equilíbrio.
Descobri que as diferenças entre nós são pequenas e, que cada um precisa se encontrar sem apoiar-se no seu próximo que também está lutando. Sem segurar na corda dos outros que já estão nos limites das suas capacidades.
Somos seres abençoados pelas mãos divinas, cada um com os instrumentos necessários para a sua sobrevivência e crescimento. Ninguém está abandonado. Somos nós que nos abandonamos quando perdemos a coragem e a capacidade de lutar.
Ninguém é ou foi santo, ninguém será santo. Somos viajantes, e nessa estrada tem flores, tem luz, sim. Basta que não fechemos os nossos olhos para elas.
Quando percebi que tudo só iria depender de mim, e que nenhum padre, espírito, feitiço ou coisa assim iria me ajudar, não desisti, prossegui em minha jornada. Só que não mais de buscas, mas de reconhecimento, compreensão e luta.
A vocês, amigos de caminhada, que Deus os abençoe.
Um abraço, com muito afeto.




DEPOIMENTO DE UM VICIADO


Um choro de criança.
Um sorriso de alegria.
Um abraço de parabéns.
Que momento alegre...
Quanta alegria naquela dia...
Meus pais pareciam ter encontrado um grande tesouro.
Beijos, mimos, festas...
Que vida seria melhor do que a minha?
Todos me invejavam. Eu tinha tudo o que bem desejasse.
Mas, na escola superior (assim era chamada na época), eu conheci uma turma que fumava, bebia e cheirava...
Me enturmei fácil, afinal eu havia nascido exatamente para vencer esse vício... Por Isso, logo me adaptei.
Será preciso contar-lhes o resto?
Desencarnei com 28 anos. Motivo? Overdose.
Hoje faço um trabalho junto aos jovens que estão nesse caminho sem retorno.
Quero agradecer a essa casa que está ajudando a muitos companheiros em luta.
Peço-lhes, amigos, não desistam no primeiro fracasso. Pois é muito difícil essa libertação. Muitos aqui estão se preparando para ajudar.
Que Deus abençoe a todos por mais esse trabalho.
E acreditem: Aqui temos muita admiração por todos vocês.
Um abraço forte.

Ignácio



CASA DE SAPÉ


Vivia em uma pequena casa - parede de barro, telhado de sapé, chão de terra batida.
Quando chovia, algumas gotas de água varavam o frágil telhado e nesse momento, mais do que nunca, elevava meu pensamento a Deus e agradecia pela providencial água para a lavoura e para as plantas secas naquele chão tão rachado.
A água que molhava a terra seca exalava um cheiro, como o de uma flor no apogeu de sua vida.
Desculpem-me se foi prolongado o meu depoimento. Quis mostrar que o homem não precisa de grandes coisas para ser feliz.
Lembrem-se que paredes de tijolos e blocos, precisam de cadeados e portões; telhados de vidro são alvo maior de pedras e chão de cimento só causa a fúria das águas.
Dêem mais valor ao que têm, ainda que seja pouco.

Um amigo do campo



VIDA PREGRESSA


Venho aqui dar o meu depoimento para todos, e mais especificamente para as mulheres. Pois são elas as responsáveis pelo acolhimento dos espíritos que regressam à Terra.
Tomem consciência de sua importância, principalmente na base familiar.
Quero lhes dizer que quando encarnada, abusei violentamente de meu corpo, chegando ao ponto de vendê-lo por qualquer quantia. Não sabia o grande erro que cometia, violando esta "casa" do espírito. Contraí enfermidades múltiplas que levaram à retirada do meu útero, só que a lesão maior foi no meu perispírito, deixando nele enormes seqüelas.
Fiquei anos presa a ambientes deploráveis, onde o prazer físico era o que contava. Até que, um dia, fui retirada daquele local e tive mais uma chance de poder reparar meus erros. Reencarnei, e como era esperado, não podia ter filhos. Entretanto, até consegui! Mas não resisti ao parto e acabei desencarnando novamente. Pudera, meu perispírito ainda trazia consigo, as seqüelas daquela encarnação anterior.
Hoje espero, novamente, outra oportunidade de regresso à Terra.
Um abraço,

Uma amiga



QUASE


Que força tem a palavra quase.
Quase consegui passar naquele tão sonhado concurso.
Quase consegui terminar aquele trabalho.
Quase consegui ler todo aquele livro.
Quase consegui despertar a atenção dos ouvintes.
Quase consegui comprar a minha tão sonhada casa.
Quase consegui viver aquele romance.
Na minha última vida na Terra, QUASE consegui ser um médium.
Que pena! Pois a maior importância da vida, eu depositei na palavra quase...



PREOCUPAÇÕES E ALEGRIAS


Não te preocupes se o desespero e a angústia te batem à porta, se a dor, amigo, é a
conselheira que te acompanha...
Nesse momento, vê o quanto poderás crescer com tudo isso, o quão forte te sentirás
para que, em outros momentos, possas lidar com tais circunstâncias.
Dentro da criação, tudo está em perfeita ordem. Se fizeste algo que está em desacordo com ela, pode ter certeza que terás que arcar por tais atos e, de uma forma ou de outra, resgatá-los.
Tudo tem sua devida finalidade.

Um amigo



BEM AVENTURADOS OS AFLITOS


A passagem pela vida terrena representa sempre um passo a mais em nossa caminhada evolutiva.
Quando aqui chegamos, trazemos em nossa bagagem tantos sentimentos de boa vontade, tanto desejo de levarmos até o fim aquilo que nos dispusemos a cumprir mas, aos primeiros obstáculos, às primeiras dificuldades, começamos a titubear, a reclamar e nos sentirmos impotentes para o cumprimento desse compromisso. É quando o desespero, a incompreensão toma conta do nosso ser, tornando-nos surdos aos apelos que nos são sugeridos através da intuição. Envolvidos por tantas aflições somos incapazes de fazer uma simples prece ou uma reflexão maior sobre a causa de nossa dor. Nesses momentos esquecemos tudo, achamo-nos vítimas de um destino cruel, pérfido.
Nada nos acontece sem que haja um porquê no pretérito. Tudo está lá!
Se procurarmos analisar um pouco melhor nossa vida, veremos que todo esse sofrimento seria amenizado se nos dispuséssemos a sentir melhor tudo o que está à nossa volta. Se olharmos para dentro de nós, ali estará a chave que nos dará a solução de todos os nossos problemas.
As aflições fazem parte de nossas vidas. Elas são necessárias ao nosso crescimento. Através das aflições é que, pouco a pouco, iremos nos lapidando, melhorando a nossa maneira de ver e sentir.
Fiquem atentos a tudo o que ocorre em suas vidas. Aí está todo o ensinamento que necessitam para o seu crescimento, para o cumprimento de suas tarefas.
Que Deus os abençoe.

Um amigo



PARA QUEM QUISER OUVIR


Passo adiante uma das grandes riquezas que me foi deixada como herança de meu pai, um homem simples e pobre.
Sou Senhor da minha vida.
Sou Senhor dos meus passos.
Sou Senhor do caminho por onde os meus pés passam.
Senhor da saúde, da beleza e do amor.
Senhor do trabalho.
Senhor da força.
Senhor da plena harmonia com o universo que me fornece a grande luz.
Sendo senhor, sou feliz e realizado, posso tudo que é bom.
Sou Senhor de mim, pois sou os movimentos da grande chama que aquece meu coração e me forma para a vida.
Obrigado meu Deus, por eu ter Te abrigado de tal maneira forte e segura dentro de mim. Pois sendo o Senhor, o meu Pai, não precisarei de nada. Se tenho a Ti, sou perfeito e completo.

Gerson




DEPOIMENTO DE UM "BOA VIDA"


Coitadinho... Ele acha que ninguém gosta dele...
Será?
Ele não se mexe para nada, nem mesmo um copo d'água ele pega.
Não se comunica com ninguém. Não quis estudar, fechou todas as portas que representariam um crescimento. Não conhece autor nenhum, porque está sempre cansado. Para que ler?
Meu amigo, eu sinto lhe falar, você está certo: nem você se gosta...
Levante-se dessa condição, tome um banho de ânimo, vista uma roupa que combine com o tempo de alegria e saia, urgentemente, antes que o tempo que está chegando de maneira rápida até você, o obrigue a viver.
Depois, não reclame...
Um depoimento cômico de um boa vida que se deu mau.

Ernesto




RELATOS


Estive aqui há muito tempo, assim como em outros lugares. Meus 70 anos encarnados na Terra me foram e continuam sendo muito importantes.
Não tive uma vida de riquezas materiais, mas sim de riquezas sentimentais, de amor, afeto, caridade...
Embora preso fisicamente a uma cadeira de rodas, meu coração não era preso, minha alma era liberta.
Apesar de minhas limitações de locomoção, pude compreender que era mais livre do que a maioria que caminhava com suas próprias pernas.
Pude vivenciar a felicidade no seu mais alto esplendor, tendo uma família, um serviço onde podia produzir algo, amigos, aqueles que me viam como um ser e não como uma criatura que precisasse de compaixão e de pena.
Encontrei nas plantas grandes amigas. Ah, em quantos momentos não trocamos nossas energias...
Acredito que, no meu íntimo, já sabia pelo que passaria. A paralisia adormeceu minhas pernas ainda criança. Abençoada minha mãezinha que me cuidou, que também sofria, sem nunca nada dizer.
Agradeço muito à vida por ter compreendido que, para ser livre, você tem que ser feliz consigo mesmo, sem esperar nada em troca.

Haron