ALDEIA DE ÍNDIOS


O fogo está
no meio da mata
a crepitar.
Sobre ele,
presa em uma forquilha,
uma panela de água a ferver.

Em volta deste fogo
estão as mulheres reunidas,
preparando a comida
de seus guerreiros
que saíram pra caçar.

Ouvem-se passos na mata
e um leve assobiar.
Índio avisa às mulheres,
que já estão a retornar.

Gente simples, gente humilde,
que tanto tem pra ensinar.
Respeitam-se, ajudam-se,
amam-se...
Uns dos outros,
estão sempre a cuidar.

O fogo permanece aceso,
com a água já a ferver.
Os homens sentam-se
ao seu redor,
enquanto as mulheres
terminam de preparar
o alimento de cada um
que desta tribo faz parte.

Na água fervente
cozinham a mandioca,
o milho, o palmito.
Nas brasas do fogo
assam o peixe,
a batata, a batata-doce.

Tudo pronto,
as mulheres e os homens
sentam-se,
reunidos na mais perfeita comunhão.
A eles unem-se
os velhos e as crianças,
tudo dentro da mais perfeita
confraternização.

O sol se põe,
a lua nasce
no alto do céu.
E estes irmãos,
irmãos de crença,
irmãos em amizade,
irmãos em união,
passaram mais um dia
unidos,
como um povo
vitorioso que são.

Levantam-se, sorriem,
e vão descansar em suas tendas.

Amanhã... mais um dia recomeçará.
Há muito trabalho por terminar
Mas, dentro do coração destes índios,
reina muita alegria,
muita comunhão.
Ajudam-se, compreendem-se,
sempre unidos estão.

A água esfriou,
a comida ao povo alimentou,
a última brasa apagou,
e toda a aldeia descansou.

Cauê




QUE DEUS É ESSE?


Os índios lutaram bravamente
para conseguir sobreviver
a todas as maldades
que os homens brancos
vieram a cometer.

O pajé chamava pelos espíritos
daqueles que, dos índios,
foram ancestrais.
Mas tinha tanto medo
que não conseguia fazer direito
os seus rituais.

Mas não adiantava gritar,
não adiantava dançar,
pois os homens brancos
tinham vindo para ficar.
Quando os índios isso perceberam
desistiram de lutar
e deixaram-se escravizar.

Por mais que os índios se revoltassem
não conseguiam lutar.
Na sua ingenuidade
acreditavam em tudo,
pois não tinham maldade.

Os homens brancos
trouxeram mais homens da sua raça
para ensinarem os índios
a rezar.
Mas que Deus era esse, o deles,
que permitia uma matança
tão brutal?

Os homens brancos diziam
que os deuses dos índios
eles não permitiriam.
Não compreendiam
que Tupã era um grande amigo,
pois aos índios não matava,
somente os aquecia.

Os homens brancos falavam
que tudo isso era bobagem
de uns lerdos que nada sabiam.
Mas quando Jaci nascia
e ao mundo iluminava
com seus raios prateados
os homens brancos
olhavam para ela
e se apaixonavam.

Só que não acreditavam
que Tupã e Jaci
pudessem fazer o bem.
Diziam que os índios
eram gente ignorante
e que o sol e a lua
não protegiam a ninguém.
Que os índios precisavam acreditar
naquele Deus que estavam mostrando.
Mas que Deus era esse
que deixava os homens brancos
irem aos índios exterminando?

Os índios não compreendiam
que não era Deus o grande causador
dos males que os afligiam.
A maldade toda
era feita em Seu nome,
mas Deus, dos índios,
nunca havia esquecido.

Os índios muito lutaram
mas... se catequizaram.
Aceitaram Deus dentro do coração
e aprenderam a palavra perdão.
Abaixaram a cabeça
e aceitaram a escravidão.
Mas dentro de si tinham a certeza
de que no céu
Tupã e Jaci
os abrigariam dentro do coração.

Cauê


CHOUPANAS


No centro da mata,
Dispostas em círculo,
Estavam nossas tabas
A dar-nos calor e abrigo.
Os homens caçavam,
As mulheres cozinhavam,
As crianças corriam.
E todos, muito felizes, viviam.
Mas dia chegou
Em que apareceu o homem branco
E, com ele, a dor,
Com ele o dissabor
De livre não mais poder ser.
E o índio,
Valente guerreiro,
Guerreiro valente,
Foi-se tornando quase demente
De tantos maltratos sofrer.
Tudo em nome de um deus
Que a tudo e a todos castigava.
Mas, por quê?
Se nada se fazia de errado...
E o homem branco chegou,
Se instalou,
E a terra dos índios dominou.
Escravizou-os, maltratou-os
Covardemente.
Sem dó, sem piedade,
Tirou toda sua liberdade.
Liberdade de correr pelas matas,
Liberdade de nadar, caçar, trabalhar.
E o índio foi escravizado...
Mas homem branco se esqueceu
Que só se pode escravizar o corpo.
E o índio, quando dormia,
Viajava para outros horizontes.
Horizontes lindos, infindos,
Com Tupã sempre a lhe guiar.
Hoje, passado tanto tempo,
Índio ainda está a se lembrar
Mas sabe que isso não volta mais.
Hoje o índio é livre.
Livre para trabalhar,
Livre para a muitos ajudar
A se conhecerem, se reconhecerem,
E aprenderem a também,
De todo e qualquer jugo,
Se libertar.

Iragi


JUREMA 2


Jurema a esta casa já veio
Prá sua ajuda ofertá.
Hoje, mais uma vez,
Ela teve permissão
Pra vir até aqui
Aprendê a trabaiá.

Jurema tá muito contente
Por com vocês podê está.
Gosta muito de cada um,
E pede licença
Pra podê lhes abraçá.

Jurema é índia forte
Que vai, de todo coração,
A outros irmãos ajudá.

Jurema, índia guerreira,
Tem braço e perna forte
Pros irmãos que tão doente
Ela pode ampará.

Jurema tá muito feliz
De entre vocês,
Podê de novo está.

Jurema agradece a Deus
Por Ele ter permitido
Mais essa oportunidade
Ela ganhá.



JURUCÊ


Os índios tão tudo aqui reunido
Em volta da mesa a orá.
Que o Pai proteja
A todos os filho
Pra que eles possa
Em segurança trabalhá.

A tribo se reúne
E se põe a jogá
Energias que renovem
A cada um que aqui está.

A tribo é guerreira,
Forte e valente.
E vai ajudá
A toda a gente
Que vier por esta casa procurá.

Os índios tão muito felizes,
Contentes e alegres
Pelas pessoas nos aceitá.

A tribo tá muito contente
E pede a Deus
Pra Ele lhes abençoá.

Jurucê



VIDA DE ÍNDIO


Nas aldeias
As crianças cantavam,
Dançavam e riam.
Os adultos,
Cada um com seus afazeres,
Iam levando a vida,
Dia após dia.
E todos eram felizes...

A floresta dava tudo
Que a ela se pedia.
Tinham frutos, tinham água,
Tinham abrigo,
Tinham amor.
Mais, não precisavam!

E a vida transcorria
Sempre na mesma calma.
Sempre com a mesma alegria
De poder andar, correr,
Nadar, caçar,
E dentro da mata,
Viver...

Medo - não existia
Doença - não existia
Vergonha - não existia
Certo ou errado - não existia

E o homem branco chegou...
Chegou e a tudo deturpou,
Violentou, dilacerou.
A vida livre e alegre
Foi cortada, foi cerceada,
Pois dentro do homem branco,
Muitos pudores havia.

E o índio
Ingênuo, desnudo, puro,
Começou a ser contaminado
Pelos erros e defeitos
Do homem branco.

E o tempo foi passando...
De uma raça forte e pura,
Poucos ficaram.
Pois o homem branco
Foi dizimando-os.

Hoje, poucos restam...
E estes, sequer lembram mais
Dos rituais de seus ancestrais.
Contaminados que foram
Pelas idéias do homem branco
Acreditam ser civilizados
E não percebem
Que, o que conseguiram,
Ao permitirem essa aproximação,
Foi a perda de suas referências...
Foi a destruição
Não só de um povo,
Mas de toda a sua cultura.

E este povo
Que ria, que chorava,
Que amava, que cantava,
Foi totalmente dizimado
Pela ambição
Do homem branco...

Cauê


FESTA DE ÍNDIO


Batem e soam os tambores.
É dia de festa na floresta.
Os adornos são colocados,
As caras são pintadas,
A fogueira é acesa
E todos se preparam
Para mais uma caçada.
Os velhos se reúnem
Para conselhos aos mais jovens dar.
Os pequenos também se aproximam
Para poder atenção prestar.
E os jovens guerreiros,
Os bravos caçadores,
Pelas matas vão a se embrenhar.
Mata verde, floresta viçosa
Que todo nosso sustento dá.
Os caçadores partem
Para mais tarde, felizes,
Retornar.
Retornar com a caça
Que é para poder a todos alimentar.
E os velhos, sábios e antigos guerreiros,
Ali ficam a cismar, a pensar, a orar
Para que o deus da caça,
O deus da colheita,
Possam esses valorosos guerreiros ajudar.
E quando enfim eles retornam,
O azáfama na aldeia é enorme.
Avivam-se as chamas,
Tremeluzem as brasas,
E começam a festejar.
E jovens, crianças, mulheres, anciãos,
Entram todos em confraternização,
E agradecem aos deuses
A fartura com que sempre lhes proveram.

Gig


OS ÍNDIOS


Os índios na aldeia,
Já começam a se movimentar.
Vem raiando um novo dia,
Está na hora de trabalhar.

Os homens, as mulheres e as crianças
Saem todos a se abraçar,
Agradecendo por mais um dia,
Em que juntos poderão estar.

Acende-se o fogo,
A água a ferver.
Na pedra, vamos amassar a tapioca,
Pois é preciso a muitos dar de comer.

Os curumins correm pela aldeia,
Felizes e alegres a brincar.
Os homens preparam-se,
Para ir à mata caçar.

Vamos, vamos, minha gente.
Todos juntos, alegremente,
Mais um dia atravessar.

Nos afazeres do dia,
Todos tem sua função.
Os homens caçam a carne,
As mulheres preparam o pão.

E a vida na aldeia segue...
Segue alegremente, docemente,
Todos com uma só intenção
Ajudarem-se mutuamente,
Abraçarem-se fraternalmente,
Amarem-se profundamente.

E a vida segue...
Tranqüila, harmônica

E o sol começa a se pôr...
Todos, em volta da fogueira, se reúnem.
Os mais velhos contando as bravatas
De sua juventude.
Os mais novos
Aprendendo lições
Que, mais tarde, serão utilizadas.

Os curumins correm de braço em braço,
De mão em mão,
Prestando a maior atenção
Nas histórias de seu povo.

E assim, vai-se passando o tempo...
Dia após dia, ano após ano,
E a vida da aldeia, sempre igual
Ao nascer do sol — trabalho
Ao pôr-do-sol — histórias

Histórias que serão passadas
De boca em boca,
De geração em geração,
Para que no futuro,
Ao findar-se uma raça,
Reste dentro do coração
Daqueles que partiram
E nunca mais voltarão,
Lembranças de um passado
Ao qual se dedicaram
De todo o coração.

Cauê


JUREMA


Jurema é uma índia
Que quer muito
Com vocês ficar.
Ainda não é permitido
Mas aqui vou trabalhar.

Jurema é índia forte
E tá aqui pra aprender,
Com todo o restante da tribo,
O que é preciso fazer.

Jurema ainda não sabe
Mas, aprendendo ela está.
Sempre a esta casa ela virá
Para ajudar aos outros
E para aprender a trabalhar.

Jurema é índia forte
É valente, é guerreira,
E quer muito ajudar.

Jurema pede a Deus
Pra deixar que ela possa
Ficar sempre,
Com o resto da tribo,
Aqui, a trabalhar.

Jurema, índia guerreira,
Muito pode ajudar.
ÍNDIO LUDIBRIADO


O sol já está
a clareira a iluminar.
A aldeia se enche de vida
com todo o povo a despertar.

Vamos, vamos, minha gente
é hora de começar a trabalhar.
As mulheres moem o trigo,
os homens saem para caçar.

Na tribo, cada um tem seus afazeres.
Ninguém fica à toa, a vadiar.
Até as crianças recebem o que fazer
pois, por menores que sejam,
já é preciso treinar. 

Os índios mais velhos,
reúnem todos eles à sua volta
para sua história ensinar.
Pois a tribo não pode deixar
que os futuros guerreiros
venham a se mostrar ignorantes
a respeito de seus ancestrais.

E os anciãos sentam-se em círculos
com muitas crianças a lhes escutar
e começam contando as bravatas
de um povo que há muito,
deixou de lutar.
Esse povo valente, guerreiro,
foi sendo disseminado
por todo um arsenal
de homens brancos
que, como quem não quer nada,
foi chegando e ao índio enganando.

E o índio, ser puro e dócil,
deixou-se comprar
por bebida, fumo e quinquilharias
que o homem branco lhe deu
em troca de muitas especiarias.

Índio não sabia,
índio não tinha noção,
das riquezas que possuía.

Hoje, os anciãos
reúnem os pequenos curumins
para contar grandes bravatas
que não são tão verdades assim.
E estes pequenos,
encantados com a história de seu povo,
não percebem a miséria em que vivem.

Das tribos valentes e guerreiras
sobraram poucos e magros guerreiros
que hoje, de enxada na mão,
pés descalços e cabeça em confusão,
pois perderam as referências de seu povo,
caminham por toda esta terra
sem ter de seu
um único pedaço de chão.

Pois o homem branco
ao índio enganou
e todas as terras
dele arrebatou.

Cauê



REALIDADE DE ÍNDIO


No meio da mata, escondida,
existia uma pequena aldeia
habitada por gente simples,
gente humilde,
que dali nunca saiu.

A harmonia ali reinava.
A paz, o amor,
a compreensão e a união
eram o lema desse povo.

Mas eis que surge uma raça
que os indígenas nunca haviam visto.
Homens brancos, esquisitos,
cheios de muita roupa e...
gritos.

Os silvícolas olharam,
se espantaram
com aquele povo tão estranho
que chegava fazendo
estardalhaço tamanho.

Ah, pobres silvícolas!
Com toda a sua bondade,
a sua ingenuidade,
não perceberam que
aqueles que chegavam
queriam suas terras roubar.

Através de gestos macios,
de falsos sorrisos,
de presentes baratos,
conseguiram aos índios
enganar...

Puseram-lhes roupas,
impuseram-lhes religião,
extirparam sua união
com fumo, bebida
e outras bobagens mais...

Alguns silvícolas até tentaram lutar.
Mas o homem branco, mais forte,
pois tinha armas a carregar,
conseguiu os índios
dizimar...

O tempo foi passando,
a sua cultura foi se miscigenando
até eles mesmos não saberem
o que era deles e o que era
de outro lugar.

Hoje, estes silvícolas
já nem tem mais onde morar.
Perderam o respeito próprio
e vivem, até, a mendigar...

De uma raça forte e guerreira
poucos conseguiram
lembranças guardar.

As lembranças de um povo forte,
feliz e guerreiro ficaram guardadas
somente nos livros de história,
que é para o branco não esquecer
que a toda uma raça
ele conseguiu exterminar.

Cauê



JUREMA 2


Jurema,
índia forte e guerreira,
mais uma vez,
veio vocês visitar.

Hoje, Jurema já compreende
um pouco mais
a situação em que se encontram
muitos dos companheiros
que precisam de maior atenção.

Jurema, nesta casa,
já começou a trabalhar.
Por enquanto, só ajudando
aqueles que aqui já estão
há muito mais tempo.

Jurema é índia forte,
que trabalha com muita vontade
de ajudar aqueles que precisam
a seguir o seu caminho.
Jurema cada vez
aprende um pouco mais
com vocês.

Jurema, do lado de cá,
também aprendeu a lidar
com aqueles que não compreendem
que precisam sua vida mudar.

Jurema, já vai-se embora
não há mais o que falar.
Deus abençoe vocês todos
que ainda têm muitos
para ajudar.




MINHA TRIBO


Quando a minha tribo
eu encontrar
vou pedir para sentar,
conversar,
na rede me aconchegar,
e todas as minhas dores contar.

Quando a minha tribo
eu encontrar
vou pedir ao velho pajé
para me abençoar
e, de perto de mim,
os maus espíritos afastar
para doente
não mais ficar.

Quando a minha tribo
eu encontrar
meu coração vai bater forte,
talvez eu nem suporte
a emoção que irá tomar
todo o meu ser...

Quando a minha tribo
eu encontrar
vai ter festa, vai ter canto,
vai ter dança,
pajelança
por um filho retornar.

Ah, quando minha tribo
eu encontrar
nunca mais irei abandonar
meus amigos, meus companheiros
de caçada, de jornada.

Quando minha tribo
eu encontrar,
quando ao meu lar
eu retornar,
quando a todos os amigos
eu abraçar,
vou chorar, gritar,
orar a Deus
e agradecer
por, finalmente,
encontrar a paz.

Cauê





CONVERSA DE ÍNDIO


Índio está triste, índio chora, não por si, mas sim pelos homens da cidade.
Índio conhece e respeita a natureza, sabe que a natureza é força poderosa da terra.
Homem branco não sabe disso, acha que Deus criou tudo para seu uso, e que não há outros seres que habitam essa natureza.
Foi criada com tanta beleza para que os homens se comovessem e tivessem um pouco mais de respeito e carinho com ela.
Eles não sabem que viver com toda essa natureza é evoluir também.




CURUMIM


Surgem os primeiros raios de sol...
Vão-se os raios do luar...
E a aldeia desperta,
para mais um dia continuar
aprendendo, ensinando,
sorrindo, chorando...
Felizes ou tristes
mas todos, sem exceção,
mutuamente se ajudando.

E a lua se põe...
E o sol nasce...
E floresta surge e ressurge,
cada dia com mais esplendor.
E um a um,
na tribo vai-se levantando,
vai-se preparando
para mais um dia começar.

Curumim, vá buscar água.
Curumim, pegue a tapioca.
Curumim, coloque o milho para assar.
E a tribo, já em pé, já desperta,
começa a se alimentar
para novas tarefas iniciar.

Os homens sairão
para garantir o sustento,
a sobrevivência da tribo.
E vão caçar, pescar...
E até encontrar um novo lugar
que possa acolher,
com mais comodidade,
os velhos, os jovens e as crianças.
Esses guerreiros sabem
que mesmo sendo dias de bonança,
é preciso ter sempre na lembrança
que tempos difíceis podem chegar.

E todos trabalham...
E todos se ajudam...
E todos lutam, juntos,
para manter a tribo unida.

E o dia corre solto.
As crianças brincam alegres,
felizes, cheias de vida.
As mulheres cuidam de moer o milho,
de fazer o pão, de preparar o peixe.
Os homens, à volta do lume da fogueira,
de repente começam a entoar os cânticos
de seus antepassados, de sua tribo,
daqueles que velam por eles.
E a este canto juntam-se
velhos, mulheres, crianças.

E eles agradecem...
Agradecem àqueles que
estiveram ali antes deles.
Agradecem aos deuses,
agradecem aos céus,
agradecem a eles mesmos,
abraçando-se uns aos outros,
cantando felizes e eufóricos
pela paz que no momento
podem desfrutar.

Começa a cair a noite...
O sol se esconde e,
mais uma vez,
num novo ciclo de vida,
surge a lua.
Seus raios, infiltrando-se
pelas copas das árvores
vão envolvendo
a cada uma destas criaturas,
fazendo com que as peles
fiquem prateadas,
que tudo ao redor torne-se
como que um sonho cheio de magia.

E os índios se calam
e absorvem as energias
vindas da lua.
E agradecem...
Pelo sol que puderam desfrutar,
pela paz que puderam ganhar,
por mais este dia
que acabaram de conquistar.

Guilermo