A ESTRADA

Vejo a estrada sem fim.
Eu caminho por ela
Ou ela passa por mim?

Movimentos, impulsos incessantes.
Não há parada, não há descanso,
Tenho que caminhar sempre adiante.

Nesse redemoinho de idéias,
O tempo corre apressado.
Se me distraio um segundo,
Já é tempo passado.

O passado já passou,
Já não me pertence mais.
O futuro, pra mim é uma incógnita.
Como então encontrar a paz?

Ouço a resposta que ecoa.
Não sei de onde ela vem...
Talvez do caminho que passa por mim.

É o momento presente!
Dirija a ele toda a sua atenção,
Pois a estrada passa, levando o passado.
Você caminha para o futuro
Mas "vive" o presente em ação.



ACABA NUM SEGUNDO

Sinto a tarde, o vento frio
Que na minha alma se abate.
Mas quando penso na vida,
Sinto que o Senhor me abraça.

Me abraça, e eu percebo
Como é pequena a nossa vontade
De querer mudar o mundo.
Pois só fica na vontade
E tudo acaba num segundo.

Mudar o mundo é preciso.
Mas como, se não nos mudamos...
E tudo fica na mesma
E tudo passa num segundo
.
Ah! como eu queria ficar a olhar
Para o horizonte e admirar
Como é bela a nossa vida.
E tudo acaba num segundo.

ALMA SANTA


Alma santa é aquela que se eleva
E não obstante se abaixa
, Se curva, se dobra
Estendendo suas mãos
Àqueles que ainda se encontram
Nos abismos da fraqueza humana.

Quanta dor amenizada
Quantas lágrimas secadas
Quanto consolo espalhado
Quanta paz é semeada

A luz que se acende
A serena tranqüilidade
A resignação que se sente
É trabalho árduo e constante
Daquelas almas felizes
Por assim agir

Estando um passo à frente,
Retornar dois e sentir,
Que um simples olhar para trás
Faz tão bem ao seu irmão
Que em vez de dois, volta dez
E o levanta do chão!

André


AOS QUE TEM POSSE

Tem tanta gente humilde
Gritando por socorro
Implorando por perdão
Que quando finalmente aprendermos
Que basta estendermos as mãos
Para uma ajuda prestar
Muitos problemas solucionar
Colocaremos nossa indiferença de lado
E agiremos com toda precisão
Em prol daquele irmão
Sofrido, maltratado, abandonado
Pelos seres viventes
Que achando-se tão perfeitos
Pelos muitos bens que possuem
Esquecem-se de que um dia
Todos eles serão deixados
Pois terão de partir.
Então, meu irmão
Não seja contraproducente
Lembre-se que existe muita gente
Na miséria, no abandono
Sem ter um mínimo ganha-pão
E você finge não ver, finge não perceber
Que muito pode fazer
Para ajudar esse irmão
Que cheio de coragem
Aceitou lutar muito nesta vida
E assim, obter permissão
Para nova chance ter
Para novamente renascer
E quem sabe um dia
Poder lhe estender a mão.

Juca


APORTAR

Cabelos encanecidos, barbas longas,
Sofrido, maltratado,
O bom e velho homem
Segue seu caminho
Sozinho...

Por onde ele passa
Os homens o rechaçam
Achando ser ele,
Um folgazão.

Mas, coitado...
Já caminhou e lutou
Tanto por esta vida,
Que até seu sorriso
Já perdeu.

O bom e velho homem
Foi um valente lobo do mar.
Já viajou por todo este mundo
Para levar alegria e para sonhar.

Sonhar com uma família
Onde um dia ele aportaria.
Mas qual o quê...
Nada disso aconteceu.
E o velho lobo do mar
Não se cansa de sonhar
Com o dia em que poderá
Aportar...

Aportar em um remanso
De águas claras e límpidas.
E, ao sentar-se e descansar,
Depois de tanto por este mundo andar,
Elevará seus pensamentos aos céus
E com lágrimas nos olhos dirá:
"Deus, estou pronto!
O senhor já pode me levar".

Um marujo


ARREPENDIDO

Caminhando sem pressa
Sem rumo, sem prumo
Nessa vida que tantas dores traz
Mas que precisamos levar adiante
Para não sofrermos mais
Sofrermos num futuro
Que não sabemos qual é
Mas que a nós compete
Confiar e aguardar
Que Deus vele por nós
Que Ele nos ouça
Que Ele nos abençoe
E que sobre nós estenda
O Seu manto de bondade
De caridade, de afeto
E todo Seu amor
Que Ele possa perdoar
Os pecados deste ser
Que muitos entraves
Em sua vida colocou
Mas que agora está tentando
Aprender a doar amor.



BARULHO DO MAR

A areia gira, me envolve
O mar chega até meus pés
Em movimentos suaves, ritmados
Mar, areia, que eu tanto amo
Quisera poder lhes abraçar
E um de vocês me tornar

O vento me acaricia
Num suave balouçar
O cabelo esvoaça, a espuma se espalha
E o mar, perto de mim, a se quebrar

A areia fina escorre pelos meus dedos
Como minha vida...
Aos poucos foi se acabando
Suave, tranqüila
Escorregando pelo tempo
Do qual não me lamento

Só queria um tempo mais
Pra poder sentir o afago da brisa
O calor do sol
O barulho do mar
E sentando-me na areia
Me deixar levar
Pelo sono eterno
Que já está a chegar

Vou partindo, meus amigos
Já é hora de lhes deixar
Mas lembrem-se de mim
Quando se quedarem a olhar o mar.

Ana Sílvia


CAMINHA

Coragem!
O caminho é longo
Mas necessário.

Ânimo!
Existe um universo todo,
Ao qual estás ligado,
Recebendo energias e vibrações
Pelo teu sucesso.

Confiança!
O amor supremo te criou
Para amar e progredir.

Firmeza!
A tua evolução depende
Da tua vontade.
Compreensão!
Tens todos os instrumentos
De que necessitas.
Só é preciso saber usá-los.

E sobretudo fé !
És imortal !



CAMINHADA

No suave balouçar
Da vida,
Do tempo,
Do findo,
Do infindo,
Vou caminhando...

Caminhando para onde?
Não sei...
Caminhando por quê?
Não sei...
Simplesmente, quero caminhar.
E quando um lugar
Cheio de amor eu encontrar,
Vou pedir para ficar, parar,
Descansar...
Deste louco caminhar.

A procura do quê?
Não sei...
A procura de quem?
Já não me lembro...
Mas continuo,
Continuo sem cessar,
Neste louco caminhar.

E caminhando eu sigo,
Caminhando eu vou,
Até parar...
E cansado, extenuado,
Saber que tudo aquilo
Que estou a procurar
Neste louco caminhar pela vida,
Está dentro de mim.
Está dentro do meu coração.
Está dentro da minha razão.
O que é?
Viver, simplesmente, viver.

Kadú


CAVALO DE TRÓIA

Um fogo, um ardil, um embuste?
O que significa este dizer?
Para uns, astúcia, estratégia, vitória
Para outros, desespero, sacrifício, morte

Para a astúcia de uns
Degredo para outros
Para a imprudência de uns
Conquistas de outros

Qual acontece em nossos dias
Muito engodo, muita traição,
Só terá sucesso
Quando encontrar invigilância
Vaidade e ganância

Atentemos pois para a nossa posição
O que ela nos aponta?
Estamos tentando burlar a inocência dos outros?
Ou estamos baixando a guarda de nossa moralidade?

Tanto uma como a outra posição
São indesejáveis para quem busca a melhoria
Pois a perfeição se adquire
No ataque de si mesmo
Naquilo que não lhe é bom

E o presente de grego
Se transformará no troféu da conquista
Que os justos adquirem
Vencendo a boa batalha
Do seu próprio eu.

Bartolomeu


CICLOS

Remotos pensamentos
Formas uniformes e disformes
Eclosão, explosão, reação
Abrigo de vida nova, caminho de evolução
Abrigo de vida que se renova
Que se caminha em comunhão
Planeta em formação, experimentação
Casa e coração
Arado e formão, construção
Milênios passados
Eis a plantação
Que ainda luta com a terra
Para a germinação
Sementes que nascem
Florescem mas enfraquecem
E "morrem" ...
"Morrem" para ajudar na fertilização
Deste solo que as abriga
Para então renascerem fortalecidas
Ciclo vital e reformador
Para a colheita farta,
No futuro promissor.
Tudo a seu tempo e lugar
É plantar
E esperar...



CIRANDA DA VIDA

Na ciranda da vida
Me perdi,
Me recolhi,
E muito sofri.

Na ciranda da vida
Fui guardado, embalado,
Amado, maltratado,
Sem nunca conseguir entender
Por que levava a vida
Em vão...

Na ciranda da vida,
Desta vida que a ninguém perdoa,
Que a ninguém ajuda,
Que a ninguém estende a mão,
Fui engolido por desatinos
Que tomaram conta da minha razão.

Na ciranda louca da vida,
A minha grande meta
Era ganhar dinheiro de montão.

Na ciranda louca da vida,
Galguei, degrau por degrau,
A escada da minha ascensão.
Não me importava com nada,
Só queria saber
De muito dinheiro ganhar.

Na ciranda louca da vida,
Os degraus que galguei
Foram amigos e pessoas
A quem muito machuquei.
Fui golpeando-as, atropelando-as,
Só pensando no meu bem estar.

Hoje, sozinho me encontro,
Sem uma mão sequer
A me embalar.
E a única coisa que me resta
É andar, andar, andar...
Para, novamente,
Na ciranda da vida entrar.

Carlos Augusto Lopes


CONSTRUÇÕES MENTAIS

Atravessei diversas dimensões
Vaguei por mundos desconexos.
Em formas tridimensionais
Fabulosos mundos paralelos
Conectados, interligados
Estreitamente unidos
Pela imensidão do pensar
Mundos projetados
Ainda não concretizados
Aguardando a oportunidade
De concretização.
Pela razão ou não razão
Do criador...
Um pensador inconseqüente
Que usa a mente desocupada
Sem nenhuma idéia do que constrói
Fantásticos engenheiros
Que constróem e destroem
Sem nem ao menos ter noção
Que a construção mental
É responsável
Pelo andamento da humanidade
Pela iniquidade
Pela ambigüidade
Dos mundos, da Terra, do universo
Seres pensantes,
Aprendam a pensar!

ARON


DESAFIO

Da mocidade à velhice
O tempo passa ligeiro
Surge muita esquisitice
Porém, tudo é passageiro
Diminuta é a existência
O corpo logo se cansa
Tão grande é a providência
Que nos dá tanta esperança
Tudo é paz e graça
No reino da imaginação da criança
Voltemos no tempo um minuto
Assim teremos gratidão de viver
Com tantos desafios vencidos
E tantos outros a vencer

Desire


DOAR-SE

Estenda suas mãos
E nelas coloque seu amor, seu calor
Dê-se, doe-se, sorria
Senão a vida será tão vazia...

Nosso ego nos envolve
Nos sufoca todo o ser
E quando percebemos
Sobre nós, ele já tem seu poder.

Tranque o egoísmo
O delírio, a fantasia
Preencha a vida
Tão vazia
Com calor humano...
E quando sorrisos receber
Verá em seu coração nascer
O amor...

O amor por todos aqueles
Que por sua vida passarem
Conhecidos ou não
Amigos ou não
O que vale mesmo
É a nossa doação

Doar amor, doar calor
E estar sempre e sempre
Junto a irmãos
Que de você necessitarem
E doar-se... doar-se... doar-se

E nessa doação
Fazer uma oração
E do fundo do coração
Pedir perdão
Por mais não poder fazer

Ricardo


ENTRE RIMAS

Perdido há quanto tempo
Em um tempo que já não conta
Perdeu a conta...
Engendrado em sentimentos obscuros
Tão escuros que já não tem
Motivo de ser.
Preso a laços rancorosos
De ódio, inveja, rancor,
Por traição, por haver traído
Por fazer perder ou haver perdido
Por orgulho, amor ferido
Ou amor perdido
Já não se sabe
A intensidade dos sentimentos
Que hoje o prendem a pensamentos
Tão hediondos
Sentindo a dor que gostaria
Que outros sentissem
Lacerado na dor a outros desejada
Lançado a abismos profundos
Do pensamento enegrecido.
Lamenta-se hoje o homem
Que em outro tempo
Além do tempo
Desejou e alimentou-se
Impregnou-se, contaminou-se
Contagiou-se
Com o próprio ódio
Bebeu do próprio veneno
E do próprio veneno morreu
Hoje pede uma nova chance
Pelas chances que perdeu.
E estende as mãos a Deus
Em busca do perdão
Para através da reencarnação
Encontrar meios
Para novamente se reajustar
E no amor encontrar
A paz.

Josué


ERROS E ACERTOS

Caminhando... caminhando...
De alguns vou cuidando,
A muitos vou atropelando,
A poucos sigo amando
Nesta vida benfazeja,
Que tantas alegrias me deu.
Me deu força, me deu saúde
Me deu alegria, me deu euforia,
Para viver, para morrer,
Para renascer...

E aqui estou eu:
Um homem velho
Um velho homem
Um homem novo
Um novo homem.
E vou seguindo meu curso,
Qual um rio em seu leito.
Docemente, calmamente,
Tranqüilamente...

O viver belo, profundo,
De uma alma em crescimento,
De um ser em refazimento
De um passado de erros e acertos.
E, esses erros e acertos
Vamos tentando encaixar,
Para podermos a tudo aceitar,
Sem nunca pararmos a nos queixar.
Queixas só trazem sofrimentos.
Sofrimentos nos trazem lamentos.
E não podemos nos quedar
Em lamentações,
E deixar a vida passar.

Vamos nos envolver em amor,
Em coragem, em fé, em esperança.
Vamos voltar a ser crianças!
E deixar, que em nossos corações,
A alegria e o amor
Voltem a reinar.

Gustavo


HOJE

O que posso esperar do amanhã
Se hoje, não fiz nada.
Não sorri, não gritei, não chorei,
Não consolei...
Não perdi, mas não ganhei
Passei minhas horas sozinho
Trancado não só em meu quarto,
Mas em mim...

Que incerteza de tudo
Que medo de sair, ver o que acontece
E do que posso sentir
Conhecer a mim e começar a fazer!
O que poderei esperar
De tantas outras manhãs
Onde o sol vai brilhar
As pessoas vão abrir suas janelas,
Sair por suas portas,
Para vivenciar nas experiências
O mais gostoso da vida.

O que espero, hoje, de mim?
É a pergunta que me faço agora
E como resposta, eu digo:
Viver...



INFÂNCIA

Infância feliz
Onde alegre eu cantava,
Brincava, pulava,
Recebia e dava amor.

Infância feliz
Onde o espírito,
Ainda um aprendiz
Nesta nova encarnação,
Se doa, abraça,
Ama a todos,
De coração...

Infância bendita
Que nos foi permitida
Para que pudéssemos nos libertar
De erros, de apegos, de desafetos,
Que passam a vida
A nos atormentar.

Infância feliz
Infância bendita
Onde nossos anseios,
Numa mente infantil,
Ainda dormitam.

Infância feliz
Onde ansiedade, frustração,
Egoísmos, futilidades,
Não existem em nossa vida.

Infância feliz
Infância abençoada por Deus.
Mas nós, renitentes, inconseqüentes,
Prepotentes...
A desperdiçamos, sem nos lembrar
Que o arrependimento tardará,
Mas virá.
Aí já será muito tarde
E será necessário recomeçar
Uma nova infância feliz

Dalmo de Alencar


LÁ SE VÃO TANTOS ANOS...

Lá se vão tantos anos que parti...
Tanto chorei, tanto sofri
Por não entender, não perceber,
Não compreender
Que o que existe na Terra
Não é viver...

Lá se vão tantos anos que parti...
A saudade já muito doeu, já muito feriu,
Pois quando partimos e
Nossos entes queridos deixamos,
Nosso coração se parte,
Nossa alma se revolta,
E achamos sempre
Que ainda não é a hora.

Lá se vão tantos anos que parti...
Mas agora me sinto feliz
A saudade, lá bem no fundo do peito
Aconchega, acalenta,
Um coração que já foi tão sofrido
E que apesar de haver se partido
Todos os seus pedaços juntou.
Um a um foram se colando
Com a paz, o amor, a fraternidade
Que cada mão aqui lhe doou.

E este coração quebrado
Finalmente compreendeu
Que sua hora havia chegado
Que sua vida na Terra
Havia terminado.

E hoje, feliz, contente,
Ele ajuda alegremente
Aquele coração que aqui chega
Partido e descontente...
E que com toda a paz, todo o amor,
Se juntará novamente.

Milton de Almeida


LEMBRANÇA

Quero guardar de ti teu sorriso
Que pedia sempre a alegria e o vigor
Do entusiasmo e da certeza
Que me mostrava que eu seria capaz

Quero guardar de ti
A perfeição dos teus atos gentis
Que se apresentavam
De forma clara e desprendida

Não posso guardar nada que usastes
Que comprastes ou que ganhastes
Não seria correto, pois não me pertenceria
Não fiz por merecê-los
E nem seria por mim bem usado

Não quero guardar nada
Que não tenha me dado, me confiado
Porque não entenderia o significado

Guardo teu rosto, tua respiração
Teu cheiro, tuas mãos
Que sempre contemplavam
Através do aperto das minhas
O quanto acreditavas em mim.

um amigo


NUVEM

Nuvem que forma figuras
Nuvem que traz fantasias
Ao ver o rosto de um amigo
A espalhar alegria.

Nuvem rosada que o sol irradia
Esperanças de te ver mais feliz ainda
Nuvem que passa e traz alegrias
De te ver ao entardecer
Cantando poesias

Nuvem que vem e volta
Que traz e leva
A esperança de um dia
Poder te ver no horizonte.

Josué


O CAIÇARA

Pescador trabalha de sol a sol
Com chuva, com frio, com vento
A natureza lhe dá todo o alento
Pra por essa vida poder caminhar
E nada vir a lhe faltar

Pescador trabalha de sol a sol
Pra sua família poder sustentar
Todos os dias ele reza muito
Pra Deus não lhe abandonar

Pescador trabalha de sol a sol
O mar é o seu sustento
O mar ouve seus lamentos
Quando peixes não consegue pegar

Mas Deus, lá do alto
Está sempre a vigiar
Pra que o pescador e sua família
Fome nunca venham a passar.

Um caiçara


O EXEMPLO

O pão alimenta a matéria
A palavra alimenta o espírito
O exemplo vivifica e abre caminhos
Para que suas palavras surtam efeito
Diante das situações
Em que tenha em tua vida
Que comprovar e defrontar
Suas verdades...
Dê a caridade do exemplo
Exemplifique servindo
Tenha estendidas as mãos
Repletas de amor
Exemplifique com o coração
Sempre aberto e compreensivo
Exemplifique não julgando
Simplesmente doando
Em atos que não humilhem
Estenda as mãos, o coração
E transforme suas palavras
Em projeções de paz, de querência,
De renovação, de transformação
Reflita e transforme os seus gestos
Transforme o pão em afeto
O afeto em atos
E seus atos em exemplos vivos
Para que suas palavras então
Sejam de alento e ânimo
Impulsionando, estimulando
A quem se aproximar
Em busca de orientação
A seguir marchando,
Independente dos percalços
Tendo a sua frente o espelho
O apoio límpido, claro e sincero
Do seu exemplo.

Moisés


O JANGADEIRO

Lá se vai o jangadeiro
Pelo imenso mar a navegar
Todo dia de manhã ele acorda
Bem cedo pra ir trabalhar

Faça chuva ou faça sol
Esteja o mar calmo ou bravio
Ele enfrenta os desafios
Pra sua rede poder lançar

Chapéu de palha
Calça arregaçada
A mão tão calejada
Mas ele vai-se embora
Feliz a cantarolar

Na sua jangada velha
Tão velha, quase a se quebrar
Mas dentro dela ele sabe
Que vai seu sustento ganhar

E a jangada singra o mar
Deixando seu rastro a brilhar
Canta, canta, meu jangadeiro
Que Deus está a lhe abençoar.

Um pescador


PEDIR PERDÃO

São tantas as descrenças
As desavenças
Que envolvem nosso ser
Que envolvem nosso coração...
E nós, de antemão
Sabemos que não devemos
Ser assim...
Mas o orgulho, a vaidade
A nossa alma invade
E quando percebemos
Já estamos envolvidos
Pela cólera, pela ira...
Cuidado, irmão
Para não meter-se em confusão
Confusão gera desavenças
Desavenças geram desajustes
E pode acabar-se a união.
Feliz é aquele
Que sabe pedir perdão
Só perdoar não leva a nada
Aceite minha sugestão
Haja sempre com meiguice
Com carinho
Dedique-se de todo coração
Pare com o flagelo mental
Pois não tem nenhuma razão
Sou um seu amigo
E estou a estender-lhe a mão
Não crie desafetos, desamores
Deixe falar seu coração.

Um amigo


RECICLAR

Música cálida que envolve todo o meu ser.
Este ser que perdeu a razão,
Que perdeu a vontade,
Que perdeu todo o prazer
De viver....B
E este ser agora chora,
Se lamenta, se condói,
Mas a vida não tem piedade,
A vida não tem bondade,
Pois a todos os seres destrói.

Destrói para dar lugar ao novo.
Recicla, gira, constrói.
Tudo se forma novamente:
Aproveitando o velho,
Aproveitando o novo.
Reciclando, renovando
Toda a vida do planeta.

O velho se vai
Para dar lugar ao novo.
Mas o novo também já foi velho
. E o mundo, a vida, giram.
Giram para a tudo remodelar.
Árvores nascem, crescem, fenecem,
E a natureza sempre a se renovar.
Os seres nascem, crescem, envelhecem,
E a vida sempre a caminhar.

Se todos nós deixássemos
De lutar contra a imensidão
Deste mundo que nos rodeia,
E seguíssemos, sem luta, O curso da vida,
Seríamos todos tão felizes...
Todos repletos de tanta alegria...
Que nos seria indiferente
O entra dia, sai dia,
Pois estaríamos sempre calmos,
Sempre equilibrados,
Sempre repletos de muita alegria
De viver, de amar, de sorrir,
De sonhar...

Carlos (Carlito)


RIMAS

Em sintonia vamos nos colocando
Para com todos vocês vibrar
Vibrar por nós, por nossos amigos
E por quem de nós se aproximar.

Eduquemos nossa mente
De maneira a nos libertar
De orgulhos tolos
Vaidades bobas
Que só nos fazem chorar.

É muito difícil
Bem o sabemos
Mas por que não tentar?
Nada temos a perder
E poderemos melhorar.

Nos tornarmos uma pessoa dócil
Compreensiva
Que a todos aprenderá a amar
Somos seres tão imperfeitos
Então como aos outros
Temos coragem de julgar?

Vamos lá, meus amigos
Arregacem as mangas
E comecem a trabalhar
Façam isso bem depressa
Para depois...
Não virem a se queixar

Carmine


A LAMA E A FLOR

Por que eu não lhe compreendo,
Mesmo buscando respostas
Em idas e vindas,
Em vidas e mortes ?
Por que eu não lhe aceito
Mesmo tendo consciência
De que devo lhe aceitar?
Por que não consigo ver em você
O que outras pessoas vêem?
Não é por falta de esforço...
Me apego à falsas imagens
À vidas que não vivi.
Procuro achar em você
Um ponto em que me apegue
E que negue
Tudo o que representamos
Nesta trama que criamos,
E que agora nos envolve,
Não nos permitindo nem
Um gesto de perdão
Um sorriso disfarçado ...
Será que Deus,
Em seu infinito saber,
Não me enviou você
Para me fazer sofrer?
E só assim aprender
Que do ódio nasce o amor
Que do amor nasce o ódio?
E que devemos juntos tentar
Mesmo amando e odiando
Testar a lei do retorno
A lei da "causa e efeito"
Que nos permitirá crescer?
E, quem sabe, descobrir
Em nossas próprias falhas,
Em nossas próprias rebeldias,
Meios para um dia
Conseguirmos nos enxergar
Como irmãos
Dentro de um todo imperioso
E nos impulsionar a plantar
E ver brotar,
De dentro da lama, a flor...



O ESPETÁCULO NÃO PODE PARAR

O mundo gira,
Me embala
E, no sopro suave do sono,
Vou sendo levado.

Flutuo, giro, rodo,
Como um pião...

Rio, canto, choro,
Como um grande bufão...

A vida me leva,
A vida me enleva,
A vida me trava,
A vida me entrava,
Mas vou seguindo...

Qual vivesse numa grande comédia,
Vou seguindo...
Afinal, não é isso que a vida é?
Um grande e iluminado palco,
Onde os atores decoram direitinho
O seu papel?...

Colocam suas máscaras,
Vestem suas fantasias,
E qual a dona de um bordel,
Riem, riem muito.
Mostram-se alegres, felizes,
Satisfeitos...
Mas o coração,
No peito está a sangrar.

E os atores caminham,
Sorriem, choram...
Abraçam, sofrem, amam...
O público: é toda a humanidade
Os atores: são toda a humanidade
E os atores se revezam
No palco da vida,
Pois o espetáculo não pode parar.

Martim


LEMBRANÇAS

Voa longe o meu pensamento
Por lugares que não conheço.
Será que não conheço mesmo?
Ou será que esqueço.

Quem sabe de outra vida,
Quem sabe noutra existência...
Pois o que nos marca muito
Deixa um resto de lembrança.

Pensamentos que me trazem
Coisas boas, outras nem tanto...
São só lembranças
Que não deixo tomar conta.

Essas lembranças, tenho certeza,
Não me vêm por acaso.
Apenas eu percebo
Que posso ser diferente.

Diferente do que fui.
Que eu posso ser melhor.
Quem sabe, essas lembranças
Sejam apenas para alertar...


CARÍCIAS

Mãos que acariciam
Num suave lamento,
O rosto no qual
Uma lágrima está a rolar.

Mãos que acariciam
A face de uma criança,
Cujo sorriso
No seu rosto, no seu olhar,
Está a brilhar.

Mãos que acariciam
O velho cansado...
Cansado de tanto caminhar.
E que, ao roçar destas mãos,
Sente seu cansaço desaparecer
E a força do alento, voltar.

Mãos que acariciam,
Mãos que abraçam,
Mãos que amparam,
Mãos que afagam,
Mãos, doces mãos.

Que, ao se estenderem
Com toda a bondade,
Amor e benevolência,
Em direção
A quem delas necessite,
Possuem a luz de Deus
A iluminá-las.

Cândido


JARDIM DA INFÂNCIA

Como em um jardim de infância
Nós, adultos,
Vamos aprender o bê-a-bá.
Comecemos com
As primeiras letras: a, e, i, o, u.
A - amor
E - esperança
U - união

O "i", de inveja
Deverá ser esquecido.
O "o", de orgulho
Deverá ser engolido.

Algumas letras mais
Poderia eu falar
Mas esta é uma coisa na qual
Vocês devem pensar,
Como se estivessem
As primeiras letras aprendendo.

Gravem em suas memórias
Aquelas que
Lhes darão alento
C - caridade
D - dedicação
F - felicidade
E assim, vão fazendo
O seu próprio dicionário,
Onde só deverão constar palavras
Que muitas alegrias
Possam dar.

Ari


CADA QUAL COM O SEU PAR

Cada qual com o seu par.
E cada par com seu andar.
Quando o passo parece desandar,
Outro par há de o alcançar.
E nesse troca-troca de pares,
Unem-se todos no andar.
Parece confuso o meu falar
Porém, encerra muito pensar.
Escrevo para alertar...
É para você verificar
Como está o seu andar
E a quem se une como par.
Importante avaliar!
Pois depende desse andar ,
A companhia que terá como par.
Depois não venha culpar
Àqueles que, só de longe,
Acompanharam seu andar.



PELA CHUVA

Caminhando pela chuva,
Vou sentindo a água
Sob meus pés.

Caminhando pela chuva,
Vou sentindo a água
Desabando sobre mim.

Caminhando pela chuva,
Vou percebendo as minúsculas gotas
A caírem sobre meu corpo,
Sobre meu rosto.
E ao caírem
Vão lavando, levando
Todo o meu pesar.

E este corpo cansado,
Maltratado,
Vai se erguendo,
Vai se reconhecendo,
Vai se percebendo.
E, ao conseguir
Sua alma lavar,
Ao sentir-se limpo
De toda a sujeira
Que passou a vida
A acumular,
Este ser chora...
Chora... e elevando uma oração
Até o Pai, que no céu está,
Pede perdão
Por todas as ofensas
Que chegou a Lhe dedicar.

E este ser,
Profundamente compungido,
Permite que, por seu rosto,
Lágrimas de arrependimento
Se ponham a rolar.

Caíque


CONCIÊNCIA
A voz da consciência
Acusa nossos erros.
Mas nós, ao invés de ouvi-la,
Ao invés de senti-la,
Preferimos fechar as portas,
Os portões,
Para qualquer contato
Mais profundo
Que possamos ter com essa voz.
Que nos acusa,
Que nos estimula
A acordar para o bom senso,
A segurar nossas paixões,
A refrear nossos desvarios.

Optamos por não escutá-la.
Preferimos ser surdos,
Preferimos ser cegos,
Preferimos ser tolos.
E, num gesto
De total falta de razão,
De imaginação,
Caminhamos pela louca sedução
Que nos oferece o mundo.
Prazeres, festas, dinheiro...

Esquecemos que essa amiga,
Que sempre ao nosso lado está,
Procura continuamente nos alertar
Sobre os erros
Que estamos cometendo.

E nossa falta de razão
Nos faz dar vazão
Aos instintos ruins.
Mas o que mostramos aos outros
São nossos rostos
Com máscaras de querubins.
E lá está a amiga consciência
Tentando, tentando...
Nos alertando
Que devemos parar.

Incautos somos nós
Pois, quando os problemas chegam,
A quem culpamos?
À ela. À nossa consciência.

Prestem atenção
Aos conselhos que ela lhes dá.
Fiquem atentos, meus amigos,
Depois, não vale chorar.

Pois esta boa e velha amiga
Está aí, sempre a nos alertar.

Alcides



DIVAGAÇÕES
Caminhando pela vida
Caminhando pelo mundo
Caminhando pelo espaço
Caminhando pelo infinito

E caminhando,
Lenta e calmamente caminhando,
Vou conhecendo outros sóis,
Outras galáxias,
Outros planetas,
Outros firmamentos...

Ah! ser humano bobo e fraco...
Faz tanto estardalhaço
Por tão simples questões.

Existe vida fora da Terra?
Ah! mas que bobalhões...
Por acaso acham-se perfeitos?
Por acaso acham-se inteligentes?
Por acaso Deus só criou a nós?

A quanta ignorância
Se prende cada mortal
Deste planeta.
Com a mente tão pequenina,
Que é incapaz de vislumbrar
Além de seu próprio interior.

Pobres humanos!
Tão tolos...Tão pobres...
Tão fracos...
Acham-se donos
De uma imaginação tão fértil
Mas são sempre incapazes
De enxergar além.
Além de si mesmos...

Centram-se, concentram-se
Em seus pequenos
E egoísticos mundinhos
E não conseguem
Deixar que a imaginação
Alce um vôo maior.

Vaguem, divaguem...
Fechem seus olhos.
Sintam o pulsar de seus corações.
Sintam o pulsar do sangue
Correndo por suas veias.
Viagem pelo seu interior.
Nele habitam células, moléculas,
E cada uma delas,
Forma um pequenino mundo.

Sintam a sua pele.
Passem a mão por seus rostos.
Um pequeno mundo
Onde habitam minúsculos seres.

Vaguem, divaguem...
Fechem seus olhos.
Vamos viajar,
Vamos navegar
Por este espaço sem fim.

Vamos, basta relaxar,
Basta sonhar,
Basta divagar.
E, nas estrelas,
Estaremos a caminhar.

Isso! Deixem a imaginação aflorar.
Vaguem, divaguem...
E por inúmeros mundos
Irão viajar.

Alcides



LUTA JANGADEIRO!
Jangadeiro tá no mar
Enfrentando um vendaval.
As ondas enormes
Sobre ele vem desabar.

Jangadeiro tá no mar,
Lutando pra jangada não virar.
A luta é muito grande
Mas Deus vai ajudar!

Força, força meu jangadeiro...
O dia já está a raiar.
Força, força meu jangadeiro...
Em terra firme
Você logo irá pisar.

E o jangadeiro luta...
Luta e reza
Pedindo a Deus
Para ajudar.
E, de repente,
O mar torna-se calmo novamente...
E o jangadeiro,
Cansado,
Por essa luta ter travado,
Deita-se no fundo
De sua jangada.
Mas antes, ora...
Ora e agradece a Deus
Pela ajuda prestada.

Alcides



PLENITUDE
Que o coração cante no peito
Pela alegria de viver.
Que o amor more no coração
Pela alegria de viver.
Que a paz resida no coração
Com toda a alegria
De poder e saber viver.

E, assim, seguirmos pela vida
Cheios de paz, quietude, harmonia,
Silêncio interior...

Um silêncio que nos traz calma,
Que nos traz tranqüilidade,
Que nos traz a liberdade
De podermos caminhar
Em direção à nossa melhora,
Colocando de lado
Qualquer sentimento funesto.
Deixando que nosso coração
Somente se veja envolvido
Com o amor puro e radiante,
Com o amor energizante
Com que nos envolve o Universo

E assim, caminharemos tranqüilos,
Calmos e sossegados,
Pacientes e tolerantes,
Com um amor sempre vibrante
Cercando todo o nosso ser.
E, deste modo,
Sabendo viver, amar e compreender
A vida.

Milton



MIRAGEM

Andamos a esmo,
Como fantasmas
Perdidos na escuridão.

Andamos a esmo,
Permitindo que em nosso coração
More a solidão.

Andamos a esmo,
Qual moleques travessos
Procurando o que fazer.

Andamos a esmo...
E nessas andanças
Permitimos que o nosso coração
Se preencha com a ilusão
De ter o amor dentro de si.

E este quadro alienado
Vai-se tornando tão real
Que, nesta vida que levamos,
Tão banal,
Acreditamos existir
O amor...

E vamos formando dentro de nós
Uma linda miragem...
De um ser fulgurante,
Deslumbrante,
Que tem amor
Para dar e receber.

Mas esta miragem
Que nos parece tão real,
Ao menor vendaval
Da vida,
Tremeluz.
E desaba em ruínas...

E nós, seres infantis,
Enxergamos a nossa cruel
E dura realidade...

Desfaz-se a miragem
Do ser bondoso
E surge,
Com toda a crueldade,
A dolorosa verdade...
A de que somos seres infames,
Intolerantes, metirosos,
Enganosos...

Que para podermos sobreviver
Temos necessidade de construir,
Fazer, refazer
Miragens
Dentro do nosso "ser".

Kadú


A VERDADE CRUEL

A cruel realidade
Desponta em nossas vidas
E nos mostra...
Verdades.

Mas não estamos prontos
Para aceitar estas verdades.
Por isso, fechamos a porta
Do nosso coração
E procuramos
Manter a ilusão
De que somos seres
Iluminados.

Mas a verdade insiste...
Continua batendo em nossas portas.
E não permite
Que estes seres insanos
Continuem a caminhar,
Loucamente...

A verdade se faz presente
E tenta nos mostrar
O quanto somos insanos, dementes,
Neste nosso caminhar.
Nos recusamos a ouvir,
Nos recusamos a sentir,
Nos recusamos a,
Para nosso interior,
Olhar...
Pois a verdade
Mostra-se cruel
Ao nos mostrar
O que somos realmente.
Mas esta verdade
Traz junto consigo,
A coragem...


E se tivermos força e fé
Com esta coragem
Nos revestiremos.
Caminharemos, passo a passo.
E nosso feio interior
Reformularemos.

Ciça


LÁGRIMAS

Um olhar plácido e meigo
Mira o horizonte...
Duas lágrimas ardentes
Escorrem pelo rosto
Daquele homem
Sozinho em sua dor,
Tão compungente...

Vagarosamente,
Ele leva as mãos
Até seu rosto,
Secando-as.

Pesaroso, vagaroso,
Levanta-se de sua cadeira,
Desce as escadas de seu alpendre,
E põe-se a caminhar
Em direção ao poente.

Calmamente, vagarosamente,
Ele caminha...
Com as costas curvadas,
Respiração ofegante,
Andar arrastado e cansado,
Ele caminha...

E neste caminhar
Coloca-se a ensimesmar
E a repensar
Toda a sua vida...

Vida atribulada
Vida aguerrida
Vida cheia de altos e baixos
Vida!
Plenamente vivida!

E continua ele, caminhando...
Relembrando
Seus amores, suas dores,
Suas alegrias,
Seus percalços.

E assim... seca suas lágrimas
E põe-se a sorrir de alegria.
Pois consegue sentir
Que não teve uma vida vazia.
Estudou, trabalhou,
Aprendeu, ensinou.

E nesta labuta diária,
Sempre feita com muita alegria,
Ele recebeu, doou,
Ofertou
Amor...

Carlos (Carlito)


CORAÇÃO ESQUECIDO

No horizonte perdido e distante,
Ficou minh'alma enlevada
Por tantos amores perdidos,
Por tantas lutas travadas.

Seguimos por essa vida
Como cavaleiros antigos.
Vestimos nossas armaduras
E caminhamos, cheios de sorrisos.

Se o coração
Em nosso peito chora,
Procuramos esquecê-lo.
Pois são tantos
Os nossos afazeres
Que não temos tempo
Para atendê-lo.

Nossa consciência reclama
E nos avisa que o tal coração
Sente-se triste e solitário.
Mas nós, vestidos,
Revestidos,
Com nossas brilhantes armaduras,
Caminhamos e caminhamos.
Até chegarmos quase
À beira da loucura...

A consciência reage...
Pede-nos atenção,
Compaixão
Para esse coração
Que vazio e solitário,
Pede amor...
Mas a ela só damos ouvidos
Quando somos tomados
Pela dor.

Aí, lembramo-nos
Desse fiel companheiro
Que conosco sempre labutou.
Que nunca se queixou,
Nunca se lamentou,
Mas que, um dia,
Por falta de atenção e cuidado,
Parou...
Simplesmente, parou
De mendigar amor e carinho.
E, em ferro, também se tornou.

Carlos (Carlito)


EM PROSA E VERSO

Poemas, rimas
Articulações - articuladas
Canções - cantadas
Rezas - rezadas
Poesias, versos...

E vamos nós pela vida
Poetas, cantadores,
Rezadores,
Articuladores...

Nos fingimos de poetas
E até fazemos poesia.
Cantamos o amor
Em prosa e verso
Mas é outra
A nossa sintonia.

Cantamos, contamos,
Blefamos,
Sempre com muita euforia,
A nossa alegria de viver
E a bondade
Que dentro de nós existia.

Mas ela se acabou...
Pela vida dolorida,
Sofrida,
De um ser que foi sempre maltratado
Pela vida...

Vida maldita!
Maldita vida!
Vida abençoada!
Abençoada vida!

E seguimos nós por ela...
Cantadores, sofredores,
Rezadores...

Rezadores em prosa, em versos
Em cantos, em poemas
Não importa...

Seja o que for que fizermos
Que seja sempre
Em nome do amor,
Da alegria,
Da fraternidade.

Para isso,
Basta querer
Pôr amor em seu viver...

Carlos (Carlito)


CORAGEM DE QUERER

Era uma vez um homem
Caminhando solitário
Por um caminho repleto
De homens...
A cada passo que dava,
À sua volta olhava,
Em busca de companhia.
E os homens o seguiam...
Com o coração dolorido,
O pensamento perdido
Em lembranças...
Tanta coisa para contar,
Muitos homens a escutar...
Lastima-se!
Gostaria tanto de companhia
Para dividir os fatos,
Para compartilhar do fardo
Tão farto que carregava.
E os homens o ampararam...
Pobre homem tão sozinho,
Tão amargo, o coitadinho.
Tantas lágrimas a derramar
E tantos homens para enxugar...
A sua compaixão é tão grande
Por ele mesmo que, cego,
Já não sente, já não vê.
Pois, para se conhecer a verdade
E enxergá-la de fato,
É preciso a coragem
De querer...



TERRA

As gotas de chuva caem...
Ao caírem, molham as flores,
As plantas, a terra...

E a terra,
Castigada, rachada
Pelo sol causticante,
Bebe, sôfrega,
Cada gotícula
Que sobre o solo cai.

E esta terra ressequida, ressecada,
Sente-se abençoada pela chuva,
Pela natureza.
E, sabiamente,
Agradece da maneira que conhece.

Permite que dentro dela
Sementes germinem,
Cresçam, floresçam.
Permite que de dentro dela
Sejam retirados os nutrientes
Para que árvores cresçam
Belas e frondosas.

E a mãe natureza
Derrama suas lágrimas
De alegria
Sobre a terra
Ressequida, ressecada,
Cheia de fissuras,
Machucada...

E estas gotas balsamizantes

Molham esta terra fecunda.
E permitem que, por ela,
Novas flores nasçam,
Floresçam.
E que, assim, a terra
Ressequida, ressecada,
Torne-se novamente,
Por Deus, abençoada.

Flô


DEUS JÁ PERDOOU

Caminhando...
Lentamente pela vida,
Vamos seguindo
Nosso destino,
Nosso rumo.

Ao nascermos
Mil projetos são feitos
Sobre nós...

Vamos crescendo,
Os projetos se desfazendo.
Os sonhos
Tanto tempo acalentados,
Vão-se esmaecendo
E sendo esquecidos...
Ficam guardados,
Lá para trás,
Perdidos nas dobras de um tempo
Que não volta mais.

A esperança fenece,
O calor humano arrefece,
E vamos nos tornando amargos
Como fel...

A criança sorridente e alegre
Vai-se transformando
Num ser sisudo
E irascível.
Que não aceita ser contrariado.
Que quer todos seus desejos satisfeitos.
Que faz de seu ego senhor,
Pois tornou-se um ser
Déspota e cruel.

As lembranças até voltam...
Mas ele as rejeita, as renega.
Não quer permitir
Que elas o deixem mais humano

E aquele ser tão risonho,
Hoje, tão tristonho,
Segue pela vida
Achando-se um grande homem...
Não percebe
Que toda a riqueza
Que amealhou,
Trabalhando anos a fio,
Só lhe trouxe tristeza,
Abandono...

Mas este ser
Precisa fingir-se de forte.
Pois senão,
Quem irá dar suporte
A tudo que ele plantou?

E este ser,
Sozinho e amargurado,
Não consegue perceber
Que as únicas coisas plantadas
Foram a dor, o amargor, o dissabor.

Hoje, com sua alma dilacerada,
Este ser chora...
Chora e não percebe,
Fechado dentro de sua dor,
Que Deus já o perdoou.


Carlos (Carlito)



É NATAL

Nesta época do ano
entoam-se cantos de louvor
ao Nosso Senhor.

Mas estes cânticos
entoados em cada casa,
em cada esquina,
por cada cidadão,
não saem do fundo
do coração.

Nesta época
onde as pessoas
deveriam ter caridade e devoção,
levando a tantos lares carentes
um pouco de amor e compreensão,
fecham-se em seu mutismo,
em seu nervosismo.
Dão desculpas,
a elas e aos outros,
por não terem tempo
para tamanha dedicação.
Admiram aqueles que o fazem
mas elas, elas não.
"Não temos jeito para isso!" - dirão...

Esquecem-se
que muitas almas carentes
aguardam por essa demonstração
de carinho, de afeto,
que afaste um pouco
a sua solidão.

E a incompreensão,
que nesta época
deveria ser esquecida, abolida,
esta aí, cada vez mais enraizada
em cada coração...

E os homens,
entoando cânticos de louvor
ao Nosso Senhor,
acham-se caridosos, benevolentes
por sorrirem e olharem
para alguns poucos indigentes
que perto deles passarem.

Mas ao entrarem em suas casas
quentes, acolhedoras, reconfortantes,
e entoarem cânticos de louvor
ao nascimento do Nosso Senhor,
esquecem-se por completo
dos seres que, ao relento,
esperam famintos,
por uma migalha de amor.

Kadú



NOVO ANO

As luzes se apagam...
Mais um ano findou...
E de você, o que restou?
Cumpriu todas as suas etapas?
Gastou com o bem as suas energias?
Ou tudo o que fez
Não foi, assim, de tão grande valia?

As luzes se acendem...
Um novo ano se inicia...
Vamos começar tudo novamente,
Desta vez com muita alegria?

Esqueçamos de nossa velha letargia
E procuremos trabalhar
O nosso dia-a-dia.

O ano que já quase se inicia
Precisa do amor, da boa vontade,
Da coragem, do esforço
Do trabalho
De cada ser que, junto com ele,
Caminhará.

Por isso, vamos seguir sempre em frente
Com a alegria,
Com o prazer
De mais um ano, juntos,
Podermos conviver
E, quem sabe, aprender
A ter amor,
O verdadeiro amor,
Dentro do nosso ser.

Carlos (Carlito)



AFINAL, É NATAL

Pessoas caminham apressadas
pela rua...
Hoje é dia 24 de dezembro!
É preciso festejar,
é preciso comemorar
o nascimento do nosso Senhor.

E cada vez mais eufóricas,
enfeitam árvores,
embrulham presentes.
Nas árvores de Natal,
enfeites reluzentes
aguardam a comemoração.

Mas estas pessoas,
apressadas, tresloucadas,
não possuem dentro de seu coração
a alegria, o amor, a devoção
que merece tal confraternização.

O espírito natalino tornou-se velho,
alquebrado,
obsoleto.
Acho até que já morreu...
E o pior de tudo
é que continuam comemorando,
pois ninguém isso percebeu.

A alegria que reina é falsa...
Sorriso no rosto, tristeza no olhar.
Sorriso no rosto, coração a sangrar.
Mas nesta época do ano,
pelo menos nesta época do ano,
todos deveriam se abraçar,
sorrir, amar.

Mas o sorriso não é sincero
e o abraço não possui amor.
Pois o amor
se perdeu...

Bolas coloridas,
luzes faiscantes,
alegria externa reinante.
Mas, por dentro de cada um,
a angústia sufocante,
desesperante,
de ser um ser vazio...

Vazio de amor.
Vazio de sentimentos.
Vazio de alegria e paz interior.
Mas afinal... é Natal...
Louvemos ao nosso Senhor.

Gilson



VOE

Sois apenas pássaros perdidos
Que num pouso forçado,
O desânimo visitou.
Mas quantos voam ao teu lado...
É só erguer tua cabeça,
Abrir tuas asas e seguir teu rumo.
Segue o barulho das águas.
Segue teus iguais, volta,
Cumpre teu papel,
Ocupa teu espaço outra vez.
Sois apenas pássaros perdidos
Que o descuido cobrou...
Agora é preciso que sejas corajoso.
Pássaro colorido,
Que percorre o céu com habilidade,
Enfeitando a vida de tantos olhos,
Volta a voar!

Simão



NATAL...

Natal, dia de confraternização!
Pessoas se cumprimentando,
Sorrindo, se abraçando.
Mas dentro dos corações,
Quanta frieza, quanta tristeza...

É Natal...
Dia de alegria,
Dia de estender a mão
A quem nada tem de seu.
Pessoas para as quais olhamos
E pensamos:
"Puxa! Coitado!"
O destino o esqueceu.

Mas se o destino
Faz das suas,
Por que não nos unirmos
E ajudarmos estas criaturas?
Possuímos tanto em nossas vidas,
Que não nos fará falta
Doarmos um pouco do que temos,
A quem nada tem...

Mas se em nossa casa
Existe fartura,
Em nosso coração
Mora a usura...

É Natal...
Dia de alegria
Dia de confraternização
E você,
O que fez por um seu irmão?

Nada?
Mas que ingratidão...
Se recebeu tanto e tanto,
Por que não pode fazer,
Do muito que tem,
Uma pequena doação?

É Natal...
Troca de presentes,
Troca de alegrias,
Troca de gentilezas.
Mas se olharmos em volta,
No coração de muitos,
Quanta tristeza...

Dentro de nossas casas
Brilham luzes,
Mesa farta,
Amor distribuído...

Lá fora,
Perambulando a esmo,
Irmãos que de verdadeiramente seu,
Só possuem a fé...

E esta fé os impulsiona
A caminharem sempre em frente.
Acreditando no ser humano
E achando
Que ele dividirá o que tem.

É Natal...
E por ser Natal
Estes seres choram,
Sentem-se menores,
Pois olham à sua volta
E só vêem a miséria.

É Natal...
Mês de paz, de alegria,
De doação de energia.
Portanto, dêem do muito que têm
Àquele que sozinho,
Pela rua caminha.

Pois muitos outros natais virão
E poderemos estar,
Em outra ocasião,
Na outra ponta da linha
Da vida...

Kadú



NOVO ANO SE ANUNCIA (31/12/98)

O tempo passou,
Findou,
E quantos de vocês
Nada realizou?

Fecharam-se em seus problemas,
Em suas covardias,
E não tiveram coragem
Para preencher com trabalho
Sua vida,
Tão vazia...

Mas cada ser caminha
Acreditando ter muito dentro de si.
Ah! Pobre iludido!
Que não percebe
Caminhar, sempre perdido,
Sem chegar a lugar nenhum.

Este ser faz mil promessas
De melhorar este andar.
Promete a si mesmo
Amar, tolerar, perdoar.
Mas isto é um monte de balelas,
A quem pretende enganar?

Mais um ano findou...
Mais um ano se iniciou...
E de nós o que restou?

Poderemos nos olhar num espelho
Com a certeza da tarefa cumprida?
Poderemos fitar nossos olhos
Sem a vergonha
De ter passado uma vida perdida?

Um novo ano se inicia...
Façamos as promessas de melhoria,
Mas as coloquemos em prática
No nosso dia-a-dia.

Então, em vez de reclamarmos
Que a nossa vida é vazia
Vamos preenchê-la
Com amor, bondade e alegria.

E neste novo ano que se inicia,
Sejamos pessoas melhores...
Pessoas que seguem pela vida
Com a alegria dentro dos corações
Por ter suas tarefas cumpridas.

Kadú



CUIDAR DA MENTE

Jamais externamos nossos pensamentos..
Sempre carregados de tantos tormentos,
Sempre abalados por lamentos,
Que vem do fundo do nosso ser.

Esse ser leviano, maroto,
Que anda por este mundo
Achando-se muito solto
E acreditando,
Que não prestará contas a ninguém,
Das bobagens que cometer.

Como nos enganamos
Ao caminharmos sem uma razão,
Sem qualquer explicação,
Para as loucuras
Que teimamos em cometer.
Seres malucos, desarrazoados,
Desvairados...

E corremos, andamos, gritamos
Aos quatro cantos do mundo
A nossa louca paixão pela vida.
Uma vida tão mal vivida!
Só não o percebemos
Porque nossa mente
Sempre nos carrega para a frente,
Numa louca e descabida corrida.

Correr... correr... correr...
Correr com sofreguidão
Atrás das paixões
Atrás do sucesso
Atrás do dinheiro
Atrás do poder...

E corremos, como corremos...
Sem nunca perceber
Que isso não é viver...

Mas nossa mente
Nos enche de ilusões, de fantasias.
Fazendo com que caminhemos
Cegamente,
Sempre em direção
A uma vida vazia...

E, quando velhos,
Já não temos mais
Nenhuma serventia,
Ela, covardemente, nos acusa
Dizendo que somos culpados
Por toda a rebeldia
Que pautou nossas vidas.

Mente poderosa,
Mente enganosa,
Mente que nos engana
E nos faz sofrer,
Durante todo o nosso viver.

Kadú



EXTRAVAGÂNCIAS

Fumar
Beber
Cheirar
Comer
Dormir
Amar
Sonhar
Falar...
Perdemos tempo no ócio.
Perdemos tempo por não saber calar.
Perdemos tempo por não saber falar.
Abrimos a boca
E permitimos que as palavras jorrem.
Se farão bem, ou se farão mal
Não nos importa nem um pouco.
Importa que nos deixem
Fazer sempre o que quisermos.
Só queremos que não nos amolem...

E fumamos, bebemos, cantamos
Nos achando seres felizes.
E amamos, sonhamos,
Rodeados de meretrizes.

Mulheres de carne e osso,
Como qualquer um de nós.
Mulheres que vendem seu corpo
A qualquer um...

Julgamos, discutimos, olhamos,
Como se elas fossem
Seres de outro mundo.
Mas estas tristes raparigas,
Quantas vezes não acalentaram o sonho,
Quantas vezes não deram amor,
O que importa se pago ou não,
A um ser que vivia
Em eterna e sofrida solidão...

Delas tornei-me amigo,
Pai, mãe, irmão.
Procurava por simples
momentos de prazer,
Mas encontrei pessoas
Que me estenderam a mão.

A elas presto minha homenagem,
Sejam compreendidas, aceitas ou não.
Foram grandes companheiras.
Por mim tiveram compaixão.

Hoje, aqui deste lado,
Rogo a Deus que as abençoe,
Pois são minhas irmãs queridas.
Por favor, Pai, as perdoe.

São as Marias Madalenas
Que sempre, no mundo, houve.
Abençoe a cada uma, meu Pai...
Para que elas, em seu trabalho
Ingrato, difamado, desacreditado,
Levem paz a tantos corações
Que, por aí, caminham solitários.

Jacques



FAÇAM SEUS JOGOS

Façam seu jogo, senhores...
No que gostariam de apostar?
Numa vida cheia de dissabores
Com muitas lágrimas a rolar,
Ou numa vida cheia de alegrias
Onde o amor nunca irá faltar?

Façam seu jogo, senhores...
As fichas?
A vida já as colocou
Nas mãos de cada um.

Façam seu jogo, senhores...
Prestem bastante atenção
Naquilo que irão apostar,
Pois, dependendo
Da colocação feita em suas vidas,
Poderão não gostar.

Façam seu jogo, senhores...
Ganhar ou perder
Depende somente da atitude
Que cada um irá tomar.

Façam seu jogo, senhores...
Podem apostar
Todas as fichas de suas vidas
Em como conseguirão melhorar.

Façam seu jogo, senhores...
Mas sempre com muito cuidado
Para que não venham a se enganar.

Façam seu jogo, senhores...

Raul



RODA GIRA

Roda, roda, roda
Gira, gira, gira
E giramos nós com o mundo
E giramos nós com a vida.

Traçamos um rumo,
Perdemos o prumo.
E esta vida,
Que sempre nos deu guarida,
Jogamos num canto qualquer,
Esquecida...

Mas a vida
Não nos esquece.
Está sempre a avisar
De que precisamos parar,
Para repensar
Todo o nosso caminhar.

E gira, gira, gira
E roda, roda, roda...
E nós, seres tão perdidos,
Ficamos caminhando, tontos,
Por essa vida levada,
Aos trancos e barrancos,
Pelos quatro cantos do mundo.

E gira, gira, gira
E roda, roda, roda...
Devagar, bem devagar,
Até quase parar...
E assim, nossa vida
Deixamos passar.




DEIXAR QUE DO CAOS NASÇA A ORDEM

O riso explode fácil no peito...
Riso de alegria, de nervosismo,
de escárnio, de falsidade.

Afivelamos nossas máscaras
dia após dia.
E temos várias delas,
uma para cada ocasião.

Vestimos a máscara da alegria,
quando o coração chora de dor.
Vestimos a máscara da amizade,
quando no coração explode o rancor.
Vestimos a máscara da gentileza,
quando em nosso coração
brota o amargor.

Vestimos máscaras
para cada situação
e terminamos por não saber
qual a nossa verdadeira feição.

Nos treinamos tanto para a falsidade,
para esconder a fealdade
existente dentro de nosso coração,
que quando procuramos por nós mesmos
ficamos sem saber a razão
de não nos encontrarmos.

Qual destes sou eu realmente?
Aquele que canta, que ri, que dança,
que ama a vida?
Ou aquele que chora, que se arrasta,
que resmunga, que faz trapaça
para que dele tenham dó?

Teatralizamos cada momento.
Vivemos um personagem a cada dia.
E, depois, ficamos reclamando
da nossa vida vazia.

Mas a vida não é vazia...
Ela é plena de luzes,
cores, sons, movimentos.
Vazios somos nós,
seres ocos de bons pensamentos,
preenchendo o vazio com lamentos,
e vestindo nossas máscaras.

Máscaras de euforia?
Máscaras de hipocrisia...
Máscaras de amor?
Máscaras de desamor...
Máscaras de amizade?
Máscaras de falsidade...

E seguimos nós
Tão vazios...
Tão pobres...
Tão tolos...

Mas sempre é tempo de reagir.
Basta ter coragem,
pulso firme para não desistir.
Jogar fora todas as máscaras
usadas, carcomidas, enferrujadas.

Deixar que do caos nasça a ordem;
Deixar que do velho surja o novo;
Deixar que no vazio brilhe a luz;
Deixar que no coração brote o amor;
Deixar que desabroche um novo ser
que irá, nesta nova forma,
aprender a viver.

Kadú



CRESCER

Rixas, desavenças, descrenças.
Homens de pouca fé...
Homens cuja esperança
é poder fazer uma aliança
com Deus...

E trato feito, pensam os pobres tolos,
vão caminhando com um sorriso no rosto
achando que nada mais precisam fazer
para caminhar na vida e vencer.

Tolos, pobres e fracos...
Espíritos ignorantes,
presumem que no instante
em que mostrarem sua fé,
Deus irá lhes atender.

Somos todos tão tolos
que não nos damos conta
de que "Ele"
não permuta com ninguém.
Dá a cada um a chance
de evoluir, progredir,
usando a chance de viver
para conseguir crescer.

Crescer em moral
Crescer em compreensão
Crescer em amor e fraternidade

Usem a inteligência que lhes foi dada
para perceberem que esta morada,
na qual foi-lhes permitido viver,
não foi dada para puro divertimento,
mas sim, para que possam crescer.

Um amigo



VESTIDO DE AMOR

O amor vence todas as barreiras...
Barreira de ódios, de rancores,
de desarmonias.
Ao sentir que todo o seu ser
está revestido de egoísmo,
de egolatria,
tome coragem, respire fundo
esforce-se para alicerçar
seus sentimentos somente
com laços de amor, ternura,
compreensão, compaixão.

Não se revista de maus sentimentos.
Abra-se todo, como uma flor, para o sol.
E receba a energia que sobre você
Deus deposita.

Vista, revista-se
de coragem, de ânimo e de fé
para comungar junto com a vida.
Esta abençoada vida
Que lhe serve de guarida,
para que todos os seus males
você possa vir a sanar.

Então!... arme-se de coragem,
dispa-se por inteiro
dos tolos conceitos e preconceitos,
que vem carregando
durante todo o seu viver.

E assim, já despido de todo os males,
erga suas mãos para o céu
e receba uma nova vestimenta.
Mais leve, mais clara, mais humana
Uma vestimenta que se chama
Amor.

Maurício



AOS HOMENS DE BOA VONTADE

Lá fora,
dentro da mais negra escuridão,
surge um facho de luz.

E esta luz, calmamente,
vai avançando,
quebrando, destroçando
as trevas que vos rodeiam.

Uni-vos homens de boa vontade!
Uni-vos e trabalhai em prol
da expansão desta luz.

Uni-vos homens de boa vontade!
E carregados de vibrações positivas
envolvei este planeta em harmonia.
Colocai-o em sintonia
com o brilho do Universo.

Uni-vos homens de boa vontade!
Vosso planeta encontra-se agonizante
de amor, de fraternidade,
de caridade.

Uni-vos homens de boa vontade!
Formai uma poderosa corrente
que quebre os elos da escuridão.
Não temais represálias
pois elas não virão, não.

Os homens de boa vontade
encontram-se muito bem protegidos
por Deus...
E se tiverdes a capacidade
de amar um pouco mais,
percebereis a força que vos guiará
para cumprir mais uma etapa
da missão.

Uni-vos homens de boa vontade!
Trabalhai para dissipar a escuridão.
A luz já se faz presente,
só aguarda a vossa união.

Marcos



ÀS PESSOAS INSATISFEITAS

Lutamos contra tudo na vida...
Pessoas mais insatisfeitas,
não há.

Nada nos satisfaz...
Seja a pobreza, seja a riqueza,
estamos sempre a nos queixar.

Questionamos a tudo,
reclamamos de tudo,
complicamos tudo.

Vamos mudar de atitude
e nossa vida modificar.
Tenhamos a coragem necessária
e a força para mudar.

Quando dermos o primeiro passo,
muito mais fácil irá ficar.
Depois, é só não desistir
de sempre para a frente
caminhar...

Ao darmos o primeiro passo
perceberemos a alegria chegar,
a paz a nos inebriar e
uma imensa vontade
de continuar...

Aí é só não esmorecermos,
não pararmos para pensar.
Quem pensa muito,
nunca alcança pois, seu tempo,
está a desperdiçar...

Coragem, meus amigos,
para dar o primeiro passo
com a firmeza e a segurança
de quem quer, mesmo, melhorar.

Justino



O ZÉ PEDE PERDÃO

A casa grande ficava no alto
de uma colina...
Lá embaixo, na senzala,
os escravos sempre a trabalhá.

A casa grande era bonita,
mas nela só os branco
podiam morá.

Negro errou muito quando vivo,
pois os branco vivia a invejá.
A cobiça, o orgulho, a maldade
estavam sempre na cabeça deste negro
que só pensava em se vingá.

Hoje negro compreende
que uma lição precisava tomá.
Percebeu que aquela sua vida
foi pra botar o negro no seu lugá.

Hoje negro pede perdão
por tudo o que fez
àqueles que tentaram ajudá.
Perdão a Deus, aos companheiro,
perdão até para a Sinhá.

Negro não vai contá
as maldades que cometeu.
Hoje negro já tem
um pouco mais de compreensão
e pede perdão
a todos a quem ofendeu.





GRANDE HOMEM

Até quando estaremos nos esforçando?
Até quando suportaremos caminhar?
Até quando teremos forças para rumar,
com passos trôpegos, em direção a Deus,
verdade única e suprema?
Serão largos estes caminhos...
Durante tempos...
Quantas vidas
neste processo reencarnatório
infindável...
Esse caminhar...
Admirável ser que anda, incansável,
quebrando barreiras,
rompendo suas próprias correntes,
procurando-se a cada erro,
encontrando-se em suas quedas...
Renovando-se a cada não conhecimento,
esmerando-se na busca de novas formas,
esforçando-se no aprendizado,
integrando-se ao universo...
A cada nova ferramenta de burilamento,
esculpindo, à principio com dificuldade, seu próprio eu.
Ao longo do tempo, domina o ego,
esmera-se e se torna mestre
de si mesmo...
Burilando-se, no pequeno espaço
que lhe é reservado,
a cada novo corpo,
a cada nova oportunidade de evolução.
É assim que o enxergo, Grande Homem.
Em seu pequeno mundo,
dirigindo e conhecendo seus corpos,
estão máquinas complexas
que permitem o alcance da plenitude.



LEVANTAR A CABEÇA

O tempo se faz presente
na vida de cada um.
Alguns o levam mansamente,
outros caminham com sofreguidão,
mas todos precisam ter, em seus corações,
o amor...

O amor puro, pleno e total
Mas também racional,
para que não se deixem levar
pelas asas da imaginação,
pelas asas da ilusão.
Pois elas nos pregam peças,
nos fazem desviar a atenção
das coisas verdadeiras
que nos levarão
à nossa evolução.

Portanto, prestem muita atenção
em como deixam passar o seu tempo.
Se estão trabalhando a sério
ou não...

Tomem atitudes positivas em suas vidas.
Não permitam que a amargura
tome conta de sua razão.
Pois façam lá o trabalho que fizerem,
para a vida,
estão dando o seu quinhão.

Então, muita força e coragem!
Levantem a cabeça, meus irmãos.
Não se envergonhem da pobreza,
ou da riqueza.
Só tomem tento
para não entrar na contra mão.

Aqui vou me despedindo.
Sou somente mais um trabalhador
deste enorme mundo de Deus,
que recebeu permissão
para estar com vocês,
cheio de alegria no coração.

Mané



NÃO SE ACOVARDAR

O vento sopra, o vento uiva...
Girando, girando
a areia que a minha volta está.

E a areia gira revolta,
dá voltas e mais voltas
e termina
por não sair do lugar...

Assim como esta areia,
recebemos nós
as tempestades da vida.
Giramos, giramos,
procurando por guarida
e quando percebemos,
às vezes, estamos sem saída.

Mas é tão fácil
uma decisão tomar...
Basta ter coragem
e não se acovardar.
Levantar a cabeça,
colocar um sorriso no rosto,
estampar a felicidade no olhar
e voltar a caminhar.
Sempre com a confiança
e a certeza
de que nada vai atrapalhar.

Mirthes



O RELÓGIO DA VIDA

O relógio faz soar seu
tic-tac, tic-tac, tic-tac.
É o relógio da vida avisando-nos
que precisamos nos apressar.

É o relógio da vida
avisando-nos que sempre é hora
para se caminhar.

É o relógio da vida
avisando-nos que o tempo,
está a passar...

Então não percam o "seu" tempo,
e comecem logo a trabalhar.
Lembrem-se que ele
passa bem ligeiro
e quando perceberem
talvez já seja muito tarde
para o seu despertar.

Não se deixem embriagar
pelas facilidades ilusórias
colocadas em seu caminho.
Elas fascinam, alucinam
e terminam não nos deixando executar
nada de bom em "nossas vidas".

Despertem enquanto é tempo!
Comecem a realizar
um grande mutirão.
Unam-se, compreendam-se,
protejam-se de todos aqueles
que querem iludir a sua razão.

O "tic-tac" do relógio da vida
não pára nunca de bater, não.
Somente irá fazê-lo
no dia em que o "seu tempo"
estiver terminado...

Então, enquanto estiverem percebendo
o som do relógio biológico da vida,
aproveitem bem o "seu tempo".
Procurem realizar, a cada dia,
a sua própria melhoria
para que, quando chegar o momento
dos sons finais do "seu" relógio,
tenham tido uma vida
muito bem aproveitada,
trabalhando em seu próprio benefício
e no de muitos outros irmãos.

Josué



A CEGUEIRA DIANTE DA OPORTUNIDADE

Tardarás muito ainda nesta tua tarefa
E levarás muito tempo remoendo dores
Amargurado e cheio de ressentimentos.
A vida passa e, com ela,
As oportunidades de te levantares e andar...
Ocupado demais estás
Curando tuas próprias feridas,
Com pena de ti mesmo.
À tua frente desfila a vida,
Repleta de exemplos,
Rica de luz,
Oferecendo-te as ferramentas
Que te permitirão o alívio.
Mas tu não enxergas,
Absorto em teu imenso penar...
A luz se faz
E tu, cego e cabisbaixo,
Não a vês.
A porta se abre,
A voz te chama
Repetidas vezes,
Mas teu lamento é maior...
E na agonia que te impões,
Os teus altos lamentos,
Teus olhos inchados e encharcados,
Não te permitem estender as mãos,
Enxugar os olhos e caminhar
Rumo às oportunidades.



DA PRISÃO PARA A LUCIDEZ

Perdidos em nossos pensamentos,
agarrados às nossas convicções,
presos às nossas idéias
que formam um elo forte,
indissolúvel...
De verdades nem sempre conquistadas,
vivenciadas, experenciadas...
Muitas vezes ouvidas, lidas, vistas
em um processo que cega,
aliena...
Seguimos assim, atravessando os séculos,
engolidos por décadas,
minuto por minuto,
na moral imposta.
Época após época,
presos...

Despertar!
Poder ouvir
os primeiros lampejos
da dúvida.
Liberdade...
Encontros, reencontros,
lágrimas enxutas...
No entardecer de muitas existências,
outras tantas mais lúcidas,
no amanhã que se aproxima...



MUITA TEORIA. POUCA PRÁTICA

Obsoleto
este teu pensar.
Obsoletas
estas tuas palavras.
Desestruturada
a maneira com que compões
e embalas tua existência.
Fracas
as estruturas em que te apóias.
Fortes as mãos
que nela procuram
esteio.
Discernir,
eis o que te falta...
Conceitos... muitos.
Teorias... milhares.
Palavras... palavras...
Atitudes?
Práticas?
Nenhuma...
Quantas vidas, ainda,
mergulharás no teu falso saber?
Quantas vidas, ainda,
perderás na empáfia do "ser"
sem, na verdade, nunca ter sido?
Nem ao menos tentado ser...
Ou experimentado, realmente,
viver...



DEIXAI VIR A MIM

Deixai vir a mim
todas as interrogações,
talvez já respondidas,
no tempo veloz de buscas.

Deixai vir a mim
toda a dor
que o despertar impõe,
na lentidão que ultrapassa
os sentidos.

Deixai vir a mim,
vagarosamente,
para que eu absorva
todo o conhecimento
do desmoronar
das velhas ruínas
que procuro, em vão,
sustentar.

Deixai vir a mim
a perseverança.
Para que eu possa seguir
livre das amarras
que me prendem.

Deixai vir a mim
eu mesmo.
E neste enxergar a mim próprio,
coragem para a destruição.
Forças para a inovação.
Lucidez para a renovação de vidas.



NAVEGAR & NAUFRAGAR

Como um náufrago debato-me,
ansiosamente,
em meu conflituado interior.

Como um náufrago tento,
desesperadamente,
emergir...

Como um náufrago
da vida que sou, procuro
constantemente
evoluir...

Para conseguirmos sair
desse nosso naufrágio interior
é necessário que, meticulosamente,
harmoniosamente,
construamos o nosso viver
de uma maneira sólida.
Que a cada passo dado,
o nosso coração bata,
extremamente compassado,
com o vai e vem da vida.

Para que não sejamos
náufragos perdidos em sonhos,
em ilusões, em confusões,
precisamos realizar esta construção
de maneira muito equilibrada.

Construirmos o nosso ser
com a argamassa do amor,
com a junção do trabalho,
com as marteladas da alegria,
com as pinceladas da bondade,
com a bandeira da humildade.

E assim, lançarmo-nos à vida
cheios de coragem
para enfrentar as intempéries
que ela nos trará.
E com muito esforço,
com muito trabalho,
com muita gratidão a Deus
por termos forças e saúde,
hastearmos firmemente
a bandeira branca da paz.

Navegarmos pela vida
sem mais ter medo
de ser um náufrago,
pois o nosso barco
foi construído
de uma maneira sólida
e eficaz...

Mas ao navegar
precisamos ter muito cuidado
para não ficarmos à deriva.
Mantermos sempre firme
o leme do barco da vida,
pedindo a Deus que,
em Seu coração,
nos dê sempre
guarida.

Carlos



PALAVRAS x ATITUDES

As palavras esmaecem com o tempo.
As atitudes, não.

As palavras perdem-se com o vento.
As atitudes, não.

As palavras não mostram
o que vai no coração.
As atitudes, sim

É através das atitudes
que socorremos um ser humano,
que ajudamos um necessitado,
que alimentamos um desabrigado.

As palavras? Ah, as palavras...
Vazias, inúteis, sem sentido,
se não forem seguidas
por uma atitude.

Atitudes firmes, corajosas,
de quem realmente sabe o que quer.
Que o levem a trabalhar,
ajudar, angariar sorrisos
de extrema gratidão.

Atitudes que o levem a amar
aos irmãos que o circundam,
sem qualquer pretensão
de ser melhor do que eles.

Atitudes que o levem
a deixar fluir do seu coração
muita luz e compreensão
que o caminho de muitos
ajudará a iluminar.

Atitudes que o levem
sem raiva, sem imprecações,
ao perdão.

Atitudes que o ajudem,
mesmo que à custa de muito trabalho,
a conseguir a evolução.

Josué



A META

Por entre as nuvens carregadas
abre-se uma pequena nesga,
por onde um pequeno raio de sol
tenta se infiltrar.

A princípio, tímido,
vai varando bem devagarinho
aquele pequeno espaço
que conseguiu vislumbrar
e por ele começa a passar.
Depois, mais forte, mais brilhante
irrompe de vez por entre as nuvens
e seu calor lança sobre a terra.

E o dia torna-se límpido, claro,
brilhante.
Cheio de luzes, cores e matizes
das mais variadas tonalidades.

Saem os pássaros de seus abrigos
e logo se põem todos a cantar.
Sons, luzes, movimento,
vida...
Vida bonita, colorida,
flamejante, retumbante,
abençoada por Deus.

Este Deus que nos permite a vida,
às vezes, tão sofrida,
nos dá como meta
a nossa própria evolução.

Ricardo



RUMOS

Tomamos rumos na vida
que não nos direcionam
para nada.

Tomamos rumos na vida
que somente nos impulsionam
à dor.

Tomamos rumos na vida
que somente nos levam
ao amor.

E este amor tão comentado,
é tão fácil e tão simples
de encontrar, de tê-lo dentro de si,
e de praticá-lo.
É só caminhar
tendo dentro do coração
a vontade de ajudar,
de servir e de amar
a todo e qualquer irmão.

Não importa de onde ele veio,
Não importa para onde ele vai.
Não importa se é pobre ou se é rico.
Não importa se é branco ou se é negro.
Nada tem importância...
Somente que ele é
um ser humano
igual a qualquer outro.

Não é mais, não é menos...
É somente, e tão somente,
um outro filho de Deus.

Armando




A AMPULHETA

A ampulheta da vida
está deixando o tempo escoar.
Esse tempo,
embora lento, vagaroso,
um dia,
irá terminar.

E a ampulheta da vida
será virada para o outro lado,
quando um novo ciclo
reiniciará.

Mas, no momento presente,
vamos procurar explorar,
aproveitar, estudar,
conhecer, compreender
profundamente
a nossa mente.

Vamos transformá-la
de vilã em heroína.
Fazer com que ela
deixe de lado os meandros,
os melindres, os enganos,
e torne-se clara, lúcida,
compreensiva.

Esta mente poderosa,
enganosa,
que nos traz tantos tormentos
e lamentos,
que nos engana
e nos faz sofrer,
pode ser, diametralmente,
modificada.

Para que isso ocorra,
não basta um só viver.
Mas lembrando-se
da ampulheta da vida
que, na verdade,
faz parte de vidas
sem fim,
aproveitar cada minuto,
cada momento,
para clarear, elucidar,
manobrar
esta mente tortuosa.

Dar a esta velha mente
um basta, um fim.
Deixar que das cinzas
renasça uma nova mente,
com o frescor
de um novo ser
que acaba de nascer
para a luta, para a vida,
para o amor.
Cheia de equilíbrio,
de harmonia,
de vontade de aprender,
compreender
e viver.

E ao virar
da ampulheta da vida,
a sua alma surgirá,
renascida,
através de um novo ser
que terá muita,
mas muita alegria,
em poder viver.

Kadú




LIBERDADE

Sois a majestade
que governa os próprios passos,
trazendo no semblante
a serenidade latente
de quem já aprendeu
a reinar.
Se escolhestes ou não vossa luta,
não faz diferença, neste instante,
saber.
Sois forte e poderosa,
pois carregais em vós
o amparo aos mais distantes.
Vosso povo.
Sem parentesco,
sem hierarquia,
pois distinto é o papel,
o qual representas.
Glória a vós, majestosa!
Graças por vós!
Sois, sem dúvida,
a mais formosa.
Inspirais a alegria de viver,
a cada qual, a sua vida.
Curvo-me diante de vós:
LIBERDADE!




MAIS PRÁ DIANTE TE DIREI O NOME

A lira canta a falar de amores.
Amores choram ao lembrar da lira.
Amores e liras a cantar louvores.
Louvores sem conta a cantar encantos.
Olhei-te um dia e pensei foste luz!
Que de tão forte, ofuscou-me a vida.
Hoje te busco, sem encontrar-te nunca.
Onde te escondes, oh deusa?
Amiga minha...
Faz-se luz anseio meu,
a lira tange ...
Meus dedos doem na tua busca
e nunca vens.
Oh, deusa minha!
Meu doce encanto...
Vem amparar-me, abraçar-me,
levar-me pela vida.
Venhas, venhas até mim,
inteligência amiga.
Pois que é este o teu nome...
E sem ti, eu não enxergo nada.

Gabriel




NINGUÉM SOFRE SOZINHO

Nos agarramos às nossas migalhas de dor,
quando há maiores sofrimentos
ao nosso redor...
É preciso acordar e compreender
que não se é o único, neste planeta,
a sofrer...
Enfrentar as derrotas
com toda força
e nunca deixar de perceber
que Deus nos ampara
em todas as horas
do nosso viver.

Abraçar a vida com amor.
Sorrir, quando atingido pela dor.
Erguer-se ao sentir-se só.
Caminhar, sem parar,
em direção ao saber.

Nascemos neste mundo
pois temos muito o que aprender.
Aprender que não é só ir vivendo...
É preciso, e muito,
um grande burilamento.
E para ocorrer esse burilamento,
(que pena)
é preciso haver sofrimento...
Mas o ser humano,
teimoso como ele só,
acha ser o único no mundo
que tem direito a fazer dó.

Dor não é exclusividade, não.
Todo mundo passa por ela, meu irmão.
Mas quem é corajoso, lutador,
e aprendeu a ser
um grande semeador
do amor,
sabe que não pode parar,
que não pode se deixar levar
pela dor, pela agonia,
pela tristeza ou pela melancolia...

É preciso ter conhecimento
de que estes são momentos
fugazes em nossa vida.
Sintamos,
sintamos, sim
mas não nos deixemos levar
por sentimento nenhum
a não ser por aqueles
que nos levem em direção
à evolução:
a paz, a fé, a tolerância,
o perdão...

Josué




O CORAÇÃO E O EGO

Na labuta diária da vida,
o ser humano esquece
que dentro do peito
bate um coração...

E esse coração clama por alegria,
por amor, por compaixão.
Mas a dureza da vida
não permite que, a ele,
dê-se atenção.

E seu ritmar
torna-se descompassado,
desesperançado,
por seu companheiro
não saber escutá-lo.

Este ser que não pára
por um minuto sequer,
pois está sempre a correr
de um lado para o outro
em busca da satisfação
do seu próprio ego,
esquece que este coração
também precisa de cuidados.

Mas o ser não pode,
não quer,
não tem tempo de ouvir
este coração maltratado
que pede, que implora,
para não ser mais sufocado.

Mas o ser não lhe dá ouvidos.
O ser somente conversa,
acalenta, abraça, embala
o ego...

E vai caminhando pela vida
embriagado pela sensação de poder,
de riqueza, da ambição de
maior do que todos os outros
querer ser...

E este ser corre, fala,
anda, trabalha...
Nunca pode parar.
Pois é preciso a todos os outros,
o seu poder de sedução
mostrar.

O ego o ensina
a como demonstrar alegria,
quando sente tristeza.
O ego o elogia,
dá-lhe a ilusão,
fornece-lhe a sensação
de que no mundo
não existe um ser melhor.

O coração bate, rebate,
tentando avisar a este pobre ser
que esta não é a maneira
mais correta
de se proceder.
Mas não adianta...
O pobre ser encontra-se iludido
pelas doces vantagens
que, pelo ego, lhe são oferecidas.

O ego o ensina
a como disfarçar o cansaço,
a como mostrar-se amável,
a como mostrar-se gentil
quando ele, "o ser",
estiver querendo
deixar tudo para trás.

E quando este ser
tenta conversar um pouco mais
com o seu "amigo" coração,
o ego não permite...
O ser não pode parar
porque o ego dele depende,
para o seu próprio bem-estar.

E o coração bate,
bate forte,
tentando ao ser avisar
que os dias estão a escoar
e ele nada fez para melhorar.
Cansaço...
Desânimo...
Não adianta mais lutar,
pensa o pobre coração...
E ao dar-se conta
de que a luta travada
fôra ganha pelo ego
desiste e pára de trabalhar.

Ao ser, o que restou,
foi só o silêncio
milenar
do seu próprio e infeliz
"eu".

Josué




SOPRO DIVINO

Olhem a folha que cai, lentamente,
derrubada pelo vento...
Sopro divino
que não o fez por maldade mas,
para o puro ensino.
Olhem as pequenas ondas nas águas do rio...
Sopro divino
que não o fez por acaso mas,
para provocar a atenção
daquele menino.
Olhem os cabelos e as roupas
esvoaçantes a bailar,
a terra se levantar,
as plumas soltas das aves a se espalhar...
Sopro divino que, como a brincar,
só quer mesmo ensinar
que nada é só pra se olhar mas,
pra alimentar a vontade de lá chegar
pra nunca mais chorar.



MAR

Mar infinito,
corajoso, voraz,
manhoso e capaz.
Mar que eu venço
com os meus braços
e pernas.
Quem dera...
Mas mar, não te culpo
se me faltarem forças.
Eu vou atrás,
não brinco,
não choro,
não tremo.
Quanto mais te conquisto,
mais eu te quero, mar.
Passo por deltas
para te apreciar
ou bebo tua água
para salivar.
Quando chega
a rotina,
fico a observar
tua beleza infinita!
Os filhos e frutos do mar.
Oh, grande mar!
Beijando a tua água,
começo a te amar.
E para de ti recordar,
basta os olhos fechar.
Me lembro dos beijos,
dos abraços,
a me dar.
Fico sonhando acordado,
com vontade de voltar.
Bem aventurado sejas tu,
oh, mar.



ATENÇÃO

Atenção, meu irmão, atenção!
No caminho que trilhas
vais em busca de ti?

Que esperas encontrar?
Alegrias, festas, sucesso?
A felicidade suprema?

Nesta busca infinita
certamente muito encontrarás:
trabalho constante e gratificante,
oportunidade de evoluir,
obstáculos e incertezas,
dor e desamor,
caridade e calamidades.

Observa e cuida
para que as tentações
não te arrastem.
Trabalha!
Pratica a paciência, a tolerância,
não te deixes levar pelas ilusões.
Ensaie o amor
conquistando teu próximo.
Ensaie a caridade
amando o teu próximo.

Saíste em busca de ti
e muito encontraste
se atento estavas.
Muito aprendeste,
muito ganhaste.

E a ti?
Te encontraste?

Atenção, meu irmão, atenção!

Bolé



LÁGRIMAS 1

Lágrimas vertem
de um coração arrependido,
por tanto tempo perdido
sem realizar, sem aprender
nada.

Lágrimas vertem
de um coração magoado,
sofrido...
Tantas oportunidades
de crescimento
surgiram...
E ele recusou a todas.

Lágrimas vertem
de um coração,
antes endurecido
e hoje tão sofrido,
por ter-se recusado
a trabalhar,
a muitos ajudar,
quando as oportunidades
lhe foram oferecidas.

Lágrimas vertem,
ardentes,
queimando com o fogo
do arrependimento,
as mágoas escondidas.
Escondidas dos outros
porque de nós mesmos
não podemos ocultá-las.

Lágrimas correm,
escorrem
como fogo líquido,
fazendo lembrar
que "livre arbítrio"
é caminhar
sempre em frente.
Procurando, conseguindo,
trabalhando para
a si mesmo,
ajudar.

Lágrimas ardentes,
lágrimas freqüentes
em nossa vida,
às quais damos o nome
de arrependimento
quando, no nosso âmago,
o nosso próprio julgamento
é feito com parcimônia,
desculpas e auto perdão.

Vamos secar as lágrimas,
deixemos de dar vazão
aos nossos arrependimentos,
cheios de hipocrisia,
e comecemos a mudar
sem pensar em regalias,
sem cobranças
a Deus.

Deus é bondoso,
é misericordioso,
tem compaixão,
nos perdoa as falhas,
as criancices.
Mas chega um momento
em que deverá partir de nós
a vontade de crescer.

Crescer em bondade,
crescer em lealdade,
crescer em amizade.
Deixar de fazer-se
de desentendido,
de fingir que ainda
não compreende a vida,
e seguir em frente
com coragem e decisão.

Se as lágrimas vertem
do coração,
sequem-nas com a alegria,
absorvam-nas com o trabalho.
Coloquem de lado
a própria letargia
e sigam em frente,
firmes, confiantes,
com a fé e a esperança
guardadas dentro do peito
de que estão caminhando
em direção
à sua própria evolução.

Sequem as lágrimas,
surjam onde surgirem,
nas faces ou no coração.
E caminhem com força,
segurança e coragem
sempre e sempre amparados,
protegidos, abraçados,
socorridos
pelo seu anjo guardião
e abençoados por Deus.

Josué



FÉ E SERTÃO

Caem os pingos da chuva...
Molham o pó da estrada,
diminuindo a seca do sertão.

Caem as gotas da chuva...
E a terra seca, sedenta,
absorve com sofreguidão,
sem desperdiçar nada.

Semetes germinam,
flores eclodem,
árvores frutificam
para alimentar seres famintos,
esquálidos,
com a morte sempre por ali,
a rondar.

Caem as gotas de chuva...
A princípio são poucas,
mas a medida que o céu
vai escurecendo,
o povo sofrido
vai orando, agradecendo
pela bênção que Deus
está a lhe enviar.

E chuva chega farta...
Alivia a sede
e molha a plantação.
As crianças correm
debaixo da chuva,
rostos felizes,
línguas para fora,
recolhendo as bênçãos
de Deus.

Sertão árido, ressecado,
quase escondido,
perdido no nada...
Mas esse povo,
que muitos acham vencido,
caminha com força,
com fé, com coragem.
Com a certeza em todos os corações
de que Deus nunca os abandonará.
Que por mais sofridos
pela fome, pela sede,
pelas perdas que acontecem
em suas vidas,
Deus por eles está velando.
Que um lugar, dentro de Seu coração,
está reservando
para cada caboclo
que esta terra deixar.

E a chuva cai...
Torrencial…
Os mananciais vão-se
enchendo de água,
a tão necessária água
que precisará durar
até o término de uma nova
estiagem.

Mas os caboclos do sertão
continuam seguindo, firmes,
o curso da vida.
Sem esmorecer,
sem deixar de acreditar
que dias melhores virão.

E seguem o seu dia-a-dia
no trabalho na roça,
com a enxada nas mãos,
confiantes e cheios de fé
de que, no futuro,
os dias melhores serão.
Encontram-se todos unidos,
todos juntos,
agradecendo a vida dura,
a vida de lutas,
a vida de aprendizados
pela qual precisam passar,
para conseguir
uma pequena evolução.

Dentro da sua ignorância,
mas alertados pela sua fé,
estes caboclos possuem
a consciência
de que são e estão
abençoados por Deus.
E cheios de força
e coragem,
prosseguem o seu caminhar.

Aristides